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sexta-feira, 30 de maio de 2025

Gemma di Vergy-Chi mi accusa chi mi sgrida

 A ária “Chi mi accusa, chi mi sgrida” é,uma das páginas mais dramáticas e desafiadoras da ópera Gemma di Vergy de Donizetti.

  • Intérprete: Esta ária é cantada por Gemma, a protagonista, no Ato III da ópera. Ela é uma das peças centrais da obra, tanto pela dificuldade técnica como pela carga emocional.

  • Contexto dramático: Neste momento da trama, Gemma está num estado de desespero profundo. Ela foi traída pelo marido, que deseja repudiá-la para casar com outra, e se vê cercada por rumores e acusações. Esta ária é um verdadeiro grito de dor e revolta, no qual Gemma questiona quem a acusa e quem a julga, e lamenta sua posição humilhant

  • Esta ária é um ponto alto da ópera, onde a soprano dá tudo de si, tanto em termos técnicos quanto dramáticos.

  • Intérpretes lendárias como Montserrat Caballé (uma das grandes responsáveis pelo resgate desta obra) fizeram desta ária um verdadeiro cavalo de batalha, mostrando toda a expressividade possível.

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quarta-feira, 28 de maio de 2025

Flauta Mágica-Der Holle Rache

  • Essa ária é uma das mais famosas da história da ópera.

  • É cantada pela Rainha da Noite no segundo ato de A Flauta Mágica.

  • O título completo traduzido é algo como "A vingança do inferno ferve em meu coração".

    • A Rainha da Noite está furiosa porque sua filha, Pamina, se recusa a matar Sarastro, o sábio e líder do templo.

    • Nesse momento, a Rainha expressa sua ira e diz que se Pamina não obedecer, ela será deserdada e amaldiçoada para sempre.

    • A cena é de fúria extrema, e essa ária expressa essa raiva de forma intensa.

      A vingança do inferno ferve em meu coração

    • morte e desespero me envolvem!

    • Se por tua mão Sarastro não sofrer dores mortais,
      nunca mais serás minha filha.
      Serás deserdada para sempre,
      abandonada para sempre,
      despedaçados para sempre
      sejam todos os laços da natureza,
      se não fizeres Sarastro morrer!
      Ouçam, deuses da vingança, ouçam o juramento de uma mãe

  • ..

    Flauta Mágica-Abertura

    A Flauta Mágica (Die Zauberflöte) é uma das obras-primas de Wolfgang Amadeus Mozart

  • Composta por Wolfgang Amadeus Mozart (1756–1791), com libreto de Emanuel Schikaneder.

  • Estreou em 30 de setembro de 1791 em Viena 

    No decorrer da trama, descobrimos que Sarastro não é um vilão, mas um sábio que representa a luz e a razão, e que a Rainha da Noite representa as trevas e a ignorância.
    A ópera é cheia de simbolismos ligados à maçonaria, que era importante para Mozart e Schikaneder.
  • A história é uma fantasia alegórica e gira em torno do príncipe Tamino e do seu companheiro engraçado Papageno. Eles recebem a missão de resgatar a princesa Pamina, filha da Rainha da Noite, do suposto vilão Sarastro.
  • A música de Mozart em A Flauta Mágica é rica e diversificada, incluindo:

    • Arias virtuosas, como a famosa ária da Rainha da Noite (“Der Hölle Rache”), que exige coloratura extrema da soprano.

    • Melodias simples e populares, como as canções de Papageno, que são leves e cativantes.

    • Coroas majestosas e harmonias complexas, representando o templo de Sarastro e a ordem maçônica.

    • A presença de instrumentos simbólicos – especialmente a flauta mágica de Tamino e os sinos de Papageno, que têm poderes encantatórios.

    • Simbolismo e Temas

      • Luz vs. Trevas: O contraste entre Sarastro e a Rainha da Noite simboliza a razão contra a ignorância.

      • Iniciação e progresso moral: Tamino e Pamina passam por provas que simbolizam crescimento espiritual e moral.

      • Liberdade e igualdade: Temas caros à maçonaria e ao Iluminismo.

      • Humor e seriedade: Papageno traz comicidade, enquanto Tamino representa o herói nobre.


      Trechos famosos

      • Der Hölle Rache kocht in meinem Herzen” – ária da Rainha da Noite, cheia de fúria e virtuosismo.

      • Dies Bildnis ist bezaubernd schön” – a bela ária de Tamino ao ver o retrato de Pamina.

      • Ein Mädchen oder Weibchen” – canção de Papageno, leve e divertida.

      • Pa-Pa-Pa-Papageno!” – dueto engraçado entre Papageno e Papagena.

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    terça-feira, 27 de maio de 2025

    A Filha do Regimento-Ah mes amis quel jour de fete

    a ária “Ah! mes amis, quel jour de fête” da ópera La Fille du Régiment é um verdadeiro espetáculo vocal e uma das mais desafiadoras para tenores no repertório operístico! 🎶

    Esta ária ocorre no Ato I, quando Tonio, o jovem camponês apaixonado por Marie, expressa sua alegria e triunfo por ser aceito pelo regimento e, principalmente, por poder ficar junto de sua amada. É um momento de pura euforia e entusiasmo!

    A ária é famosa pelos nove dó agudos (dó5) que o tenor deve cantar. Esses high Cs são difíceis não só pela altura, mas porque aparecem em sequência e exigem grande resistência, controle e brilho vocal. Por isso, essa ária é um “cartão de visitas” para tenores com agudos fáceis e seguros.


    A melodia é leve e saltitante, com um caráter militar (refletindo o ambiente do regimento) e um toque cômico. O virtuosismo é equilibrado com uma musicalidade cativante e um brilho que faz o público vibrar.


    🎵 Frase marcante:
    "Ah! mes amis, quel jour de fête, je vais marcher sous vos drapeaux !"

    (“Ah! meus amigos, que dia de festa, vou marchar sob as vossas bandeiras!”)..Aqui canta o grande Alfredo  Kraus       

    segunda-feira, 26 de maio de 2025

    Fidélio-O welche Lust!

    "Fidelio" é a única ópera composta por Beethoven, estreada em 1805 e revisada várias vezes (as versões mais conhecidas são de 1806 e 1814). É uma ópera em dois atos, com libreto de Joseph Sonnleithner, depois revisado por Stephan von Breuning e Georg Friedrich Treitschke.

    🎭 Enredo
    A história é baseada na peça francesa "Léonore, ou L'amour conjugal" de Jean-Nicolas Bouilly, e conta a história de Leonore, que se disfarça de homem sob o nome de Fidelio para salvar seu marido, Florestan, preso injustamente por um tirano, o governador da prisão Pizarro. É uma ópera sobre o triunfo da justiça, do amor e da liberdade, muito alinhada com os ideais iluministas e revolucionários que Beethoven admirava.

    • É um hino à liberdade e à dignidade humana.

    • A música é profunda e poderosa, refletindo as ideias de Beethoven sobre justiça e humanidade.

    • Inclui o famoso Coro dos Prisioneiros ("O welche Lust!"), um dos momentos mais emocionantes da obra, em que os prisioneiros, libertos por um breve instante, cantam sobre a esperança e a liberdade.

    • Beethoven revisou a ópera várias vezes porque queria que ela transmitisse melhor a mensagem política e moral que tinha em mente.

    • A abertura mais conhecida é a Leonore nº 3, que Beethoven originalmente escreveu como abertura para a versão de 1806. É tão grandiosa que muitas vezes é tocada separadamente em concertos.

    • O final da ópera é um dos mais poderosos e triunfantes do repertório lírico, com um grandioso coro celebrando a vitória da justiça e do amor.

    Embora seja a única ópera de Beethoven, muitos a consideram uma espécie de "ópera de ideias", mais filosófica do que teatral, mas mesmo assim profundamente emocionante. Não tem o brilho cênico de um Mozart, mas tem uma força moral e musical inigualávei..

    quinta-feira, 22 de maio de 2025

    Faniska- Abertura

    Faniska, ópera em três atos de Luigi Cherubini, é uma obra menos conhecida do compositor italiano radicado na França, mas ainda assim relevante dentro do repertório operístico do início do século XIX. 


    Foi estreada em 1806 no Theater an der Wien, em Viena, com libreto em alemão de Joseph Sonnleithner, baseado na peça Les Mines de Pologne de René-Charles Guilbert de Pixérécourt.

    Cherubini escreveu Faniska numa época em que a ópera estava a transitar entre o Classicismo e o Romantismo. A obra apresenta uma influência clara de Beethoven — que, aliás, admirava Cherubini — e de Haydn, mas com uma orquestração mais dramática e densa, prenunciando o romantismo operístico alemão. A ópera é escrita no estilo rescue opera (ou "ópera de resgate"), um subgénero em que a heroína ou herói é libertado de um grande perigo — como ocorre também em Fidelio, de Beethoven, com quem Faniska tem semelhanças temáticas e estruturais.

    A história gira em torno de Faniska, uma mulher que é raptada por Zamoski, o governador tirânico de uma fortaleza polaca, e depois resgatada por seu marido Rasinski. O enredo envolve temas de amor conjugal, honra e liberdade, muito em linha com o espírito pós-revolucionário da época.

    A partitura apresenta momentos orquestrais vigorosos e cenas vocais exigentes. Cherubini mostra grande domínio do uso de instrumentos para criar tensão dramática — o que foi uma de suas marcas. Apesar disso, Faniska nunca alcançou o sucesso de Lodoïska, outra ópera de resgate do compositor, nem do impacto histórico de Fidelio, de Beethoven.

    Embora raramente encenada hoje, Faniska é uma peça importante para se compreender a evolução da ópera germânica e o papel de Cherubini como ponte entre Mozart e Beethoven de um lado, e Weber e Wagner do outro. A ópera também é notável pela sua estrutura dramática coesa e pelo desenvolvimento orquestral sofisticado.

    quarta-feira, 21 de maio de 2025

    Falstaff-Final

    Após uma série de troças e armadilhas preparadas contra Falstaff — que tenta cortejar duas mulheres casadas e acaba sendo ridicularizado repetidamente — todos os personagens se reúnem no parque de Windsor disfarçados, preparando um último embuste. Falstaff é levado a acreditar que está num encontro amoroso à meia-noite, mas logo é cercado por figuras fantasmagóricas e apavorado.

    Quando tudo é revelado, ele próprio ri de si mesmo, e todos os presentes riem juntos.A ópera termina com um dos momentos corais mais célebres de Verdi: uma fuga musical em estilo renascentista, onde todos os personagens cantam:

    “Tutto nel mondo è burla,
    L’uom è nato burlone.”

    (“Tudo no mundo é uma piada,
    O homem nasceu palhaço.”)

    Essa fuga é uma peça coral exuberante, polifônica e surpreendente — não apenas uma piada musical, mas uma reflexão profunda sobre a comédia da vida..

    FALSTAFF - Act 1, Scene 1

    A ópera "Falstaff" é uma obra-prima de Giuseppe Verdi, baseada em peças de William Shakespeare, especialmente As Alegres Comadres de Windsor (The Merry Wives of Windsor) e partes de Henrique IV. Estreou em 1893, no Teatro alla Scala, em Milão

    1. Última ópera de Verdi: Foi a despedida gloriosa do compositor, escrita aos 79 anos, coroando uma carreira dominada por tragédias (como La Traviata, Aida, Otello) com uma comédia leve e refinada.

    2. Musicalmente inovadora: Ao contrário das árias isoladas típicas da ópera italiana, Falstaff é contínua, fluente, quase sem "números" separados. A orquestra tem papel fundamental, quase comentando a ação como um personagem extra.

    3. Humor sofisticado: Não se trata de uma comédia burlesca, mas de uma sátira delicada sobre vaidade, amor e envelhecimento. Sir John Falstaff é ao mesmo tempo risível e melancólico, nobre e patético — um verdadeiro anti-herói shakespeariano.

    4. Final magistral: A ópera termina com o célebre fuga coral "Tutto nel mondo è burla" ("Tudo no mundo é uma piada"), em que todos os personagens cantam juntos que a vida é uma comédia — um fecho filosófico e espirituoso, à altura da inteligência de Shakespeare e da genialidade de Verdi.

      Falstaff, o personagem:

      • Um cavaleiro gordo, vaidoso, falido e sedutor fracassado.

      • Tenta conquistar duas mulheres casadas ao mesmo tempo (com cartas idênticas), mas é enganado por elas e humilhado repetidamente.

      • Apesar das desventuras, nunca perde o espírito, fazendo dele uma figura tragicômica e profundamente humana.

      • Falstaff não tem uma abertura no estilo clássico, como as longas aberturas instrumentais que Verdi usou em óperas como La Forza del Destino ou Nabucco. Em vez disso:

        • Começa diretamente com música orquestral enérgica, que já mergulha o ouvinte na cena do interior da taberna onde Falstaff está.

        • Esse início instrumental é muito curto e integrado à ação — é mais um "prelúdio teatral" do que uma abertura de concerto.

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    terça-feira, 20 de maio de 2025

    FRASQUITA-Schatz ich bitt dich komm heut

    Schatz, ich bitt’ dich, komm heut”, da opera Frasquita embora muitas vezes chamado de “dueto”, é na verdade cantado apenas por Armand em algumas versões. Em contextos encenados, pode haver resposta cênica de Frasquita (ou eco musical da orquestra que sugere diálogo), mas a linha vocal principal é do tenor

    Armand expressa desejo de encontro, implorando por um momento íntimo com Frasquita.

    Tudo está preparado

    Para um encontro
    À luz do candeeiro
    Quando o champanhe borbulha na taça
    E o cigarro brilha
    Sentes, ratinha,
    aqui canta Rudolf Schock

    Que estás em casa 

    FRASQUITA-Abertura

    Frasquita é uma ópera em três atos do compositor Franz Lehár, estreada em 1922, e embora não seja uma das obras mais conhecidas do autor — que é célebre por A Viúva Alegre — tem o seu charme dentro do repertório de opereta vienenseLehár compôs Frasquita numa fase mais madura da sua carreira, explorando melodias mais sofisticadas e influências da ópera italiana e do folclore espanhol.

    A história gira em torno de Frasquita, uma cantora cigana de espírito livre, e do seu amor com Armand, um homem nobre francês. O conflito principal prende-se com as barreiras sociais e culturais entre eles — um tema clássico na ópera e opereta. Há paixão, mal-entendidos, separações e reconciliações, culminando num final tipicamente feliz.

    • A partitura mistura o lirismo vienense com ritmos espanhóis (como fandangos e boleros), tentando criar um ambiente “exótico”.

    • A ária mais famosa é “Hör' ich Zigeunergeigen” (“Quando ouço os violinos ciganos”), um solo emotivo de Frasquita que tem sido cantado por sopranos de renome.

    • A música tem momentos de brilho, especialmente para soprano e tenor, mas também inclui danças e números de conjunto envolventes.

    • Apesar de não ter alcançado o sucesso estrondoso de outras obras de Lehár, Frasquita ainda é ocasionalmente encenada, sobretudo em casas de ópera da Europa Central.

    • É valorizada por sua riqueza melódica e o retrato sentimental de um amor proibido, muito ao gosto do romantismo tardio.

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    sexta-feira, 16 de maio de 2025

    Enrico di Borgogna-Mentre mi brilli intorno

    A ária “Mentre mi brilli intorno” é, originalmente, cantada por Enrico, o protagonista masculino da ópera Enrico di Borgogna. Logo, foi composta para voz masculina, mais especificamente para tenor.

    Enrico está prestes a assumir o trono que lhe pertence. Neste momento, ele contempla com emoção e firmeza o futuro que se abre diante dele, sentindo o apoio do povo e a esperança de reconstruir um reino justo. A ária é, ao mesmo tempo, um momento de gratidão, esperança e solenidade.

    Enquanto me brilhas ao redor,
    ó esperança do meu povo,
    minh’alma se eleva em paz,
    enfim livre do passado sombrio


    No entanto — e aqui entra um detalhe importante da tradição operística — nas primeiras montagens e também em algumas reinterpretações modernas, o papel de Enrico foi (ou pode ser) interpretado por uma voz feminina (geralmente mezzo-soprano ou soprano), o que é chamado de "travesti" ou "trouser role" (papel de calças).


    aqui canta Anna Bonitatibus 

    quinta-feira, 15 de maio de 2025

    Emma d'Antiochia-In quest'ora fatale e temuta

    ..A ária “In quest’ora fatale e temuta” é um dos momentos mais intensos e emocionalmente carregados da ópera Emma d’Antiochia de Saverio Mercadante. Situada no Ato III, esta cena marca o clímax dramático da protagonista, Emma, que decide pôr fim à sua vida após uma série de tragédias pessoais.

    Neste ponto da ópera, Emma enfrenta as consequências devastadoras de um passado amoroso com Ruggiero, agora seu enteado. Após uma série de revelações e conflitos, ela opta pelo suicídio como forma de expiação e libertação.


    Ãqui canta Nelly Miricioiu

    segunda-feira, 12 de maio de 2025

    Elisabetta Regina d'Inghilterra-Quant'è grato all'alma mia

    A ária “Quant’è grato all’alma mia” é a primeira grande cavatina da personagem Elisabetta (soprano) na ópera Elisabetta, regina d’Inghilterra, de Gioachino Rossini. É um momento de alegria serena e amorosa, que se destaca por seu lirismo elegante e por apresentar a rainha sob uma luz mais íntima e feminina — em contraste com a autoridade rígida que ela demonstra mais adiante na obra.

    • Ocorre no Ato I, quando Elisabetta recebe Leicester de volta à corte.

    • Ela está emocionada com o reencontro e confessa, de forma contida mas apaixonada, o seu afeto por ele — ainda que o amor entre eles esteja envolto em formalidades e tensões políticas.

    • É uma ária que revela o lado mais humano e vulnerável da rainha, antes de os conflitos da ópera se intensificarem.


    • Escrita em forma de cavatina, ou seja, uma ária de entrada com caráter lírico e introspectivo.

    • Exige da soprano um legato refinado, controle de linha melódica e sensibilidade emocional — sem exageros dramáticos.

    • ornamentos leves, típicos de Rossini, mas a ênfase está na elegância e dignidade do canto.

    Quant’è grato all’alma mia
    Il poter che regna in cor!
    Torna all’oggetto amato,
    L’anima mia fedel.

    (Tradução livre:
    Quão grato é à minha alma
    o poder que reina no coração!
    Volta ao objeto amado,
    minha alma fiel.
    )

    Aqui canta Lella Cuberli

     

    Elisabetta Regina d'Inghilterra- Della cieca fortuna


    Da operaElisabetta Regina d'Inghilterra-Della cieca fortuna de Rossini

    a ária pertence ao protagonista masculino, o Conde de Leicester, e ocorre num momento em que ele se vê injustamente acusado de traição e teme o castigo da rainha que ama..

  • Leicester está sob intensa pressão: dividido entre seu amor por Matilde e sua lealdade à rainha Elisabetta.

  • Ele se sente à mercê de um destino cego e cruel — daí o tema da ária.

  • É um momento de sofrimento masculino profundo, raramente visto com tanta introspeção nas óperas da época.

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    domingo, 11 de maio de 2025

    Electra-Final

    O final da ópera Elektra de Richard Strauss é um dos mais intensos, brutais e delirantes de toda a história da ópera 

    Após Orestes executar a vingança — mata Egisto e Clitemnestra, os assassinos de Agamemnon —, Elektra finalmente vê o seu propósito realizado. Mas em vez de alívio ou redenção, ela entra num estado de exaltação maníaca.

    Ela canta, dança, gira, grita. Está possuída. Diz:

    “Orest! Orest! Orest ist da!”
    "Orestes! Orestes! Orestes está aqui!"

    E mais adiante:

    “Ich tanze, ich tanze...!”
    "Eu danço, eu danço!"

    Enquanto isso, Crisótemis, sua irmã mais "normal", a chama, tenta trazê-la de volta à realidade — mas é tarde demais.

    Elektra começa uma dança frenética — um tipo de ritual extático. Essa dança não é mostrada literalmente no libreto como coreografia, mas sim como um símbolo da liberação e da destruição. A música acompanha esse surto com uma orquestração selvagem, pulsante, atonal e crescente.

    No auge desse transe, Elektra colapsa e morre — exaurida, consumida pelo seu próprio ódio e desejo de vingança. O libretista Hofmannsthal escreveu esse final como uma espécie de agonia transcendental: Elektra morre, mas com a sensação de missão cumprida.

    São de Crisótemis, que, aterrorizada, clama:

    “Elektra! Schwester! / Elektra!”
    “Elektra! Irmã! Elektra!”

    Mas não há resposta.,

    aqui cantam Elektra: Hildegarde Behrens

    Chrysothemis: Deborah Voigt     

    Electra-Allein! Weh Ganz Allein!

    A ópera Elektra (1909) de Richard Strauss é uma das obras mais intensas, viscerais e revolucionárias do repertório operístico do século XX. Com libreto de Hugo von Hofmannsthal, baseado na tragédia grega de Sófocles, a obra marca um ponto de viragem no expressionismo musical e na própria escrita operística de Strauss.

    • Elektra centra-se na figura de uma mulher obcecada pela vingança da morte de seu pai Agamemnon, assassinado por sua mãe Clitemnestra e o amante Egisto.

    • Ao contrário de outras versões mais equilibradas da tragédia, Strauss e Hofmannsthal exploram o lado psicológico extremo, quase neurótico, da protagonista.

    • A Elektra da ópera é uma figura atormentada, trágica e ao mesmo tempo poderosa, que carrega o drama inteiro nas costas. Há um peso psicológico comparável ao que viria mais tarde nas heroínas de Berg (Lulu, Wozzeck)

    • Personagens marcantes
    • Elektra: uma das mais exigentes personagens femininas da ópera, tanto vocal quanto dramaticamente.

    • Clitemnestra: retratada como decadente, paranoica e perturbada.

    • Crisótemis: contraponto a Elektra, representa o desejo de uma vida normal.

    • Orestes: mais reservado, mas simboliza a realização da vingança.lektra não tem uma abertura tradicional.

      A ópera começa abruptamente, com um ataque orquestral violento, um acorde dissonante e brutal — conhecido como o “acorde de Elektra” — que mergulha imediatamente o ouvinte no universo psicológico e tenso da protagonista. Em vez de uma introdução sinfónica que prepara o clima, Strauss opta por começar in medias res, como se o espectador já estivesse no meio de um pesadelo.

      Esse início direto e cortante é coerente com o expressionismo da obra: tudo é extremo, sem filtros, sem transições suaves. A música e o drama explodem juntos, e a personagem de Elektra entra em cena logo a seguir, quase gritando seu monólogo inicial (“Allein! Weh, ganz allein”).

      Sozinha! Ai, completamente sozinha.

      • Como um cadáver que foi enterrado vivo,
    • aqui jazigo e espero."



    • A partir daí, Elektra desenvolve:

      • A sensação de estar presa e morta em vida, ignorada por todos no palácio.

      • O peso da memória do pai, Agamemnon, cuja morte ela não consegue superar.

      • A imagem do pai é quase sagrada para ela: ela o invoca, o vê em visões, e sonha com o momento em que o vingará.

      • Ela repete rituais mentais, andando em círculos, falando sozinha, como se fosse um animal enjaulado.

      • alucinação, obsessão e desespero, mas também um tipo de força quase sobrenatural que sustenta sua missão de vingança.

    sábado, 10 de maio de 2025

    El Cid-Final

    final de "Le Cid" é muito interessante porque, diferentemente de muitas tragédias operísticas, não termina em morte ou desespero, mas sim com um triunfo heroico e uma reconciliação – ainda que cheia de tensões emocionais.

    Depois de liderar o exército castelhano e vencer os mouros na batalha, Rodrigue (El Cid) retorna como herói nacional. Sua coragem e vitória militar restauram sua honra diante do rei e do povo.

    • Chimène, ainda obrigada por seu dever filial, insiste publicamente que ele seja punido pela morte do pai dela.

    • Mas, no fundo, ela ainda o ama – sua exigência de justiça já não tem mais força emocional.

    • rei Fernando (Rei de Castela) intervém: elogia a bravura de Rodrigue e oferece a mão de Chimène como recompensa pelo heroísmo.

    • Chimène, emocionada e dividida, aceita o casamento, mas não sem demonstrar que sua felicidade está manchada pela dor passada.

    A ópera termina com uma nota de reconciliação e triunfo público, enquanto as multidões celebram Rodrigue como o grande defensor da Espanha.


    • aqui cantam Alagna e Uria Monzon

    El Cid-Suite orquestral

    • Estreada a 30 de novembro de 1885, na Ópera de Paris (Palais Garnier).

    • Baseia-se na peça "Le Cid" (1636) de Pierre Corneille, que por sua vez se inspira na figura histórica espanhola de Rodrigo Díaz de Vivar, o lendário herói espanhol conhecido como El Cid Campeador.

    • É uma ópera grand-opéra em 4 atos (às vezes apresentada em 5 atos), seguindo o estilo francês, com balés, coros grandiosos, cenas espetaculares e orquestração rica.

    • Massenet mistura exotismo espanhol com lirismo francês, resultando numa música cheia de cores ibéricas estilizadas (danças como Aragonaise, Castillane, Navarraise).

    • Tem áreas famosas e uma suíte de balé (muito tocada como peça orquestral independente).

    O enredo gira em torno do conflito entre o amor e o dever:

    • Rodrigue (El Cid) ama Chimène, mas acaba matando o pai dela num duelo para vingar a honra do seu próprio pai.

    • Chimène, dividida entre o amor por Rodrigue e o dever de pedir justiça pela morte do pai, exige que o rei castigue Rodrigue.

    • Enquanto isso, os mouros invadem Castela, e Rodrigue lidera o exército espanhol à vitória, tornando-se herói nacional.

    • No fim, Chimène perdoa Rodrigue, reconhecendo sua honra e heroísmo.

    É uma história de honra, amor, dever e reconciliação, típica do ideal cavaleiresco medieval.

    Momentos musicais destacados

    "Ô noble lame étincelante" – ária de Rodrigue (um momento heroico e bel canto masculino).
    A suíte de balé – com danças espanholas como a Aragonaise, Aubade, Catalane, Madrilène, Navarraise – muito famosa nos concertos sinfônicos.
    O dueto de Rodrigue e Chimène – carregado de emoção e dilemas morais.

    • Apesar do sucesso inicial, “Le Cid” não entrou de forma permanente no repertório operístico internacional, sendo mais conhecida pela sua suíte de balé.

    • Foi uma das últimas grandes produções de grand-opéra na tradição da Ópera de Paris.

    • Em tempos recentes, tem sido redescoberta e reavaliada, com produções modernas e gravações

    sexta-feira, 9 de maio de 2025

    Eduardo e Cristina-In que' soavi sguardo

    1. Contexto: ocorre no Ato II da ópera, num momento íntimo entre os amantes, quando reafirmam o amor e a esperança no meio das dificuldades que enfrentam.

      • É um dueto lírico e muito cantabile, típico de Rossini, com belíssimas linhas melódicas entrelaçadas entre soprano e tenor.

      • Apresenta frases delicadas, ornamentações graciosas, com um lirismo cheio de ternura, diferente da grandiosidade ou energia rítmica de outros momentos da ópera.

      • As vozes se alternam e depois se unem em harmonia, criando um efeito de diálogo amoroso e cumplicidade emocional.

      💭 Atmosfera: mais íntima, doce, quase um momento suspenso dentro da trama dramática — uma espécie de refúgio lírico para os dois protagonistas no meio do conflito maior da ópera.

    2. Na ópera, há uma longa tradição de papéis masculinos escritos para vozes femininas, conhecidos como “papéis de calças” (trouser roles, em inglês; ruoli en travesti, em italiano). Nestes papéis, uma cantora interpreta um personagem masculino, vestindo-se de homem em cena.

    3. 👉 Isso era comum no século XVIII e início do XIX, especialmente quando os castrati (cantores masculinos castrados para manter a voz aguda) deixaram de existir. Os papéis originalmente escritos para eles passaram a ser cantados por mezzos ou sopranos.

      Embora Rossini ainda escrevesse para castrati no início da sua carreira, no caso de Eduardo e Cristina o papel de Eduardo não foi pensado explicitamente para castrato, mas foi transmitido na prática vocal da época como adequado a uma voz aguda (tenor ou mezzo).

      aqui cantam 

      Cristina: Anastasia Bartoli Eduardo: Daniela Barcellona
    4.  

    quinta-feira, 8 de maio de 2025

    Edmea-È vano! È vano

    a ária “È vano, è vano” não é  cantada por Oberto, o tenor da ópera Edmea de Alfredo Catalani.

    • A ária “È vano, è vano” surge no Ato I.

    • É cantada por Oberto quando ele expressa a sua frustração e desespero ao ver-se incapaz de libertar Edmea do casamento forçado com Ulmo.

    • Oberto está desesperado porque ama Edmea profundamente, mas as circunstâncias (a autoridade do pai dela, o poder de Ulmo) o impedem de resgatá-l

    O título “È vano, è vano” (“É vão, é vão”) traduz o sentimento de inutilidade e derrota: por mais que Oberto lute ou sofra, os esforços parecem inúteis frente ao casamento forçado de Edmea. Ele canta com dor resignada, mas ainda esperançoso de encontrar uma saída.

    Este momento é um dos destaques vocais para o tenor na ópera, funcionando como declaração de amor desesperado e estabelecendo a sua nobreza de caráter perante a trama.

    sábado, 3 de maio de 2025

    Don Giovanni - Abertura

    Don Giovanni, de Wolfgang Amadeus Mozart, é uma das óperas mais extraordinárias e complexas do repertório. Estreou em 1787 em Praga e é classificada como uma dramma giocoso, misturando elementos cómicos e trágicos com maestria.

    O libreto, escrito por Lorenzo Da Ponte, baseia-se na lenda de Don Juan, o famoso conquistador e sedutor espanhol. A ópera acompanha Don Giovanni enquanto ele manipula, engana e destrói vidas em seu rastro de aventuras amorosas, até que finalmente enfrenta sua condenação sobrenatural.

    Don Giovanni, um nobre sedutor e libertino, mata o Comendador ao tentar seduzir sua filha, Donna Anna. Fugindo da vingança de Anna e seu noivo, Don Ottavio, Giovanni continua suas conquistas, enganando várias mulheres, incluindo Donna Elvira, que ele já havia abandonado. Seu criado, Leporello, é cúmplice relutante e divertido, mantendo uma lista de todas as conquistas do patrão.

    Ao longo da ópera, Don Giovanni continua a desafiar todos, inclusive zombando da estátua do Comendador morto. No final, a estátua ganha vida e confronta Don Giovanni, oferecendo-lhe uma última chance de arrependimento. Giovanni recusa e, como punição, é arrastado para o inferno, encerrando sua trajetória de excessos e desafio moral.

    Musicalmente, a obra é notável pelo equilíbrio entre a leveza cômica (com personagens como Leporello, o criado) e a intensidade dramática, especialmente nas cenas finais, como a famosa Cena do Comendador, quando Don Giovanni é arrastado para o inferno. Árias como "Là ci darem la mano", "Fin ch’han dal vino" e "Deh, vieni alla finestra" são exemplos do brilhantismo melódico e teatral de Mozart.

    Além da riqueza musical, Don Giovanni destaca-se pela sua profundidade psicológica: Don Giovanni não se arrepende nunca, desafiando até o fim as convenções morais e religiosas da sua época, o que continua a fascinar intérpretes e público.-

    sexta-feira, 2 de maio de 2025

    Don Carlos-Ella giammai m'amo

    “Ella giammai m’amò” é uma das árias mais profundas e célebres da ópera Don Carlos, cantada por Filipe II no Ato IV. Trata-se de um monólogo para baixo, um momento de rara introspecção e solidão num personagem que, até ali, parecia todo-poderoso.

    O resumo da ária é bastante comovente:

    • Solidão e desilusão amorosa:
      Filipe II, sozinho em seu gabinete, reflete sobre seu casamento com Elisabeth. Ele expressa sua profunda tristeza ao constatar que ela nunca o amou (“Ella giammai m’amò”). Apesar de ser o rei mais poderoso da Terra, Filipe sente-se completamente impotente diante do fato de não poder conquistar o amor verdadeiro de sua esposa.

    • Meditação sobre a morte:
      Filipe contempla a passagem do tempo e a inevitabilidade da morte, pensando que nem mesmo a coroa pode proteger alguém da solidão ou da mortalidade. Ele observa um caixão encomendado para si próprio, realçando o tom sombrio e existencial da cena.

    A ária é famosa não apenas pela beleza melódica, mas também pela dignidade e resignação com que Verdi pinta o personagem: apesar de ser um tirano em muitos aspectos, aqui Filipe surge extremamente humano, vulnerável e até comovente.

    Musicalmente, Verdi usa linhas largas e uma orquestração contida, para dar espaço ao baixo de expressar nuances profundas de sofrimento interior  

    aqui canta o grande inigualável Nicolai Ghiaurov

    Don Carlos-O don fatale

    A ária “O don fatale” é uma das peças mais impactantes da ópera Don Carlos, cantada pela Princesa de Éboli no Ato IV. É uma ária para mezzosoprano dramática e destaca-se tanto pela sua intensidade emocional quanto pelas exigências técnicas.

    No resumo, Éboli, que até então era uma personagem movida por ciúmes e ambições, tem um momento de auto-reconhecimento e arrependimento profundo. Ela percebe que seu “dom fatal”—sua beleza—foi a origem de todos os problemas e tragédias: traiu a amizade de Elisabeth, causou sofrimento a Don Carlos e comprometeu sua própria honra.

    A ária pode ser dividida em duas partes:

    1. Lamento e arrependimento:
      Éboli amaldiçoa sua própria beleza (“O don fatale e accorto / che la natura infuse...”), reconhecendo que foi a causa de sua ruína moral e da desgraça alheia.

    2. Determinação de expiação:
      Após esse lamento, a música ganha energia. Éboli promete redimir-se ajudando Don Carlos a escapar e anuncia sua decisão de se retirar para um convento (“Ma un dì, fra quegli angeli...”).

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    Don Carlos-Abertura

    Esta é uma das obras-primas absolutas de Giuseppe Verdi, estreada em 1867 na Opéra de Paris. 

    É baseada na peça de Friedrich Schiller e trata de temas profundos como amor proibido, opressão política e conflito entre dever e sentimento—tudo num pano de fundo histórico imponente: a Espanha da Inquisição e da corte de Filipe II.

    Existem duas grandes versões: a original em francês (Don Carlos) e a versão italiana (Don Carlo), com várias revisões e cortes feitos ao longo do tempo. As produções podem variar entre quatro e cinco atos, e há diferenças notáveis entre a versão de Paris e a italiana (1867 vs. 1884/1886). Muitas vezes, as casas de ópera criam versões híbridas, escolhendo os trechos que consideram mais eficazes dramaticamente.

    Baseia-se na história do príncipe espanhol Carlos e envolve personagens históricos como Filipe II e a Princesa de Éboli, embora seja bastante livre na interpretação dos fatos.

    Aqui vai um resumo das linhas principais:

    Ato I (na versão completa):
    Na floresta de Fontainebleau, o príncipe Don Carlos e Elisabeth de Valois se conhecem e se apaixonam. Eles estão prometidos um ao outro para selar a paz entre França e Espanha. No entanto, um golpe cruel do destino: para fortalecer a aliança, Elisabeth acaba casando-se não com Carlos, mas com o pai dele, Filipe II, rei da Espanha.

    Ato II:
    Em São Justo, Carlos ainda ama Elisabeth e sofre em silêncio. Seu amigo Rodrigo (Marquês de Posa), que defende a causa dos flamengos oprimidos, tenta desviar a atenção de Carlos para a luta política. Rodrigo e Carlos fazem um juramento de amizade e lealdade.

    Ato III:
    Na corte espanhola, a Princesa de Éboli também ama Carlos e descobre seu amor por Elisabeth, gerando ciúmes e intrigas. Durante o famoso auto-de-fé (execução pública de hereges), Carlos implora a Filipe II que alivie o sofrimento dos flamengos. O rei, furioso com a ousadia do filho, manda prendê-lo.

    Ato IV:
    Filipe II, sozinho, lamenta sua solidão e a falta de amor (na sua grande área “Ella giammai m’amò”). Ele busca conselho do Grande Inquisidor, que exige a morte de Carlos para manter a ordem. Elisabeth descobre o cativeiro de Carlos e ambos reafirmam sua dor e amor proibido. Éboli, arrependida, confessa sua traição a Elisabeth e decide expiar seus pecados retirando-se para um convento.

    Ato V:
    No mosteiro de São Justo, Carlos se despede de Elisabeth, decidido a lutar pelos flamengos. O rei e o Inquisidor chegam para prendê-lo novamente, mas, num momento quase sobrenatural, o fantasma (ou espírito) do imperador Carlos V aparece e intervém, encerrando a ópera num clima de mistério e transcendência.

    Don Carlos é monumental não só pela música, mas também porque mostra Verdi na sua maturidade, explorando a psicologia dos personagens e tecendo um drama que vai muito além das convenções operísticas tradicionais..

    quinta-feira, 1 de maio de 2025

    Dama de Oreleans-Adieu forets

    A ária “Adieu, forêts” (“Adeus, florestas”) é uma das partes mais conhecidas e tocantes da ópera A Dama de Orléans de Tchaikovsky.

    Ela aparece logo no primeiro ato, quando Joana d’Arc se despede de sua vida simples e pastoral para atender ao chamado divino que a convoca para a guerra. Nesse momento, ela expressa uma profunda tristeza e um senso de sacrifício, pois está deixando para trás tudo o que ama — especialmente a paz e a pureza da natureza que a cercava.

    Alguns pontos sobre essa ária:

    • Tom emocional: Extremamente lírica e melancólica, traduz a mistura de coragem e perda que Joana sente. É um dos momentos mais introspectivos e belos da ópera.

    • Orquestração: Acompanhamento delicado e expansivo, realçando a voz da soprano e criando uma atmosfera de saudade e pressentimento.

    • Texto (em tradução livre):

      Adeus, florestas, vales e campos, Minha pátria, adeus! O tempo da minha juventude passou, E agora eu sigo o chamado de Deus.

      Aqui canta Jessye Norman 

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    Dama de Oreleans-Introdução

    Dama de Orléans" (Орлеанская дева) é uma obra do compositor russo Piotr Ilitch Tchaikovsky, composta entre 1878 e 1879. Baseia-se na peça "Die Jungfrau von Orleans" de Friedrich Schiller, que dramatiza a vida de Joana d’Arc, a heroína francesa canonizada pela Igreja Católica.

    Aqui estão alguns pontos essenciais sobre essa ópera:

    • Enredo: A ópera segue a trajetória heroica e trágica de Joana d’Arc, desde seu chamado divino para liderar as tropas francesas contra os ingleses até sua prisão e execução. Tchaikovsky foca não apenas nos aspectos heroicos, mas também nas dúvidas internas, nos dilemas espirituais e na dimensão humana de Joana.

    • Estrutura: É dividida em 4 atos e 6 cenas. O libreto foi escrito pelo próprio Tchaikovsky, e a música combina lirismo intenso com momentos grandiosos, típicos do romantismo russo.

    • Estilo: Embora Tchaikovsky seja conhecido por suas óperas mais populares como Eugene Onegin e A Dama de EspadasA Dama de Orléans apresenta um estilo mais francês em alguns momentos (como homenagem à ambientação), mas com aquele pathos emocional bem característico dele.

    • Recepção: A estreia aconteceu em São Petersburgo em 1881. Apesar de ter sido bem recebida inicialmente, essa ópera nunca alcançou a mesma popularidade de outras obras de Tchaikovsky e é considerada hoje uma joia menos conhecida do seu catálogo operístico.

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