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domingo, 11 de maio de 2025

Electra-Allein! Weh Ganz Allein!

A ópera Elektra (1909) de Richard Strauss é uma das obras mais intensas, viscerais e revolucionárias do repertório operístico do século XX. Com libreto de Hugo von Hofmannsthal, baseado na tragédia grega de Sófocles, a obra marca um ponto de viragem no expressionismo musical e na própria escrita operística de Strauss.

  • Elektra centra-se na figura de uma mulher obcecada pela vingança da morte de seu pai Agamemnon, assassinado por sua mãe Clitemnestra e o amante Egisto.

  • Ao contrário de outras versões mais equilibradas da tragédia, Strauss e Hofmannsthal exploram o lado psicológico extremo, quase neurótico, da protagonista.

  • A Elektra da ópera é uma figura atormentada, trágica e ao mesmo tempo poderosa, que carrega o drama inteiro nas costas. Há um peso psicológico comparável ao que viria mais tarde nas heroínas de Berg (Lulu, Wozzeck)

  • Personagens marcantes
  • Elektra: uma das mais exigentes personagens femininas da ópera, tanto vocal quanto dramaticamente.

  • Clitemnestra: retratada como decadente, paranoica e perturbada.

  • Crisótemis: contraponto a Elektra, representa o desejo de uma vida normal.

  • Orestes: mais reservado, mas simboliza a realização da vingança.lektra não tem uma abertura tradicional.

    A ópera começa abruptamente, com um ataque orquestral violento, um acorde dissonante e brutal — conhecido como o “acorde de Elektra” — que mergulha imediatamente o ouvinte no universo psicológico e tenso da protagonista. Em vez de uma introdução sinfónica que prepara o clima, Strauss opta por começar in medias res, como se o espectador já estivesse no meio de um pesadelo.

    Esse início direto e cortante é coerente com o expressionismo da obra: tudo é extremo, sem filtros, sem transições suaves. A música e o drama explodem juntos, e a personagem de Elektra entra em cena logo a seguir, quase gritando seu monólogo inicial (“Allein! Weh, ganz allein”).

    Sozinha! Ai, completamente sozinha.

    • Como um cadáver que foi enterrado vivo,
  • aqui jazigo e espero."



  • A partir daí, Elektra desenvolve:

    • A sensação de estar presa e morta em vida, ignorada por todos no palácio.

    • O peso da memória do pai, Agamemnon, cuja morte ela não consegue superar.

    • A imagem do pai é quase sagrada para ela: ela o invoca, o vê em visões, e sonha com o momento em que o vingará.

    • Ela repete rituais mentais, andando em círculos, falando sozinha, como se fosse um animal enjaulado.

    • alucinação, obsessão e desespero, mas também um tipo de força quase sobrenatural que sustenta sua missão de vingança.

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