Esta é uma das obras-primas absolutas de Giuseppe Verdi, estreada em 1867 na Opéra de Paris.
É baseada na peça de Friedrich Schiller e trata de temas profundos como amor proibido, opressão política e conflito entre dever e sentimento—tudo num pano de fundo histórico imponente: a Espanha da Inquisição e da corte de Filipe II.
Existem duas grandes versões: a original em francês (Don Carlos) e a versão italiana (Don Carlo), com várias revisões e cortes feitos ao longo do tempo. As produções podem variar entre quatro e cinco atos, e há diferenças notáveis entre a versão de Paris e a italiana (1867 vs. 1884/1886). Muitas vezes, as casas de ópera criam versões híbridas, escolhendo os trechos que consideram mais eficazes dramaticamente.
Baseia-se na história do príncipe espanhol Carlos e envolve personagens históricos como Filipe II e a Princesa de Éboli, embora seja bastante livre na interpretação dos fatos.
Aqui vai um resumo das linhas principais:
Ato I (na versão completa):
Na floresta de Fontainebleau, o príncipe Don Carlos e Elisabeth de Valois se conhecem e se apaixonam. Eles estão prometidos um ao outro para selar a paz entre França e Espanha. No entanto, um golpe cruel do destino: para fortalecer a aliança, Elisabeth acaba casando-se não com Carlos, mas com o pai dele, Filipe II, rei da Espanha.
Ato II:
Em São Justo, Carlos ainda ama Elisabeth e sofre em silêncio. Seu amigo Rodrigo (Marquês de Posa), que defende a causa dos flamengos oprimidos, tenta desviar a atenção de Carlos para a luta política. Rodrigo e Carlos fazem um juramento de amizade e lealdade.
Ato III:
Na corte espanhola, a Princesa de Éboli também ama Carlos e descobre seu amor por Elisabeth, gerando ciúmes e intrigas. Durante o famoso auto-de-fé (execução pública de hereges), Carlos implora a Filipe II que alivie o sofrimento dos flamengos. O rei, furioso com a ousadia do filho, manda prendê-lo.
Ato IV:
Filipe II, sozinho, lamenta sua solidão e a falta de amor (na sua grande área “Ella giammai m’amò”). Ele busca conselho do Grande Inquisidor, que exige a morte de Carlos para manter a ordem. Elisabeth descobre o cativeiro de Carlos e ambos reafirmam sua dor e amor proibido. Éboli, arrependida, confessa sua traição a Elisabeth e decide expiar seus pecados retirando-se para um convento.
Ato V:
No mosteiro de São Justo, Carlos se despede de Elisabeth, decidido a lutar pelos flamengos. O rei e o Inquisidor chegam para prendê-lo novamente, mas, num momento quase sobrenatural, o fantasma (ou espírito) do imperador Carlos V aparece e intervém, encerrando a ópera num clima de mistério e transcendência.
Don Carlos é monumental não só pela música, mas também porque mostra Verdi na sua maturidade, explorando a psicologia dos personagens e tecendo um drama que vai muito além das convenções operísticas tradicionais..
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