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Sacristão entra na igreja resmungando:
“Un tal baccano in chiesa!”
(“Um tal barulho na igreja!”)
Reclama da confusão que já começa a reinar na igreja, nada compatível com o lugar sagrado.Ele age como um regente improvisado, tentando pôr ordem no caos.
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chega Scarpia, chefe de polícia.
Ele instiga Tosca contra Mario, atiçando o seu ciúme, e quando ela sai desconfiada, Scarpia fica sozinho, triunfante com sua manipulação.
.dentro da Igreja de Sant’Andrea della Valle, em que o Sacristão entra em cena. Ele fala (num recitativo bem vivo, quase falado-cantado, com caráter cômico):
👉 “Tutta qui la cantoria!” – ou seja, “Está toda aqui a cantoria!”
É uma exclamação, quando o sacristão comenta sobre os preparativos, a música e os ensaios dos coristas para o grande Te Deum.
A cena “È buona la mia Tosca” aparece no Ato I, quando Mario Cavaradossi fala, após Tosca sair, com Angelotti, que vem em busca de ajuda ou esconderijo.
No texto Cavaradossi primeiro comenta que Tosca “é boa” e que ela confia no confessor, não escondendo nada — por isso ele, por prudência, mantem silêncio. A seguir, ele e Angelotti discutem planos para a fuga / esconderijo, com Cavaradossi oferecendo ajuda e estratégias para escaparem de Roma
Embora seja frequentemente referida como “dueto” (dueto entre Cavaradossi e Angelotti), parte do trecho é monólogo / voz de Cavaradossi até Angelotti reagir (“Siam soli?”). Ou seja, nem é um dueto pleno todo o tempo.
É uma cena de transição, não tão “vir tu a aria absoluta”, mas essencial para o drama: revela intenções, mostra conflito, gera tensão narrativa.
“Ora stammi a sentir” é um dueto para soprano e tenor, entre Tosca e Cavaradossi no Ato I da ópera Tosca.
Função dramática
Este dueto é a primeira grande declaração amorosa entre Tosca e Cavaradossi.
Musicalmente, Puccini alterna linhas delicadas, quase faladas (quando Tosca planeia a noite juntos) com frases largas e líricas que crescem até uma paixão ardente.
É aqui que se estabelece o vínculo profundo entre eles, que sustentará toda a tragédia posterior.
👉 Em resumo: Tosca faz planos simples e felizes (estar com Mario, sozinhos), enquanto Cavaradossi responde com devoção absoluta. É um momento de ternura íntima, colocado por Puccini antes do turbilhão de perseguição política e ciúmes que virá.
The Mountain Sylph é uma ópera em dois atos de John Barnett com libreto de Thomas James Thackeray, depois de Trilby, ou le lutin d'Argail de Charles Nodier .
Foi produzido pela primeira vez em Londres no Lyceum Theatre em 1834 com grande sucesso.
Enredo
A história se inspira no mito romântico das sílfides (espíritos do ar), que também aparece no balé La Sylphide (1832).
O enredo gira em torno de Donald, um jovem camponês escocês que, na véspera do casamento, apaixona-se por uma sílfide das montanhas.
Ele rompe com sua noiva mortal e tenta viver esse amor sobrenatural, mas a união acaba em tragédia, como é típico do romantismo: a sílfide morre, deixando Donald arrasado.
Música
A partitura mistura influências de Weber (Der Freischütz) e Meyerbeer, com harmonias românticas e coros atmosféricos.
Tem números de grande efeito, como o coro das sílfides e as árias da protagonista etérea.
Barnett procurou dar um caráter britânico à obra, incorporando cores locais e um certo tom folclórico.
Recepção
No seu tempo, foi um sucesso e permaneceu em repertório por algumas décadas.
Hoje é pouco encenada, mas é lembrada como um marco da ópera romântica inglesa, abrindo caminho para compositores como Balfe (The Bohemian Girl, 1843) e, mais tarde, Sullivan.
👉 Em resumo: The Mountain Sylph é uma obra pioneira — pode não ter a mesma imortalidade de La Sylphide ou de Weber, mas marca um momento em que a ópera em inglês tentava se afirmar contra o domínio estrangeiro.
A ária “Di tanti palpiti”, do Tancredi de Rossini, é uma das mais célebres do repertório belcantista e ganhou enorme popularidade logo após a estreia da ópera em 1813. Vou destacar o essencial:
Contexto na ópera:
Surge no Ato I. Tancredi, exilado mas ainda fiel à sua amada Amenaide, regressa disfarçado e canta esta ária como expressão de esperança e amor. Ele sonha reencontrar-se com ela e com a felicidade perdida.
Caráter musical:
É uma cavatina (a parte inicial de uma ária, de caráter lírico e sereno, antes de uma cabaletta mais animada).
A melodia é simples, clara, de ternura imediata.
O ritmo é quase balançado como uma barcarola, transmitindo leveza e doçura.
Rossini usou aqui um estilo de canto que parece uma canção íntima, contrastando com os fogos de artifício vocais que muitas vezes associamos a ele.
Tornou-se tão popular que chegou a ser chamada de “a aria dei gondolieri”, porque em pouco tempo era assobiada e cantada em Veneza como se fosse uma canção popular.
Tessitura e técnica:
Escrita para um contralto ou mezzo-soprano en travesti (Tancredi é um papel masculino cantado por voz feminina), exige:
Legato impecável.
Linha vocal fluida, sem exagero virtuosístico.
Capacidade de sustentar o lirismo com uma cor cálida e expressiva.
Importância:
Representa um Rossini diferente: não o das corridas e crescendos brilhantes, mas o do canto íntimo, amoroso, quase pastoral. Mostra como ele já dominava a arte de “parar a ação” da ópera para mergulhar na pura emoção.
A ária “Senza mamma” é o coração dilacerante de Suor Angelica (Puccini). Ela surge após a revelação da tia-princesa de que o filho de Angelica morreu há dois anos, sem que a mãe pudesse sequer vê-lo, beijá-lo ou embalá-lo. É nesse momento que Puccini concentra toda a dor da maternidade frustrada.
Alguns pontos essenciais:
Texto e expressão:
Angelica canta diretamente ao filho morto, num lamento íntimo e cheio de ternura. A repetição de “senza mamma” (“sem mamã”) reforça a ferida aberta de não ter estado presente nos primeiros instantes da vida da criança.
Música:
A linha vocal é lírica, expansiva, mas contida na orquestração, deixando a soprano em evidência. O andamento lento e as harmonias sustentadas criam uma atmosfera de oração triste, quase um ninar invertido — um canto de mãe para um filho que já não está.
O fraseado é longo, pedindo fôlego e controle expressivo.
A melodia tem uma doçura dolorida, que evita dramatismos excessivos: é o luto transformado em música pura.
Função dramática:
Esta ária não é só um desabafo: é o ponto em que Angelica decide que a vida perdeu o sentido sem o filho. Daqui nasce a resolução de tomar o veneno, preparando o desfecho transcendental da ópera.
Impacto interpretativo:
É uma das páginas mais exigentes para soprano, não apenas pela tessitura lírica-dramática, mas pelo peso emocional. Uma grande intérprete precisa equilibrar técnica e verdade interior: mais que cantar, é necessário viver a dor de Angelica.
Muitos consideram “Senza mamma” uma das mais pungentes árias do repertório italiano porque une simplicidade melódica e devastação emocional — como se Puccini tivesse transformado um choro contido em música eterna..
Suor Angelica, de Giacomo Puccini, é uma das três óperas que compõem o Trittico (junto com Il Tabarro e Gianni Schicchi), estreadas em 1918 no Metropolitan de Nova Iorque.
É uma obra curta, em apenas um ato, mas de uma força emocional imensa. Diferente das outras duas peças do tríptico, que exploram o verismo em dimensões mais trágicas ou cômicas, Suor Angelica é um drama intimista, espiritual e devastador.
Aqui estão alguns pontos essenciais:
Enredo:
Ambientada num convento, a história acompanha Soror Angélica, que foi forçada pela família a viver enclausurada após ter tido um filho ilegítimo. A vida monástica é mostrada através de pequenas cenas com as outras freiras, mas a narrativa ganha peso quando a princesa, tia de Angelica, a visita. Ela revela que o filho da freira morreu há dois anos. Esse choque leva Angelica ao desespero.
Clímax e desfecho:
Numa cena de dor extrema, Angelica prepara uma poção para pôr fim à própria vida, esperando assim reunir-se ao filho no céu. No entanto, ao tomar o veneno, percebe o pecado que cometeu. Em desespero, pede perdão à Virgem Maria. A ópera termina com uma aparição visionária: a Virgem surge, trazendo o filho nos braços, e Angelica morre com a visão da redenção.
Música:
A partitura é carregada de lirismo e religiosidade. Puccini utiliza harmonias suaves, coros etéreos e orquestração delicada para retratar a vida conventual. O grande momento da protagonista é a ária “Senza mamma”, onde ela canta ao filho morto, numa das páginas mais pungentes de todo o repertório operístico.
Temática:
Trata de culpa, redenção, maternidade e fé. É talvez a mais pessoal e espiritual das óperas de Puccini, e também a que mais exige uma soprano lírica-dramática capaz de transmitir intensidade emocional e pureza vocal.
👉 Muitos críticos veem Suor Angelica como uma joia discreta: menos encenada do que Gianni Schicchi, mas profundamente tocante para quem se deixa levar pela atmosfera devocional e pela dor de uma mãe.
--A ópera La Sonnambula (A Sonâmbula) é uma das obras-primas do bel canto italiano, composta por Vincenzo Bellini e estreada em 1831, no Teatro Carcano, em Milão.
Alguns pontos de destaque:
Género: é uma ópera semiseria em dois atos, ou seja, mistura leveza e lirismo pastoral com situações de tensão dramática.
Enredo: a história decorre numa aldeia suíça. Amina, jovem noiva de Elvino, sofre de sonambulismo. Durante uma crise, é encontrada a dormir no quarto do conde Rodolfo. A aldeia pensa que ela o traiu, e Elvino rompe o noivado. No final, Amina é vista a caminhar sonâmbula sobre uma ponte perigosa, revelando a sua inocência.
Música: Bellini é mestre em longas linhas melódicas de grande pureza e emoção. As árias de Amina — como "Ah! non credea mirarti" (delicada e nostálgica) e "Ah! non giunge uman pensiero" (brilhante cabaletta final) — são exemplos sublimes de canto belcantista.
Caráter: ao contrário de óperas mais trágicas (como Norma), La Sonnambula tem um desfecho feliz, transmitindo uma atmosfera bucólica e lírica.
Intérpretes: grandes sopranos da história a marcaram, como Maria Callas, Joan Sutherland e, mais recentemente, Natalie Dessay.
Em resumo: é uma ópera que exige grande virtuosismo vocal e expressão lírica, mas que encanta também pela simplicidade da história e pelo lirismo de Bellini.
A cavatina que Anja Harteros aqui canta, é do primeiro acto da ópera Simão Bocanegra, interpretando o papel de Amélia, filha ilegítima de Simão.
Amélia recorda a sua infância, recordando uma anciã que vivia numa pequena cabana e ela promete nunca deixar que a vida faustosa no palácio a façam esquecer esse seu passado humilde.
Como na hora escura
Sorrindo o mar cintila!
E a lua se mistura
Com luz tão juvenil…
Parece um doce enlace
De dois fiéis corações.
Mas que me trazem astros,
O mar, na mente aflita
Da órfã tão sem paz?...
A noite fria e escura
Quando a piedosa, ao fim,
Gritou: “do céu virá a luz!”
Ó nobre lar altivo,
De estirpe ainda mais nobre,
O teto pobre e simples
Não esqueci por ti…
Só na tua pompa austera
O amor me sorri enfim.
Já surge o dia…
O céu se faz de prata, mas o canto
Do meu amor não vem…
Ele me enxuga o pranto a cada aurora
Como o orvalho aos botões.
.. A ópera Semiramide é uma grande obra do compositor Gioachino Rossini, com libreto em italiano escrito por Gaetano Rossi. Foi estreada em 1823 no Teatro La Fenice, em Veneza.
Gênero e estilo: É uma ópera séria (opera seria) em dois atos, baseada na tragédia clássica e repleta de elementos de grandiosidade e formalidade típicos do estilo tardio de Rossini.
Enredo: A história é inspirada na lenda da rainha Semíramis da Babilônia. Ela governa o império, mas vive atormentada por segredos: conspirou no assassinato do marido, o rei Nino, e enfrenta profecias sobre sua queda. O drama cresce quando descobre que Arsace, jovem herói que ama, é na verdade seu filho perdido — culminando em tragédia.
Música: É considerada uma das obras mais exigentes do repertório bel-canto, com grandes árias de coloratura e extensos conjuntos vocais. A abertura (sinfonia) é muito conhecida e frequentemente executada em concertos.
Importância: Marca o fim da carreira de Rossini na ópera italiana (depois ele passou a escrever principalmente para Paris). Embora tenha caído no esquecimento por um tempo, foi redescoberta no século XX e hoje é admirada pela sua riqueza orquestral e vocal.
A abertura da ópera Semiramide é uma das mais célebres composições orquestrais de Gioachino Rossini — brilhante, majestosa e cheia de contrastes dinâmicos, é frequentemente tocada em concertos sinfônicos independentemente da ópera.
Aqui estão os pontos-chave sobre ela:
🎼 Estrutura formal
Segue o modelo clássico das aberturas de Rossini:
Introdução lenta — solene e misteriosa, estabelecendo uma atmosfera régia e pressentimento trágico.
Andamento rápido (allegro) — cheio de energia e brilho, com temas contrastantes que alternam entre passagens líricas e fanfarras heroicas.
Crescendos rossinianos — sequências em que a orquestra repete um motivo aumentando progressivamente o volume e a intensidade, criando enorme tensão e efeito teatral.
Orquestração
Rica e detalhada, usa toda a paleta da orquestra da época — com destaque para madeiras e metais em diálogos vivos, cordas ágeis e brilhantes, e percussão pontuando os clímax.
Função dramática
Embora não use temas diretamente da ópera (como era costume em Rossini), antecipa a grandiosidade e o caráter épico da tragédia que se seguirá, preparando emocionalmente o público para o drama de Semíramis.
Recepção
Tornou-se peça de repertório próprio em salas de concerto, muitas vezes gravada por orquestras sinfônicas mesmo fora do contexto operístico, e é considerada uma das aberturas mais impressionantes de todo o repertório rossiniano.
. Rusalka é uma ópera em três atos composta por Antonín Dvořák em 1900, com libreto em tcheco de Jaroslav Kvapil. É uma das obras mais conhecidas e queridas do repertório lírico tcheco — e a mais famosa das óperas de Dvořák.
Enredo resumido
Baseada em contos de fadas e lendas eslavas sobre espíritos aquáticos (rusalkas).
Rusalka, uma ninfa da água, apaixona-se por um príncipe humano.
Para viver no mundo dos homens, pede ajuda à bruxa Ježibaba, que lhe dá pernas humanas mas a condena ao silêncio.
O príncipe se encanta por ela, mas depois a abandona para casar com uma princesa estrangeira.
Rusalka é amaldiçoada: torna-se um espírito da morte que mata os homens com um beijo.
No fim, o príncipe retorna arrependido, beija Rusalka e morre — ela volta às águas para sempre, condenada à solidão.
Características musicais
Escrita em estilo tardo-romântico, com orquestração rica, colorida e cheia de atmosfera.
Equilibra lirismo melódico e momentos sombrios, refletindo a tensão entre os dois mundos (aquático e humano).
Muito conhecida pela ária de Rusalka “Canção à Lua” (“Měsíčku na nebi hlubokém”), um dos trechos mais belos e populares do repertório de soprano lírico.
Usa motivos temáticos recorrentes para representar personagens e sentimentos, como se fosse uma “ópera de contos de fadas” com linguagem sinfônica.
Importância
É considerada o ápice da produção operística de Dvořák.
Tornou-se presença constante em teatros do mundo todo, sendo hoje a ópera tcheca mais encenada internacionalmente.
Também é valorizada por combinar a tradição folclórica eslava com a técnica e sonoridade da ópera romântica europeia.
Baseada em: a peça Romeu e Julieta de William Shakespeare
Características marcantes
É conhecida por suas belas árias líricas, como a ária de Julieta “Je veux vivre” e os intensos duetos de amor entre os protagonistas.
Tem cinco atos, que seguem de perto o enredo da peça shakespeariana, mas com algumas adaptações dramáticas para o palco operístico (por exemplo, a presença de quatro grandes duetos de amor, um para cada encontro do casal).
A música de Gounod é romântica e melódica, privilegiando a expressão das emoções apaixonadas e trágicas.
Ao contrário de muitas adaptações, Gounod dedica grande destaque a Julieta, dando-lhe um papel vocal brilhante e exigente.
Importância
Tornou-se uma das óperas francesas mais populares do século XIX, especialmente por seu lirismo e beleza orquestral.
Ainda hoje é apresentada regularmente nos principais teatros de ópera do mundo.
Prólogo
O coro apresenta o cenário: duas famílias rivais, Montéquio e Capuleto, estão em guerra, e dois jovens de cada lado se apaixonarão tragicamente.
⚔️ Acto I — O baile dos Capuletos
Na casa dos Capuletos, acontece um grande baile.
Julieta aparece e canta a famosa ária «Je veux vivre», sonhando com uma vida livre e alegre.
Romeu, disfarçado, entra com amigos para espiar o baile.
Quando Romeu e Julieta se veem, apaixonam-se à primeira vista, sem saber que pertencem a famílias inimigas.
Mais tarde, eles descobrem a identidade um do outro, mas o amor já nasceu.
Acto II — A cena da varanda
Romeu vai ao jardim dos Capuletos para ver Julieta.
Os dois cantam um dos duetos de amor mais belos da ópera.
Decidem casar-se em segredo no dia seguinte.
Acto III — O casamento secreto e o duelo
Com ajuda de Frei Laurent, eles se casam secretamente.
Depois, ocorre um duelo: Mercúcio (amigo de Romeu) é morto por Tebaldo (primo de Julieta).
Romeu vinga o amigo e mata Tebaldo, sendo condenado ao exílio.
Acto IV — A poção do sono
Julieta está desesperada porque seus pais querem casá-la com outro homem.
Frei Laurent lhe dá uma poção que a fará parecer morta.
Ela canta uma grande ária dramática antes de beber a poção.
Julieta cai desacordada, e todos pensam que morreu.
Acto V — A morte dos amantes
Romeu, sem saber do plano, chega ao túmulo de Julieta e acredita que ela está morta de verdade.
Ele toma veneno.
Julieta acorda, e os dois têm um último dueto de despedida.
..Rinaldo é uma ópera barroca em três atos composta por George Frideric Handel (ou Georg Friedrich Händel, em alemão), com libreto em italiano de Giacomo Rossi baseado num esboço de Aaron Hill. É uma das primeiras e mais célebres óperas do jovem Händel.
Contexto Histórico
Estreou em 1711 no Queen's Theatre, Haymarket, em Londres.
Foi a primeira ópera italiana composta especialmente para Londres — e marcou o início da carreira de sucesso de Händel na Inglaterra.
A história é inspirada no poema épico Gerusalemme Liberata (1581) de Torquato Tasso, que trata da Primeira Cruzada.
Enredo Resumido
A ação mistura fantasia, heroísmo e romance:
Rinaldo, cavaleiro cristão, ama Almirena, filha do comandante Goffredo.
A feiticeira Armida, aliada dos sarracenos e apaixonada por Rinaldo, rapta Almirena.
Rinaldo enfrenta tentações mágicas, monstros e batalhas para resgatá-la.
No fim, Armida renuncia ao mal, os sarracenos são derrotados e os amantes se unem.
Música e Estilo
Rica em áreas da capo (forma típica da ópera barroca) com ornamentações vocais virtuosas.
A orquestração é colorida e imaginativa, com uso marcante de trompetes, oboés e cordas.
Inclui algumas das árias mais famosas de Händel, como:
“Lascia ch’io pianga” (cantada por Almirena) — de lirismo comovente
“Venti, turbini” (cantada por Rinaldo) — cheia de bravura e energia
Importância
Foi um enorme sucesso na estreia e solidificou a reputação de Händel em Londres.
Caiu no esquecimento no século XIX, mas foi revivida no século XX e hoje é presença frequente nos festivais de ópera barroca.
Destaca-se como um exemplo paradigmático da ópera barroca italiana em estilo heroico, com mistura de drama e espetáculo visual (a produção original tinha elaborados efeitos de palco e maquinaria cênica).
A romança “Ô Richard, ô mon roi, l’univers t’abandonne” é, sem dúvida, o número mais célebre da ópera Richard Cœur de Lion (1784) de André Grétry. Ela foi composta para o personagem Blondel, trovador e fiel companheiro do rei Ricardo, e tornou-se rapidamente muito mais do que apenas um momento musical dentro da ópera.
Contexto dramático
Na ópera, Ricardo Coração de Leão encontra-se preso num castelo austríaco após regressar da Terceira Cruzada. Blondel, em busca do rei, expressa sua fidelidade e devoção inabaláveis através desta romança. O canto revela o afeto e a lealdade pessoal que sustentam o herói mesmo em face do abandono político.
Texto e significado
A letra começa com:
Ô Richard, ô mon roi, l’univers t’abandonne,
Sur la terre il n’est plus que moi qui t’aime encore.
👉 A mensagem é clara: mesmo que o mundo tenha voltado as costas ao rei, Blondel permanece como o único amigo e aliado. É um hino de lealdade, amizade e devoção pessoal.
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Recepção histórica
Sucesso imediato: a romança se espalhou rapidamente por salões e concertos na Paris pré-revolucionária.
Caráter político: durante a Revolução Francesa, monarquistas a cantavam como expressão de fidelidade a Luís XVI, equiparando-o ao “rei abandonado” da ópera. Tornou-se praticamente um hino realista, e por isso foi proibida em assembleias revolucionárias.
Influência posterior: o tema da canção era tão conhecido que Beethoven o utilizou em sua obra “Variationen über ein französisches Lied” WoO 79 (1792/1793), quando estava em Viena.
A ária “Vesti la giubba” (“Veste a túnica”) é, sem dúvida, o momento mais célebre da ópera Pagliacci de Ruggero Leoncavallo, e uma das árias mais famosas de todo o repertório operístico.
Contexto Dramático
Surge no final do Ato I.
O protagonista Canio, chefe da companhia de comediantes, descobre a traição de sua esposa Nedda, mas não consegue revelar ao público nem adiar o espetáculo.
Ele deve subir ao palco para representar o palhaço cómico Pagliaccio, forçado a arrancar risos enquanto sua alma está dilacerada pelo ciúme e pela dor.
Essa contradição — rir por fora, chorar por dentro — é o núcleo emocional da ária.
Tradução e Sentido
O título significa literalmente “Veste a roupa (de cena)”.
Na ária, Canio diz a si mesmo que deve vestir o figurino de palhaço e maquiar-se, mesmo com o coração despedaçado.
A ideia é “o espetáculo deve continuar”, ainda que a vida pessoal esteja em ruína.