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segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Tosca-Te deum

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  • a cerimônia religiosa se intensifica e o grande coro entoa o Te Deum (“Te Deum laudamus”).

    • Scarpia canta a sua linha sombria e apaixonada, em que revela seu desejo por Tosca.

    • O coro e a orquestra entoam solenemente o hino litúrgico, grandioso, em estilo sacro.

  • O contraste é brutal: o desejo carnal de Scarpia contra a majestade religiosa do rito.Scarpia canta frases como:

    • “Tosca, mi fai dimenticar Iddio!”
      (“Tosca, tu me fazes esquecer de Deus!”)

    Aqui está a essência:

    • O hino sagrado ao fundo engrandece a cena.

    • Scarpia, porém, confessa o seu desejo impuro, misturando religião e luxúria.

    • O efeito é um dos clímax mais impressionantes da ópera italiana, fechando o ato em explosão orquestral e coral.aqui canta Dmitri Hvorostovsky

 

Tosca-Un tal baccano in chiesa, e Or tutto é chiaro

.. Sacristão entra na igreja resmungando: “Un tal baccano in chiesa!” (“Um tal barulho na igreja!”) Reclama da confusão que já começa a reinar na igreja, nada compatível com o lugar sagrado.Ele age como um regente improvisado, tentando pôr ordem no caos. --
  • chega Scarpia, chefe de polícia.

  • Ele instiga Tosca contra Mario, atiçando o seu ciúme, e quando ela sai desconfiada, Scarpia fica sozinho, triunfante com sua manipulação.

  •  

    Tosca-Tutta qui la cantoria!

    .dentro da Igreja de Sant’Andrea della Valle, em que o Sacristão entra em cena. Ele fala (num recitativo bem vivo, quase falado-cantado, com caráter cômico):

    👉 “Tutta qui la cantoria!” – ou seja, “Está toda aqui a cantoria!”

    É uma exclamação, quando o sacristão comenta sobre os preparativos, a música e os ensaios dos coristas para o grande Te Deum.

    sábado, 27 de setembro de 2025

    Tosca-È buona la mia Tosca

    ..

  • A cena “È buona la mia Tosca” aparece no Ato I, quando Mario Cavaradossi fala, após Tosca sair, com Angelotti, que vem em busca de ajuda ou esconderijo.

  • No texto  Cavaradossi primeiro comenta que Tosca “é boa” e que ela confia no confessor, não escondendo nada — por isso ele, por prudência, mantem silêncio. A seguir, ele e Angelotti discutem planos para a fuga / esconderijo, com Cavaradossi oferecendo ajuda e estratégias para escaparem de Roma

  • Embora seja frequentemente referida como “dueto” (dueto entre Cavaradossi e Angelotti), parte do trecho é monólogo / voz de Cavaradossi até Angelotti reagir (“Siam soli?”). Ou seja, nem é um dueto pleno todo o tempo. 

  • É uma cena de transição, não tão “vir tu a aria absoluta”, mas essencial para o drama: revela intenções, mostra conflito, gera tensão narrativa.

  •  

    quinta-feira, 25 de setembro de 2025

    TOSCA | Acto I: Ora stammi a sentir

    “Ora stammi a sentir” é um dueto para soprano e tenor, entre Tosca e Cavaradossi no Ato I da ópera Tosca


    Função dramática

    • Este dueto é a primeira grande declaração amorosa entre Tosca e Cavaradossi.

    • Musicalmente, Puccini alterna linhas delicadas, quase faladas (quando Tosca planeia a noite juntos) com frases largas e líricas que crescem até uma paixão ardente.

    • É aqui que se estabelece o vínculo profundo entre eles, que sustentará toda a tragédia posterior.

    👉 Em resumo: Tosca faz planos simples e felizes (estar com Mario, sozinhos), enquanto Cavaradossi responde com devoção absoluta. É um momento de ternura íntima, colocado por Puccini antes do turbilhão de perseguição política e ciúmes que virá.

    terça-feira, 23 de setembro de 2025

    The Mountain Sylph-Abertura

    ..
    • The Mountain Sylph é uma ópera em dois atos de John Barnett com libreto de Thomas James Thackeray, depois de Trilby, ou le lutin d'Argail de Charles Nodier .

    •  Foi produzido pela primeira vez em Londres no Lyceum Theatre em 1834 com grande sucesso. 

    • Enredo

      A história se inspira no mito romântico das sílfides (espíritos do ar), que também aparece no balé La Sylphide (1832).

      • O enredo gira em torno de Donald, um jovem camponês escocês que, na véspera do casamento, apaixona-se por uma sílfide das montanhas.

      • Ele rompe com sua noiva mortal e tenta viver esse amor sobrenatural, mas a união acaba em tragédia, como é típico do romantismo: a sílfide morre, deixando Donald arrasado.


      Música

      • A partitura mistura influências de Weber (Der Freischütz) e Meyerbeer, com harmonias românticas e coros atmosféricos.

      • Tem números de grande efeito, como o coro das sílfides e as árias da protagonista etérea.

      • Barnett procurou dar um caráter britânico à obra, incorporando cores locais e um certo tom folclórico.


      Recepção

      • No seu tempo, foi um sucesso e permaneceu em repertório por algumas décadas.

      • Hoje é pouco encenada, mas é lembrada como um marco da ópera romântica inglesa, abrindo caminho para compositores como Balfe (The Bohemian Girl, 1843) e, mais tarde, Sullivan.

      👉 Em resumo: The Mountain Sylph é uma obra pioneira — pode não ter a mesma imortalidade de La Sylphide ou de Weber, mas marca um momento em que a ópera em inglês tentava se afirmar contra o domínio estrangeiro.

     

    segunda-feira, 22 de setembro de 2025

    Tancredi-Di tanti palpiti

    A ária “Di tanti palpiti”, do Tancredi de Rossini, é uma das mais célebres do repertório belcantista e ganhou enorme popularidade logo após a estreia da ópera em 1813. Vou destacar o essencial:
    • Contexto na ópera:
      Surge no Ato I. Tancredi, exilado mas ainda fiel à sua amada Amenaide, regressa disfarçado e canta esta ária como expressão de esperança e amor. Ele sonha reencontrar-se com ela e com a felicidade perdida.

    • Caráter musical:

      • É uma cavatina (a parte inicial de uma ária, de caráter lírico e sereno, antes de uma cabaletta mais animada).

      • A melodia é simples, clara, de ternura imediata.

      • O ritmo é quase balançado como uma barcarola, transmitindo leveza e doçura.

      • Rossini usou aqui um estilo de canto que parece uma canção íntima, contrastando com os fogos de artifício vocais que muitas vezes associamos a ele.


    • Tornou-se tão popular que chegou a ser chamada de “a aria dei gondolieri”, porque em pouco tempo era assobiada e cantada em Veneza como se fosse uma canção popular.

    • Tessitura e técnica:
      Escrita para um contralto ou mezzo-soprano en travesti (Tancredi é um papel masculino cantado por voz feminina), exige:

      • Legato impecável.

      • Linha vocal fluida, sem exagero virtuosístico.

      • Capacidade de sustentar o lirismo com uma cor cálida e expressiva.

    • Importância:
      Representa um Rossini diferente: não o das corridas e crescendos brilhantes, mas o do canto íntimo, amoroso, quase pastoral. Mostra como ele já dominava a arte de “parar a ação” da ópera para mergulhar na pura emoção.

     

    domingo, 21 de setembro de 2025

    Suor Angélica-Senza mamma

    A ária “Senza mamma” é o coração dilacerante de Suor Angelica (Puccini). Ela surge após a revelação da tia-princesa de que o filho de Angelica morreu há dois anos, sem que a mãe pudesse sequer vê-lo, beijá-lo ou embalá-lo. É nesse momento que Puccini concentra toda a dor da maternidade frustrada.

    Alguns pontos essenciais:

    • Texto e expressão:
      Angelica canta diretamente ao filho morto, num lamento íntimo e cheio de ternura. A repetição de “senza mamma” (“sem mamã”) reforça a ferida aberta de não ter estado presente nos primeiros instantes da vida da criança.

    • Música:
      A linha vocal é lírica, expansiva, mas contida na orquestração, deixando a soprano em evidência. O andamento lento e as harmonias sustentadas criam uma atmosfera de oração triste, quase um ninar invertido — um canto de mãe para um filho que já não está.

      • O fraseado é longo, pedindo fôlego e controle expressivo.

      • A melodia tem uma doçura dolorida, que evita dramatismos excessivos: é o luto transformado em música pura.

    • Função dramática:
      Esta ária não é só um desabafo: é o ponto em que Angelica decide que a vida perdeu o sentido sem o filho. Daqui nasce a resolução de tomar o veneno, preparando o desfecho transcendental da ópera.

    • Impacto interpretativo:
      É uma das páginas mais exigentes para soprano, não apenas pela tessitura lírica-dramática, mas pelo peso emocional. Uma grande intérprete precisa equilibrar técnica e verdade interior: mais que cantar, é necessário viver a dor de Angelica.

    Muitos consideram “Senza mamma” uma das mais pungentes árias do repertório italiano porque une simplicidade melódica e devastação emocional — como se Puccini tivesse transformado um choro contido em música eterna..
    Aqui canta  Miriam Gauci

    Suor Angélica-Abertura

    Suor Angelica, de Giacomo Puccini, é uma das três óperas que compõem o Trittico (junto com Il Tabarro e Gianni Schicchi), estreadas em 1918 no Metropolitan de Nova Iorque.

    É uma obra curta, em apenas um ato, mas de uma força emocional imensa. Diferente das outras duas peças do tríptico, que exploram o verismo em dimensões mais trágicas ou cômicas, Suor Angelica é um drama intimista, espiritual e devastador.

    Aqui estão alguns pontos essenciais:

    • Enredo:
      Ambientada num convento, a história acompanha Soror Angélica, que foi forçada pela família a viver enclausurada após ter tido um filho ilegítimo. A vida monástica é mostrada através de pequenas cenas com as outras freiras, mas a narrativa ganha peso quando a princesa, tia de Angelica, a visita. Ela revela que o filho da freira morreu há dois anos. Esse choque leva Angelica ao desespero.

    • Clímax e desfecho:
      Numa cena de dor extrema, Angelica prepara uma poção para pôr fim à própria vida, esperando assim reunir-se ao filho no céu. No entanto, ao tomar o veneno, percebe o pecado que cometeu. Em desespero, pede perdão à Virgem Maria. A ópera termina com uma aparição visionária: a Virgem surge, trazendo o filho nos braços, e Angelica morre com a visão da redenção.

    • Música:
      A partitura é carregada de lirismo e religiosidade. Puccini utiliza harmonias suaves, coros etéreos e orquestração delicada para retratar a vida conventual. O grande momento da protagonista é a ária “Senza mamma”, onde ela canta ao filho morto, numa das páginas mais pungentes de todo o repertório operístico.

    • Temática:
      Trata de culpa, redenção, maternidade e fé. É talvez a mais pessoal e espiritual das óperas de Puccini, e também a que mais exige uma soprano lírica-dramática capaz de transmitir intensidade emocional e pureza vocal.

    👉 Muitos críticos veem Suor Angelica como uma joia discreta: menos encenada do que Gianni Schicchi, mas profundamente tocante para quem se deixa levar pela atmosfera devocional e pela dor de uma mãe.

    sábado, 20 de setembro de 2025

    La Sonnambula-Abertura

    --A ópera La Sonnambula (A Sonâmbula) é uma das obras-primas do bel canto italiano, composta por Vincenzo Bellini e estreada em 1831, no Teatro Carcano, em Milão.

    Alguns pontos de destaque:

    • Género: é uma ópera semiseria em dois atos, ou seja, mistura leveza e lirismo pastoral com situações de tensão dramática.

    • Enredo: a história decorre numa aldeia suíça. Amina, jovem noiva de Elvino, sofre de sonambulismo. Durante uma crise, é encontrada a dormir no quarto do conde Rodolfo. A aldeia pensa que ela o traiu, e Elvino rompe o noivado. No final, Amina é vista a caminhar sonâmbula sobre uma ponte perigosa, revelando a sua inocência.

    • Música: Bellini é mestre em longas linhas melódicas de grande pureza e emoção. As árias de Amina — como "Ah! non credea mirarti" (delicada e nostálgica) e "Ah! non giunge uman pensiero" (brilhante cabaletta final) — são exemplos sublimes de canto belcantista.

    • Caráter: ao contrário de óperas mais trágicas (como Norma), La Sonnambula tem um desfecho feliz, transmitindo uma atmosfera bucólica e lírica.

    • Intérpretes: grandes sopranos da história a marcaram, como Maria Callas, Joan Sutherland e, mais recentemente, Natalie Dessay.

    Em resumo: é uma ópera que exige grande virtuosismo vocal e expressão lírica, mas que encanta também pela simplicidade da história e pelo lirismo de Bellini. 

    sexta-feira, 19 de setembro de 2025

    Simão Bocanegra-Come in quest'ora bruna

    A cavatina que  Anja Harteros aqui canta, é do primeiro acto da ópera Simão Bocanegra, interpretando o papel de Amélia, filha ilegítima de Simão.

    Amélia recorda a sua infância, recordando uma anciã que vivia numa pequena cabana e ela promete nunca deixar que a vida faustosa no palácio a façam esquecer esse seu passado humilde.


    Como na hora escura

    Sorrindo o mar cintila!
    E a lua se mistura
    Com luz tão juvenil…
    Parece um doce enlace
    De dois fiéis corações.

    Mas que me trazem astros,
    O mar, na mente aflita
    Da órfã tão sem paz?...
    A noite fria e escura
    Quando a piedosa, ao fim,
    Gritou: “do céu virá a luz!”

    Ó nobre lar altivo,
    De estirpe ainda mais nobre,
    O teto pobre e simples
    Não esqueci por ti…
    Só na tua pompa austera
    O amor me sorri enfim.

    Já surge o dia…
    O céu se faz de prata, mas o canto
    Do meu amor não vem…
    Ele me enxuga o pranto a cada aurora
    Como o orvalho aos botões.

    quarta-feira, 17 de setembro de 2025

    Semiramide-Abertura

    .. A ópera Semiramide é uma grande obra do compositor Gioachino Rossini, com libreto em italiano escrito por Gaetano Rossi. Foi estreada em 1823 no Teatro La Fenice, em Veneza.
    • Gênero e estilo: É uma ópera séria (opera seria) em dois atos, baseada na tragédia clássica e repleta de elementos de grandiosidade e formalidade típicos do estilo tardio de Rossini.

    • Enredo: A história é inspirada na lenda da rainha Semíramis da Babilônia. Ela governa o império, mas vive atormentada por segredos: conspirou no assassinato do marido, o rei Nino, e enfrenta profecias sobre sua queda. O drama cresce quando descobre que Arsace, jovem herói que ama, é na verdade seu filho perdido — culminando em tragédia.

    • Música: É considerada uma das obras mais exigentes do repertório bel-canto, com grandes árias de coloratura e extensos conjuntos vocais. A abertura (sinfonia) é muito conhecida e frequentemente executada em concertos.

    • Importância: Marca o fim da carreira de Rossini na ópera italiana (depois ele passou a escrever principalmente para Paris). Embora tenha caído no esquecimento por um tempo, foi redescoberta no século XX e hoje é admirada pela sua riqueza orquestral e vocal.

      A abertura da ópera Semiramide é uma das mais célebres composições orquestrais de Gioachino Rossini — brilhante, majestosa e cheia de contrastes dinâmicos, é frequentemente tocada em concertos sinfônicos independentemente da ópera.

      Aqui estão os pontos-chave sobre ela:

      • 🎼 Estrutura formal
        Segue o modelo clássico das aberturas de Rossini:

        1. Introdução lenta — solene e misteriosa, estabelecendo uma atmosfera régia e pressentimento trágico.

        2. Andamento rápido (allegro) — cheio de energia e brilho, com temas contrastantes que alternam entre passagens líricas e fanfarras heroicas.

        3. Crescendos rossinianos — sequências em que a orquestra repete um motivo aumentando progressivamente o volume e a intensidade, criando enorme tensão e efeito teatral.

      • Orquestração
        Rica e detalhada, usa toda a paleta da orquestra da época — com destaque para madeiras e metais em diálogos vivos, cordas ágeis e brilhantes, e percussão pontuando os clímax.

      • Função dramática
        Embora não use temas diretamente da ópera (como era costume em Rossini), antecipa a grandiosidade e o caráter épico da tragédia que se seguirá, preparando emocionalmente o público para o drama de Semíramis.

      • Recepção
        Tornou-se peça de repertório próprio em salas de concerto, muitas vezes gravada por orquestras sinfônicas mesmo fora do contexto operístico, e é considerada uma das aberturas mais impressionantes de todo o repertório rossiniano.

    segunda-feira, 15 de setembro de 2025

    Rusalka-Abertura

    Rusalka é uma ópera em três atos composta por Antonín Dvořák em 1900, com libreto em tcheco de Jaroslav Kvapil. É uma das obras mais conhecidas e queridas do repertório lírico tcheco — e a mais famosa das óperas de Dvořák.

    Enredo resumido

    • Baseada em contos de fadas e lendas eslavas sobre espíritos aquáticos (rusalkas).

    • Rusalka, uma ninfa da água, apaixona-se por um príncipe humano.

    • Para viver no mundo dos homens, pede ajuda à bruxa Ježibaba, que lhe dá pernas humanas mas a condena ao silêncio.

    • O príncipe se encanta por ela, mas depois a abandona para casar com uma princesa estrangeira.

    • Rusalka é amaldiçoada: torna-se um espírito da morte que mata os homens com um beijo.

    • No fim, o príncipe retorna arrependido, beija Rusalka e morre — ela volta às águas para sempre, condenada à solidão.


    Características musicais

    • Escrita em estilo tardo-romântico, com orquestração rica, colorida e cheia de atmosfera.

    • Equilibra lirismo melódico e momentos sombrios, refletindo a tensão entre os dois mundos (aquático e humano).

    • Muito conhecida pela ária de Rusalka “Canção à Lua” (“Měsíčku na nebi hlubokém”), um dos trechos mais belos e populares do repertório de soprano lírico.

    • Usa motivos temáticos recorrentes para representar personagens e sentimentos, como se fosse uma “ópera de contos de fadas” com linguagem sinfônica.


    Importância

    • É considerada o ápice da produção operística de Dvořák.

    • Tornou-se presença constante em teatros do mundo todo, sendo hoje a ópera tcheca mais encenada internacionalmente.

    • Também é valorizada por combinar a tradição folclórica eslava com a técnica e sonoridade da ópera romântica europeia.

    domingo, 14 de setembro de 2025

    Romeu e Julieta-Je veux vivre

    ..  ária "Je veux vivre" é uma das peças mais icônicas da ópera Roméo et Juliette, composta por Charles Gounod. 

    Ela é cantada por Juliette no primeiro ato da ópera, quando ela expressa seus sonhos e desejos de liberdade, juventude e amor. 

    Na ária, Juliette canta sobre a sua vontade de viver a vida plenamente, sem preocupações, e de experimentar o amor na sua forma mais pura e intensa. 

    Aida Garifullina

    Diana Damrau Angela Gheorghiu

    Romeu e Julieta-Prologo

    • A opera Romeu e Julieta 

    • Compositor: Charles Gounod

    • Libreto: Jules Barbier e Michel Carré

    • Estreia: 1867, no Théâtre Lyrique de Paris

    • Idioma: Francês

    • Baseada em: a peça Romeu e Julieta de William Shakespeare


    Características marcantes

    • É conhecida por suas belas árias líricas, como a ária de Julieta “Je veux vivre” e os intensos duetos de amor entre os protagonistas.

    • Tem cinco atos, que seguem de perto o enredo da peça shakespeariana, mas com algumas adaptações dramáticas para o palco operístico (por exemplo, a presença de quatro grandes duetos de amor, um para cada encontro do casal).

    • A música de Gounod é romântica e melódica, privilegiando a expressão das emoções apaixonadas e trágicas.

    • Ao contrário de muitas adaptações, Gounod dedica grande destaque a Julieta, dando-lhe um papel vocal brilhante e exigente.

    Importância

    • Tornou-se uma das óperas francesas mais populares do século XIX, especialmente por seu lirismo e beleza orquestral.

    • Ainda hoje é apresentada regularmente nos principais teatros de ópera do mundo.

    • Prólogo

      O coro apresenta o cenário: duas famílias rivais, Montéquio e Capuleto, estão em guerra, e dois jovens de cada lado se apaixonarão tragicamente.


      ⚔️ Acto I — O baile dos Capuletos

      • Na casa dos Capuletos, acontece um grande baile.

      • Julieta aparece e canta a famosa ária «Je veux vivre», sonhando com uma vida livre e alegre.

      • Romeu, disfarçado, entra com amigos para espiar o baile.

      • Quando Romeu e Julieta se veem, apaixonam-se à primeira vista, sem saber que pertencem a famílias inimigas.

      • Mais tarde, eles descobrem a identidade um do outro, mas o amor já nasceu.


      Acto II — A cena da varanda

      • Romeu vai ao jardim dos Capuletos para ver Julieta.

      • Os dois cantam um dos duetos de amor mais belos da ópera.

      • Decidem casar-se em segredo no dia seguinte.


      Acto III — O casamento secreto e o duelo

      • Com ajuda de Frei Laurent, eles se casam secretamente.

      • Depois, ocorre um duelo: Mercúcio (amigo de Romeu) é morto por Tebaldo (primo de Julieta).

      • Romeu vinga o amigo e mata Tebaldo, sendo condenado ao exílio.


      Acto IV — A poção do sono

      • Julieta está desesperada porque seus pais querem casá-la com outro homem.

      • Frei Laurent lhe dá uma poção que a fará parecer morta.

      • Ela canta uma grande ária dramática antes de beber a poção.

      • Julieta cai desacordada, e todos pensam que morreu.


      Acto V — A morte dos amantes

      • Romeu, sem saber do plano, chega ao túmulo de Julieta e acredita que ela está morta de verdade.

      • Ele toma veneno.

      • Julieta acorda, e os dois têm um último dueto de despedida.

      • Ela então se apunhala para morrer junto dele.

      • Os amantes morrem abraçados.

    ..

    quinta-feira, 11 de setembro de 2025

    Rinaldo-Lascia ch'io piang

    Lascia ch’io pianga é uma das árias mais célebres do repertório barroco, composta por George Frideric Handel e presente na ópera Rinaldo (1711).

    Origem e História

    • A melodia não nasceu em Rinaldo:

      • Surgiu primeiro como uma dança instrumental em Almira (1705), a primeira ópera de Händel.

      • Depois foi adaptada como lamento (Lascia la spina) no oratório Il trionfo del Tempo e del Disinganno (1707).

      • Finalmente recebeu o texto atual e foi inserida em Rinaldo, onde se tornou célebre.

    Contexto na Ópera

    • Na ópera, é cantada pela personagem Almirena no Ato II.

    • Almirena foi sequestrada pela feiticeira Armida e lamenta sua sorte, desejando a liberdade.

    • É um momento de pausa lírica e introspectiva no meio de uma trama cheia de ação e magia.

    Características Musicais

    • Forma: ária da capo (ABA’) — típica do barroco.

    • Andamento lento e expressivo (largo), em compasso ternário.

    • Linha vocal simples, mas profundamente emotiva, apoiada por acompanhamento suave de cordas e contínuo.

    • Destaca-se pela melodia comovente e clara, que realça a dor resignada do texto.

    Texto

    Deixa-me então chorar
    a minha cruel sorte
    e suspirar
    pela liberdade
    Que a dor rompa
    estas grilhetas
    dos meus martírios
    só por piedade

    É um lamento pessoal e universal, razão pela qual a ária ganhou vida própria além da ópera.

    Importância

    • Tornou-se uma das peças barrocas mais conhecidas e executadas no mundo.

    • É frequentemente cantada em recitais, filmes e cerimônias (às vezes até em contextos religiosos).

    • Demonstra o dom de Händel para transformar melodia simples em emoção intensa.

    Aqui canta Anett Fritsch Anett FritschAnett FritschAnett FritschAnett FritschAnett Fritsch
     

    Rinaldo-Abertura

    ..Rinaldo é uma ópera barroca em três atos composta por George Frideric Handel (ou Georg Friedrich Händel, em alemão), com libreto em italiano de Giacomo Rossi baseado num esboço de Aaron Hill. É uma das primeiras e mais célebres óperas do jovem Händel.

    Contexto Histórico

    • Estreou em 1711 no Queen's Theatre, Haymarket, em Londres.

    • Foi a primeira ópera italiana composta especialmente para Londres — e marcou o início da carreira de sucesso de Händel na Inglaterra.

    • A história é inspirada no poema épico Gerusalemme Liberata (1581) de Torquato Tasso, que trata da Primeira Cruzada.

    Enredo Resumido

    A ação mistura fantasia, heroísmo e romance:

    • Rinaldo, cavaleiro cristão, ama Almirena, filha do comandante Goffredo.

    • A feiticeira Armida, aliada dos sarracenos e apaixonada por Rinaldo, rapta Almirena.

    • Rinaldo enfrenta tentações mágicas, monstros e batalhas para resgatá-la.

    • No fim, Armida renuncia ao mal, os sarracenos são derrotados e os amantes se unem.

    Música e Estilo

    • Rica em áreas da capo (forma típica da ópera barroca) com ornamentações vocais virtuosas.

    • A orquestração é colorida e imaginativa, com uso marcante de trompetes, oboés e cordas.

    • Inclui algumas das árias mais famosas de Händel, como:

      • “Lascia ch’io pianga” (cantada por Almirena) — de lirismo comovente

      • “Venti, turbini” (cantada por Rinaldo) — cheia de bravura e energia

    Importância

    • Foi um enorme sucesso na estreia e solidificou a reputação de Händel em Londres.

    • Caiu no esquecimento no século XIX, mas foi revivida no século XX e hoje é presença frequente nos festivais de ópera barroca.

    • Destaca-se como um exemplo paradigmático da ópera barroca italiana em estilo heroico, com mistura de drama e espetáculo visual (a produção original tinha elaborados efeitos de palco e maquinaria cênica).

     

    terça-feira, 9 de setembro de 2025

    Richard Cœur de Lion-Ô Richard ô mon roi l’univers t’abandonne

    A romança “Ô Richard, ô mon roi, l’univers t’abandonne” é, sem dúvida, o número mais célebre da ópera Richard Cœur de Lion (1784) de André Grétry. Ela foi composta para o personagem Blondel, trovador e fiel companheiro do rei Ricardo, e tornou-se rapidamente muito mais do que apenas um momento musical dentro da ópera.

    Contexto dramático

    Na ópera, Ricardo Coração de Leão encontra-se preso num castelo austríaco após regressar da Terceira Cruzada. Blondel, em busca do rei, expressa sua fidelidade e devoção inabaláveis através desta romança. O canto revela o afeto e a lealdade pessoal que sustentam o herói mesmo em face do abandono político.

    Texto e significado

    A letra começa com:

    Ô Richard, ô mon roi, l’univers t’abandonne,
    Sur la terre il n’est plus que moi qui t’aime encore.

    👉 A mensagem é clara: mesmo que o mundo tenha voltado as costas ao rei, Blondel permanece como o único amigo e aliado. É um hino de lealdade, amizade e devoção pessoal.

    .


    Recepção histórica

    • Sucesso imediato: a romança se espalhou rapidamente por salões e concertos na Paris pré-revolucionária.

    • Caráter político: durante a Revolução Francesa, monarquistas a cantavam como expressão de fidelidade a Luís XVI, equiparando-o ao “rei abandonado” da ópera. Tornou-se praticamente um hino realista, e por isso foi proibida em assembleias revolucionárias.

    • Influência posterior: o tema da canção era tão conhecido que Beethoven o utilizou em sua obra “Variationen über ein französisches Lied” WoO 79 (1792/1793), quando estava em Viena.

    Aqui canta Fülep Máté
     

    domingo, 7 de setembro de 2025

    segunda-feira, 1 de setembro de 2025

    Pagliacci(I)-Vesti la giubba

    A ária “Vesti la giubba” (“Veste a túnica”) é, sem dúvida, o momento mais célebre da ópera Pagliacci de Ruggero Leoncavallo, e uma das árias mais famosas de todo o repertório operístico.

    Contexto Dramático

    • Surge no final do Ato I.

    • O protagonista Canio, chefe da companhia de comediantes, descobre a traição de sua esposa Nedda, mas não consegue revelar ao público nem adiar o espetáculo.

    • Ele deve subir ao palco para representar o palhaço cómico Pagliaccio, forçado a arrancar risos enquanto sua alma está dilacerada pelo ciúme e pela dor.

    • Essa contradição — rir por fora, chorar por dentro — é o núcleo emocional da ária.

      Tradução e Sentido

      O título significa literalmente “Veste a roupa (de cena)”.
      Na ária, Canio diz a si mesmo que deve vestir o figurino de palhaço e maquiar-se, mesmo com o coração despedaçado.
      A ideia é “o espetáculo deve continuar”, ainda que a vida pessoal esteja em ruína.

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