Querendo ver outros blogs meus consultar a Teia dos meus blogs

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Tancredi-Di tanti palpiti

A ária “Di tanti palpiti”, do Tancredi de Rossini, é uma das mais célebres do repertório belcantista e ganhou enorme popularidade logo após a estreia da ópera em 1813. Vou destacar o essencial:
  • Contexto na ópera:
    Surge no Ato I. Tancredi, exilado mas ainda fiel à sua amada Amenaide, regressa disfarçado e canta esta ária como expressão de esperança e amor. Ele sonha reencontrar-se com ela e com a felicidade perdida.

  • Caráter musical:

    • É uma cavatina (a parte inicial de uma ária, de caráter lírico e sereno, antes de uma cabaletta mais animada).

    • A melodia é simples, clara, de ternura imediata.

    • O ritmo é quase balançado como uma barcarola, transmitindo leveza e doçura.

    • Rossini usou aqui um estilo de canto que parece uma canção íntima, contrastando com os fogos de artifício vocais que muitas vezes associamos a ele.


  • Tornou-se tão popular que chegou a ser chamada de “a aria dei gondolieri”, porque em pouco tempo era assobiada e cantada em Veneza como se fosse uma canção popular.

  • Tessitura e técnica:
    Escrita para um contralto ou mezzo-soprano en travesti (Tancredi é um papel masculino cantado por voz feminina), exige:

    • Legato impecável.

    • Linha vocal fluida, sem exagero virtuosístico.

    • Capacidade de sustentar o lirismo com uma cor cálida e expressiva.

  • Importância:
    Representa um Rossini diferente: não o das corridas e crescendos brilhantes, mas o do canto íntimo, amoroso, quase pastoral. Mostra como ele já dominava a arte de “parar a ação” da ópera para mergulhar na pura emoção.

 

Sem comentários: