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domingo, 21 de setembro de 2025

Suor Angélica-Senza mamma

A ária “Senza mamma” é o coração dilacerante de Suor Angelica (Puccini). Ela surge após a revelação da tia-princesa de que o filho de Angelica morreu há dois anos, sem que a mãe pudesse sequer vê-lo, beijá-lo ou embalá-lo. É nesse momento que Puccini concentra toda a dor da maternidade frustrada.

Alguns pontos essenciais:

  • Texto e expressão:
    Angelica canta diretamente ao filho morto, num lamento íntimo e cheio de ternura. A repetição de “senza mamma” (“sem mamã”) reforça a ferida aberta de não ter estado presente nos primeiros instantes da vida da criança.

  • Música:
    A linha vocal é lírica, expansiva, mas contida na orquestração, deixando a soprano em evidência. O andamento lento e as harmonias sustentadas criam uma atmosfera de oração triste, quase um ninar invertido — um canto de mãe para um filho que já não está.

    • O fraseado é longo, pedindo fôlego e controle expressivo.

    • A melodia tem uma doçura dolorida, que evita dramatismos excessivos: é o luto transformado em música pura.

  • Função dramática:
    Esta ária não é só um desabafo: é o ponto em que Angelica decide que a vida perdeu o sentido sem o filho. Daqui nasce a resolução de tomar o veneno, preparando o desfecho transcendental da ópera.

  • Impacto interpretativo:
    É uma das páginas mais exigentes para soprano, não apenas pela tessitura lírica-dramática, mas pelo peso emocional. Uma grande intérprete precisa equilibrar técnica e verdade interior: mais que cantar, é necessário viver a dor de Angelica.

Muitos consideram “Senza mamma” uma das mais pungentes árias do repertório italiano porque une simplicidade melódica e devastação emocional — como se Puccini tivesse transformado um choro contido em música eterna..
Aqui canta  Miriam Gauci

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