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quarta-feira, 30 de julho de 2025

Maria Stuard-Cena de confrontação

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O dueto-confronto entre Maria e Isabel (Ato II, cena do parque)

🎯 O momento mais célebre e explosivo da ópera.

o dueto de confrontação entre Maria Stuarda e Isabel I é o coração da ópera. Embora esse encontro nunca tenha acontecido na realidade, Donizetti (inspirado na peça de Schiller) transforma esse momento fictício num clímax carregado de tensão política, orgulho ferido e emoções humanas profundas. 

  •  Onde se passa?

    Nos jardins de Fotheringhay, onde Maria está aprisionada. Isabel decide visitá-la — oficialmente por curiosidade, mas na verdade movida por ciúme e desejo de afirmação.

    •  Quem está presente?

      • Maria Stuarda, rainha católica da Escócia, prisioneira da Inglaterra.

      • Isabel I, rainha protestante da Inglaterra.

      • Leicester, favorito de Isabel, mas simpatizante (e talvez apaixonado) por Maria.

      • Guardas, damas de companhia e cortesãos.

    • Desenvolvimento da Cena

    1. Tensão velada

    • Isabel chega com altivez.

    • Maria tenta manter a compostura e humildade, mesmo sabendo que sua vida está nas mãos da prima.

    • Há uma tentativa inicial de reconciliação — ou pelo menos de conversa civilizada.


    2. Insinuações e veneno

    • Isabel alfineta Maria com frases sobre seu passado amoroso e escândalos (Maria foi envolvida no assassinato do segundo marido e teve três casamentos).

    • Maria responde de forma contida, mas altiva.

    • Leicester tenta interceder — em vão.


    3. Explosão — o insulto fatal

    Em um momento de fúria e humilhação, Maria perde o controle e pronuncia as palavras mais violentas da ópera:

    “Figlia impura di Bolena,
    parli tu di disonore?”

    ("Filha impura de Bolena, tu falas de desonra?")

    E continua:

    “Profanato è il soglio inglese,
    vil bastarda, dal tuo piè!”

    ("Profanado é o trono inglês, vil bastarda, pelo teu pé!")

    • Maria está a acusar Isabel de ser filha ilegítima de Ana Bolena (executada por Henrique VIII).

    • Esse insulto atinge Isabel no ponto mais sensível: a sua legitimidade como rainha.


    4. Consequência imediata

    • Isabel, em estado de raiva, grita que Maria será executada.

    • Maria, percebendo o que fez, recobra a calma, mas já é tarde.

    • A partir desse momento, o destino de Maria está selado.

    💡 Por que é tão importante?

    • Representa o ponto de não retorno: depois disso, a tragédia é inevitável.

    • Expõe o conflito de duas mulheres poderosas, mas prisioneiras de seu tempo, do orgulho e da política.

    • Para o público, é o momento mais esperado — a catarse.

    • aqui cantam Mariella Devia e Joyce Di Donato

Maria Stuard-Abertura

A ópera Maria Stuarda, de Gaetano Donizetti, é uma das obras-primas do bel canto italiano e faz parte da chamada “trilogia das rainhas” do compositor, junto com Anna Bolena e Roberto Devereux. Estreou em 1835, baseada na peça de Friedrich Schiller, e dramatiza o conflito entre Maria Stuart (Maria, Rainha da Escócia) e sua prima, a rainha Isabel I da Inglaterra.

Contexto dramático

  • O enredo gira em torno da rivalidade política e pessoal entre Maria e Isabel, culminando na execução de Maria.

  • Embora historicamente as duas rainhas nunca se tenham encontrado, a ópera inclui um confronto direto e intensíssimo — o famoso duetto-confronto, ponto alto do drama.

  • A personagem de Maria é profundamente humana, ao mesmo tempo nobre, resignada, orgulhosa e frágil.

Aspectos musicais

  • Maria Stuarda exige cantoras de grande técnica e expressividade. O papel de Maria é escrito para soprano lírico-dramático, enquanto Isabel pode variar entre mezzo-soprano e soprano.

  • A ópera alterna momentos de lirismo interior (como a oração final de Maria, “Deh! Tu di un’umile preghiera il suono”) com explosões dramáticas (como o famoso insulto de Maria a Isabel: “Figlia impura di Bolena!”).

  • A orquestração é típica do bel canto: apoia as vozes sem abafá-las, e confere tensão emocional ao drama.

História conturbada

  • A censura da época considerou ofensiva a ideia de uma rainha sendo insultada e executada no palco. A estreia em Nápoles foi cancelada.

  • Só em 1835, em Milão, com alterações, a obra pôde estrear. Ganhou popularidade ao longo do século XX, principalmente com interpretações de cantoras como Joan Sutherland, Beverly Sills e Montserrat Caballé.

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Manon-En fermant les yeux

.. En fermant les yeux" é uma das árias mais ternas e sonhadoras da ópera Manon de Jules Massenet. Cantada por Des Grieux, esta ária revela um lado idealista, puro e profundamente amoroso da personagem — é um momento lírico de suspensão do drama, onde o amor se transforma em sonho.

Contexto dramático

  • Ato II da ópera.

  • Des Grieux e Manon vivem juntos em Paris, fugidos e pobres, mas apaixonados.

  • O momento é de intimidade e ternura.

  • Des Grieux, ao lado de Manon, imagina um futuro tranquilo, onde viveriam como marido e mulher, longe do mundo.

  • Ao fechar os olhos, vejo lá longe

  • Ele fecha os olhos ("En fermant les yeux") e imagina o rosto da amada como um ideal de pureza e felicidade.

    Um retiro humilde,

    Cheio de felicidade, de calma e de alegria,

    Tudo o que sonham os amantes apaixonados!

    Ela está ali, dormindo, sorridente,

    Ela me espera!


    E eis que me vejo, de repente, trêmulo de esperança

    E de amor!

    Pois é em mim que ela pensa,

    E eu a ouço murmurar baixinho:

    "Eu te amo!"



Manon-Adieu notre petite table

. "Adieu, notre petite table" é uma das árias mais emblemáticas da ópera Manon de Jules Massenet. 

Trata-se de um momento intimista, comovente e cheio de subtexto psicológico, no qual Manon revela a dor da escolha entre o amor e o luxo. 🎭 

Contexto dramático 

Ato II da ópera. Manon vive modestamente com Des Grieux, feliz mas longe do luxo que sonhara. O rico Monsieur de Brétigny, que a deseja, oferece-lhe uma vida de conforto e riqueza. Manon hesita... mas acaba por aceitar, mesmo sabendo que isso significará abandonar o homem que ama. 

 Sozinha, ela olha a mesa onde partilhava as refeições com Des Grieux e canta essa despedida, quase como se falasse com um fantasma de si mesma.

 Texto (com tradução) 

Adieu, notre petite table, Qui nous réunit si souvent. Adieu, notre petite table, Si grande pour nous cependant. On tenait, par sa place modeste, Un rang bien modeste aussi, Acceptant tout, nappe ou serviette, Et le verre d’eau de la vie. Tu nous parus toujours honnête, Et nous te bénissons, ami. Adieu, notre petite table. ~

Tradução (livre):Adeus, nossa pequena mesa, Que tantas vezes nos reuniu. Adeus, nossa pequena mesa, Que era pequena, mas imensa para nós. Ocupando um lugar modesto, Vivíamos também com modéstia, Aceitando tudo — toalha ou guardanapo, E o copo de água da vida. Pareceste-nos sempre honesta, E te abençoamos, amiga. Adeus, nossa pequena mesa. 💔 

Interpretação 

O objeto simples (a mesa) representa o mundo íntimo, sincero e amoroso que Manon partilha com Des Grieux. A despedida não é apenas material, mas espiritual e moral — ela está prestes a trair os próprios sentimentos. A dor é contida e silenciosa, mas pungente. Não há revolta: apenas resignação e uma ternura nostálgica pelo que está prestes a perder. 

Aqui a interpretação e de Renee Fleming

domingo, 27 de julho de 2025

Opera Gala: Anna Netrebko, Plácido Domingo, Ferruccio Furlanetto, Natali...

..  00:00:00 Intro ▷ 00:00:42 Wagner - Overture to Rienzi (Zubin Mehta) ▷ 00:12:28 Speech by Ioan Holender ▷ 00:15:15 Wagner - Die Walküre: "Winterstürme wichen dem Wonnemond" (Plácido Domingo) ▷ 00:18:42 Verdi - Il Trovatore: "Stride la vampa" (Nadia Krasteva, Zubin Mehta) ▷ 00:26:03 Mozart - Cosí fan tutte: "Un'aura amorosa" (Michael Schade, Franz Welser-Möst) ▷ 00:31:36 Mozart - Cosí fan tutte: "Prenderó quel brunettino" (Barbara Frittoli, Angelika Kirschlager, F. Welser-Möst) ▷ 00:37:04 Umberto Giordano - Fedora: "Amor ti vieta" (Ramón Vargas, Fabio Luisi) ▷ 00:39:24 Jules Massenet - Hérodiade: "Vision fugitive" (Boaz Daniel, Bertrand de Billy) ▷ 00:43:50 Carl Maria von Weber - Der Freischütz: "Und ob die Wolke sie verhüllte" (Soile Isokoski, Peter Schneider) ▷ 00:49:58 Richard Strauss - Die schweigsame Frau: "Wie schön ist doch die Musik" (Thomas Quasthoff, P. Schneider) ▷ 00:54:50 Gaetano Donizetti - Linda di Chamounix: "Ah! tardai troppo...O luce di quest'anima" (Stefania Bonfadelli, Marco Armiliato) ▷ 00:58:57 Wagner - Tristan & Isolde: "Mild und leise wie er lächelt" (Waltraud Meier, Antonio Pappano) ▷ 01:06:48 Verdi - I Vespri Siciliani: "Il cavaliero ricusava...In braccio alle dovizie" (Leo Nucci, M. Armiliato) ▷ 01:13:34 Rossini - William Tell: "Sois immobile" (Thomas Hampson, F. Luisi) ▷ 01:16:49 Franz Lehár - Die Lustige Witwe: "So kommen Sie!...Ich bin eine anständige Frau" (Angelika Kirschlager, Michael Schade, F. Welser-Möst) ▷ 01:21:50 Wilfried Hiller - Das Traumfresserchen: "Holenderchen! Ich bin dein Traumfresserchen" (Herwig Pecoraro) ▷ 01:23:45 Puccini - Gianni Schicchi: "Avete torto!...Firenze è come un albero fiorito" (Saimir Pirgu, M. Armiliato) ▷ 01:27:20 Verdi - Nabucco: "Va, pensiero, sull'ali dorate" (Thomas Lang, M. Armiliato) ▷ 01:32:45 Mozart - Le Nozze di Figaro: "E Susanna non vien! Dove sono i bei momenti" (Barbara Frittoli, B. de Billy) ▷ 01:39:46 Vincenzo Bellini - La Sonnambula: "Ah! npn credea mirarti" (Diana Damrau, M. Armiliato) ▷ 01:49:47 Gounod - Roméo et Juliette: "L'amour!...Ah! Lève-toi, soleil!" (Ramon Vargas, Placido Domingo) ▷ 01:55:12 R. Strauss - Die Frau ohne Schatten: "Trifft mich sein Lieben nicht...Nun will ich jubeln" (Falk Struckmann, Johan Botha, Adrienne Pieczonka, Deborah Polaski, Ileana Tonca, Teodora Gheorghiu, Roxana Constantinescu, Zoryana Kushpler, Michaela Selinger, Aura Twarowska, F. Welser-Möst) ▷ 02:03:24 Wagner - Tristan und Isolde: "O sink hernieder, Nacht der Liebe" (Peter Seiffert, Petra Maria Schnitzer, F. Welser-Möst) ▷ 02:09:03 Verdi - Don Carlos: "Elle ne m'aime pas!" (Ferruccio Furlanetto, B. de Billy) ▷ 02:19:17 E. W. Korngold - Die tote Stadt: "Soll ich?...Glück, das mir verblieb" (Angela Denoke, Stephen Gould, F. Welser-Möst) ▷ 02:25:40 Massenet - Werther: "Werther...Qui m'aurait dit...Je vous écris de ma petite chambre" (Roxana Constantinescu, B. de Billy) ▷ 02:33:21 Massenet - Werther: "Pourqoi me réveiller" (Piotr Beczała, B. de Billy) ▷ 02:37:06 Puccini - Le Villi: "Se come voi piccina io fossi" (Krassimira Stoyanova, Simone Young) ▷ 02:42:41 Wagner - Lohengrin: "In fernem Land, unnahbar euren Schritten" (Johan Botha, S. Young) ▷ 02:49:21 R. Strauss - Arabella: "Er ist der Richtige nicht für mich"" (Genia Kühmeier, Adrianne Pieczonka, F. Welser-Möst) ▷ 02:56:10 Massenet - Manon: "Je marche sur tous les chemins...Obéissons quand leur voix appelle" (Anna Netrebko, B. de Billy) ▷ 03:03:24 Donizetti - La Fille du Régiment: "C'en est donc fait...Salut à la France!" (Natalie Dessay, M. Armiliato) ▷ 03:12:38 Verdi - La Forza del Destino: "Pace, pace, mio Dio!" (Violeta Urmana, Zubin Mehta) ▷ 03:18:33 Gounod - Faust: "Quel trouble inconnu...Salut! demeure chaste et pure" (Piotr Beczala, B. de Billy) ▷ 03:25:01 Wagner - Das Rheingold: "Über Stock und Stein zu Tal stapfen sie hin" (Elisabeth Kulman, Boaz Daniel, Gergely Németi, F. Welser-Möst) ▷ 03:21:58 Verdi - Macbeth: "Perfidi! All'Anglo contro me v'unite...Pietà, rispetto, onore" (Simon Keenlyside, Giullermo Garcia Calvo) ▷ 03:37:55 Speech ▷ 03:39:00 Verdi - Falstaff: "Tutto nel mondo è burla" (Leon Nucci, Boaz Daniel, Krassimira Stoyankova, Ileana Tonca, Gergely Németi, Nadia Krasteva, Elisabeth Kulman, Herwig Pecoraro, Alfred Sramek, Michael Roider, F. Welser-Möst)

Manon Lescaut-Donna non vidi ma

A ária "Donna non vidi mai", do primeiro ato da ópera Manon Lescaut, de Puccini, é uma das declarações de amor mais ardentes e instantâneas da história da ópera. É cantada pelo personagem Des Grieux no momento em que vê Manon pela primeira vez e se apaixona à primeira vista, de forma total e irreversível.

Logo depois de Manon chegar à estalagem de Amiens, Des Grieux a vê e fica completamente enfeitiçado. Assim que ela entra, diz algumas palavras simples, e vai embora — e ele, transtornado, canta:

Texto original (em italiano):

Donna non vidi mai
simile a questa!

A dirle: "io t'amo,"
a nuova vita l'alma mia si desta.

"Manon Lescaut mi chiamo,"
come queste parole
profumate,
mi vagan nello spirto
e ascose fibre vanno a carezzar!


🇧🇷 Tradução (livre, poética):

Mulher nunca vi igual
a esta!

Ao dizer-lhe “eu te amo”,
uma nova vida desperta em minha alma.

“Chamo-me Manon Lescaut” —
essas palavras, tão perfumadas,
vagam pelo meu espírito
e acariciam-me as fibras mais secretas!

O que há de especial nessa ária?

  • Amor como arrebatamento:
    Não é amor racional nem construído. É impulso, paixão desmedida, um amor que nasce como incêndio — e que já prenuncia o fim trágico.

  • Melodia ardente, mas contida:
    A linha vocal é expansiva, mas cheia de doçura e contenção, como quem tenta expressar o inexprimível. A orquestra, por sua vez, envolve a voz com calor, deixando claro que esse amor já está selado pelo destino.

  • Economia dramática:
    A ária é curta — cerca de 2 minutos — mas diz tudo: quem é Manon para Des Grieux, como ele se sente, e o peso de tudo isso.


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quinta-feira, 24 de julho de 2025

Luisa Miller-Quando le sere al placido

.. A ária "Quando le sere al placido", do segundo ato da ópera Luisa Miller, é uma das mais sublimes criações líricas de Verdi, especialmente escrita para tenor. É cantada por Rodolfo, que, devastado, acredita ter sido traído por Luisa — sem saber que ela foi forçada a escrever uma carta mentirosa sob ameaça.
  • Rodolfo descobre (falsamente) que Luisa o traiu com Wurm, o vilão da história.

  • Sem saber da chantagem, ele se sente dilacerado — o amor virou dor, a esperança virou cinzas.

  • Na ária, ele relembra os tempos felizes em que Luisa lhe declarava amor nas noites calmas, contrastando com a amargura presente.

  • Quando le sere al placido
    chirar de' mobili suon,
    e l'aere è fresco e limpido,
    e il ruscello mormora
    ed a pregar t'invitano
    le labbra un tremulo... amor!

    Quando, nas noites plácidas
    com sons suaves ao redor,
    o ar está fresco e límpido,
    e o regato murmura,
    e teus lábios me convidam
    a rezar... um amor trêmulo!

  • Luisa Miller-Abertura

    Luisa Miller é uma ópera em três atos de Giuseppe Verdi com libreto italiano de Salvatore Cammarano, baseado na peça de teatro Kabale und Liebe de Friedrich von Schiller. A estreia foi no Teatro San Carlo de Nápoles, em 8 de dezembro de 1849...

    A ópera Luisa Miller, de Giuseppe Verdi, é uma obra-prima da sua fase de transição — uma ponte entre o estilo mais convencional das suas óperas de juventude e a profundidade psicológica que ele alcançaria em obras como La Traviata ou Don Carlo

    Enredo em resumo

    Luisa Miller é uma tragédia íntima e doméstica, ao contrário das grandes epopeias históricas de outras óperas de Verdi. A história gira em torno de:

    • Luisa, filha de um soldado aposentado (Miller), que ama Rodolfo, um jovem que esconde sua verdadeira identidade como filho do conde Walter.

    • A relação deles é ameaçada por interesses sociais e políticos, principalmente pelo vilão Wurm, que também deseja Luisa.

    • A ópera culmina em desilusão, traição e morte — com Luisa sendo forçada a mentir para salvar o pai e, no fim, sendo envenenada por Rodolfo antes que ambos morram juntos.

    Destaques musicais

    • Ária de Luisa: "Lo vidi e 'l primo palpito" – expressa o amor puro que sente por Rodolfo.

    • Ária de Rodolfo: "Quando le sere al placido" – uma das árias de tenor mais belas e líricas de Verdi, em que Rodolfo lamenta a traição de Luisa (sem saber da verdade).

    • Abertura (Sinfonia): Notavelmente introspectiva e menos grandiosa que outras aberturas de Verdi — já prenuncia o tom íntimo da tragédia.



         

    sol y vida

    Sol y Vida não é uma opereta — é o nome de um álbum da mezzo-soprano Elīna Garanča, lançado em 2020 pela Deutsche Grammophon.

    É um álbum temático, com canções clássicas e populares de inspiração hispânica e latina. Garanča mergulha em sonoridades apaixonadas, coloridas e dramáticas, com obras que vão de compositores clássicos a peças de sabor popular.

    Eis a lista completa das 17 faixas do álbum Sol y Vida de Elīna Garanča, lançada em 10 de maio de 2019 pela Deutsche Grammophon, com arranjos de Karel Mark Chichon, José Maria Gallardo del Rey, Juan Durán e outros cd-lexikon.de+11europadisc.co.uk+11vinylscout.co.uk+11:


    🎶 Faixas de Sol y Vida:

    1. Granada (Agustín Lara) – arr. K. M. Chichon

    2. La Llorona (tradicional) – arr. José Maria Gallardo del Rey

    3. Vai lavar a cara (tradicional) – arr. Juan Durán

    4. Gracias a la vida (Violeta Parra) – arr. José Maria Gallardo del Rey

    5. T’estimo (na versão catalã de Edvard Grieg) – arr. Langley

    6. Core ’ngrato (Francesco Paolo Tosti? ou Cardillo?) – arr. Langley

    7. Torna a Surriento (Curtis) – arr. Langley

    8. Non ti scordar di me (Curtis) – arr. Langley

    9. Musica proibita (Flock) – arr. Chichon

    10. Non t’amo più (Tosti) – arr. Chichon

    11. Voce ’e notte (Curtis) – arr. Langley

    12. Marechiare (Tosti) – arr. Langley

    13. Yo soy María (Maria de Buenos Aires, Piazzolla) – arr. del Rey

    14. Lela (Hermida) – arr. Durán

    15. No puede ser (La taberna del puerto, Sorozábal) – arr. Durán

    16. El día que me quieras (Carlos Gardel) – arr. Chichon

    17. Brazil (Ary Barroso) – arr. Chichon

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    quinta-feira, 17 de julho de 2025

    Louise-Preludio

    A ópera Louise, de Gustave Charpentier, é uma obra-prima do verismo francês que teve grande impacto no início do século XX, embora hoje esteja um pouco esquecida fora dos círculos especializados.

    Informações gerais

    • Compositor: Gustave Charpentier (1860–1956)

    • Libreto: Do próprio compositor

    • Estreia: 2 de fevereiro de 1900, Opéra-Comique, Paris

    • Gênero: Opéra lyrique (com elementos de verismo, ou seja, realismo operístico)

    • Língua: Francês

    Enredo

    A ação se passa em Paris, e a ópera gira em torno de Louise, uma jovem operária que vive com os pais e se apaixona por Julien, um artista boêmio. A obra retrata o conflito entre o desejo de liberdade amorosa e artística de Louise e a opressão familiar, sobretudo a do pai, que quer mantê-la sob seu controle.

    No fim, Louise decide abandonar definitivamente o lar para viver seu amor, apesar da dor que isso causa à sua mãe. O último clamor do pai, pedindo que ela volte, ecoa de forma amarga e comovente.

    Música

    • A partitura é rica, com cores orquestrais vivas, próximas da música impressionista.

    • Influências de Massenet, Debussy e Puccini são perceptíveis, mas Charpentier tem uma voz própria, especialmente no uso de música popular parisiense (cantos de rua, coros de trabalhadores, etc.).

    • A ária mais famosa é "Depuis le jour", um dos grandes solos soprano do repertório lírico francês — lírico, sonhador, e intensamente expressivo.

    • Há também muitos trechos corais e interlúdios orquestrais de grande beleza.

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    🗝️ Importância histórica

    • Foi uma ópera revolucionária em sua época, ao retratar operários, artistas e a vida urbana contemporânea com realismo.

    • Fez enorme sucesso em Paris e outras capitais europeias — e até no Metropolitan Opera em Nova York.

    • Aclamada como uma espécie de manifesto da liberdade individual e artística, especialmente da mulher.

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    domingo, 13 de julho de 2025

    Lodoletta-Ah! Il suo nome era Flamme

    .A ária "Ah! Il suo nome era Flammen", da ópera Lodoletta de Pietro Mascagni, é o coração emocional da obra — e talvez seu momento mais célebre. É cantada pela protagonista, Lodoletta, no primeiro ato, quando ela fala de Flammen, o artista por quem nutre um amor puro e idealizado.Contexto Dramático

    Neste ponto da ópera, Lodoletta lembra com ternura o momento em que conheceu Flammen. É uma confissão íntima e carregada de emoção — cheia de inocência, encanto e uma esperança frágil.

    Ela não canta apenas o nome dele; canta o peso que esse nome tem para ela. A cena é como um raio de luz delicado antes da tragédia que virá..Por que esta ária é especial?

    Porque não há grandiloquência nela. É um momento de intimidade, quase como se Lodoletta estivesse contando um segredo. Essa vulnerabilidade tocante é o que dá força à ária — e à personagem.

    Texto original (italiano)

    "Aah! Il suo nome era Flammen...

    Mi ricordo quel giorno lontano...
    venne a casa col viso sereno
    e due bimbi teneva per mano...
    Mi guardò... mi sorrise... e passò.
    Da quel giorno per me fu destino,
    fu speranza, fu sogno divino!
    Tutto ciò che d’allora io sentii...
    tutto ciò che d’allora io sognai...
    Ah! Il suo nome era Flammen..."


    📜 Tradução em português

    "Ah! O seu nome era Flammen...
    Lembro-me daquele dia distante...
    ele veio à minha casa com o rosto sereno
    e segurava duas crianças pelas mãos...
    Olhou para mim... sorriu-me... e passou.
    Desde aquele dia, para mim foi destino,
    foi esperança, foi sonho divino!
    Tudo aquilo que desde então senti...
    tudo aquilo que desde então sonhei...
    Ah! O seu nome era Flammen..."

    Aqui canta Nadine Sierra

    Lodoletta-Preludio

    A ópera Lodoletta é uma das obras mais conhecidas (ainda que hoje raramente encenadas) do compositor italiano Pietro Mascagni, o mesmo de Cavalleria Rusticana. Foi estreada em 1917 em Roma, com libretto de Giovacchino Forzano, baseado no romance Two Little Wooden Shoes, de Ouida (pseudônimo de Maria Louise Ramé).

    Resumo e Contexto

    • Gênero: Ópera verista (com ênfase em emoções fortes, vidas simples e tragédias humanas).

    • Ambientação: Holanda rural, século XIX.

    • Personagem principal: Lodoletta, uma jovem camponesa órfã, doce e inocente, cujo destino é marcado pela tragédia.

    • Trama: Lodoletta é acolhida por um artista boêmio, Flammen. Eles desenvolvem uma relação próxima e, para ela, amorosa. Quando Flammen se afasta, Lodoletta sofre profundamente e morre de frio e tristeza, após sair sozinha em meio ao inverno para reencontrá-lo. Uma história trágica com ecos de La Bohème e La Traviata, mas com um tom ainda mais lírico e delicado.

    Características Musicais

    • Estilo: Pós-verista, com momentos de lirismo íntimo e orquestração refinada.

    • Destaque: A ária “Ah! Il suo nome era Flammen” é o trecho mais célebre — cantada por Lodoletta, expressando sua ternura e paixão. Já foi gravada por grandes sopranos como Renata Scotto e Angela Gheorghiu.

    • Escrita vocal: Muito lírica, com uma linha de canto que favorece sopranos de voz pura, expressiva e controlada.

    • Orquestração: Rica, mas com transparência — Mascagni busca mais a emoção do que o drama explosivo de Cavalleria.

    Recepção e Raridade

    • Estreia: 1917 no Teatro Costanzi (hoje Teatro dell'Opera di Roma). Teve sucesso inicial.

    • Hoje: Quase esquecida. Apenas árias sobrevivem em recitais e gravações.

    • Motivo do esquecimento: Talvez por ser “doce demais” para o gosto moderno ou por não conter grandes choques dramáticos — a ópera aposta mais na sensibilidade e na dor continua

    A ópera Lodoletta de Pietro Mascagni não tem uma abertura tradicional no estilo clássico (como uma "sinfonia" inicial longa e estruturada em vários temas). Em vez disso, segue a tendência do verismo italiano, iniciando-se com uma breve introdução orquestral — muitas vezes chamada apenas de prelúdio — que leva diretamente à ação..

    terça-feira, 8 de julho de 2025

    Les Huguenots-Final

     

    O trio final do Ato V de Les Huguenots é o ápice emocional e musical da ópera — uma das cenas mais sublimes da grand opéra francesa. É onde Meyerbeer concentra toda a tragédia, fé e humanidade dos protagonistas diante da violência implacável da história.

    Contexto dramático

    Estamos em plena Noite de São Bartolomeu (1572).
    Os católicos estão a massacrar os huguenotes nas ruas de Paris.

    No último ato:

    • Raoul (huguenote) descobre a conspiração e tenta salvar seus correligionários.

    • Valentine (católica) finalmente se une a Raoul por amor, desafiando o pai.

    • Marcel, o velho servo protestante, assume quase um papel de pastor e mártir.

    Presos na igreja cercada por soldados católicos, os três estão sem escapatória.

    O trio é muitas vezes chamado de:

    “Jéhovah, Dieu puissant”
    ("Jeová, Deus poderoso" — trecho-chave do texto cantado)

    É um trio de oração e resignação, onde os três protagonistas, conscientes da morte iminente, se reconciliam, se perdoam, se amam e entregam-se à fé.

    • Musicalmente, é de um lirismo intenso, com harmonias pungentes, orquestração contida e um uso quase coral das vozes.

    • As vozes se entrelaçam num clima de transcendência.

    • Marcel abençoa o casal, que finalmente se une... no momento da morte.

    • Os três são assassinados (fora de cena ou no momento final).

    • A música termina com um acorde sombrio, sem triunfalismo — apenas a dor serena da fé inabalável.



    Les Huguenots-Preludio

    Les Huguenots é uma das obras mais ambiciosas e monumentais da tradição da grand opéra francesa. Composta por Giacomo Meyerbeer, com libreto de Eugène Scribe, estreou em 1836 na Ópera de Paris e é um marco do romantismo operístico francês.

    A ópera gira em torno de um episódio real: o massacre da Noite de São Bartolomeu (1572), quando milhares de protestantes huguenotes foram mortos em Paris por ordem da coroa católica. A ação mistura conflitos religiosos, intrigas políticas e um romance impossível entre Raoul, um huguenote, e Valentine, uma católica.

    Características Musicais

    • É um verdadeiro épico musical: costuma durar cerca de 4 a 5 horas.

    • Coros grandiosos, conjuntos complexos, árias virtuosas e orquestração rica.

    • Exige sete cantores principais, o que é raro e impressionante.

    • Um dos momentos mais célebres é o Benedictus (no quarto ato) e o final trágico.

    Importância Histórica

    • Foi um enorme sucesso no século XIX e influenciou compositores como Verdi e Wagner.

    • Faz parte da tríade das óperas mais famosas de Meyerbeer (com Robert le Diable e Le Prophète).

    • Tornou-se um símbolo da opulência da grand opéra, com cenários monumentais, balés e exigências técnicas altíssimas.

    Drama e Tragédia

    No final, o casal protagonista morre, abraçado, num gesto de reconciliação que não pode impedir a tragédia histórica — um comentário sobre a futilidade do ódio sectário.


     

    segunda-feira, 7 de julho de 2025

    Les Danaides-Final

    A ópera Les Danaïdes, de Antonio Salieri, é uma obra fascinante e poderosa que combina elementos da tradição operística gluckiana com traços já próximos do estilo dramático romântico. Embora hoje seja menos lembrada que obras de Mozart ou Gluck, foi uma peça de grande sucesso no seu tempo e merece atenção.

    A história gira em torno das cinquenta filhas de Dânao, prometidas em casamento aos cinquenta filhos de Egipto, seu irmão e rival. Dânao, desconfiando da intenção dos sobrinhos, ordena que suas filhas matem os maridos na noite de núpcias. Todas obedecem — exceto Hipermnestra, que ama seu marido, Linceu (Lynée).

    Esse episódio mitológico é reinterpretado por Salieri com ênfase no conflito trágico, no poder da vingança, e na culpa coletiva..

    O final contém um clímax trágico impressionante, com o castigo das Danaides.

    domingo, 6 de julho de 2025

    Le serment-Abertura

    • Le Serment, uma ópera em três atos, de Daniel Auber, com libreto de Eugène Scribe e Edouard Mazères, foi encenada pela primeira vez na Académie Royale de Musique (Salle de la rue Le Peletier), em 1º de outubro de 1832.

    •  A história passa se  em Toulon, em 1800 O estalajadeiro da aldeia Andiol prefere, como futuro genro, um homem desconhecido que é secretamente um bandido e líder de um bando de falsificadores (Capitaine Jean), ao jovem fazendeiro Edmond, que é amado por sua filha Marie. 

    • Edmond descobre o segredo de Jean, mas é induzido a prometer que não revelará a verdadeira identidade de Jean. Ele parte para ser soldado, retornando como um oficial de sucesso. Marie está prestes a se casar com Jean, mas quando a verdade sobre a identidade de Jean é revelada, eles podem finalmente se casar

    ..

    sexta-feira, 4 de julho de 2025

    La straniera-Cena final,

     Acena final da ópera La Straniera, de Vincenzo Bellini, com libreto de Felice Romani, baseada no romance L’étrangère de Charles-Victor Prévost. 

    A ópera estreou em 1829 e gira em torno da misteriosa personagem Alaide, a "estrangeira", que vive isolada, escondendo sua verdadeira identidade. No desenrolar da história, Alaide é amada por Valdeburgo e por Arturo, mas por razões de Estado e honra, ela não pode revelar quem é — apenas que carrega uma dor profunda e um segredo trágico.

    Na última cena, o conflito atinge seu clímax:

    • Arturo, desesperado, mata Valdeburgo, acreditando que ele seja amante de Alaide. Depois, ao descobrir a inocência de ambos, é tomado pelo remorso e preso.

    • Alaide é acusada de ser a causa da tragédia, levada a julgamento. Durante o processo, por pouco não revela sua identidade.

    • Por fim, quando tudo parece perdido, chega uma revelação surpreendente: Alaide é, na verdade, Agnes de França, rainha repudiada pelo rei francês e irmã de Valdeburgo. Ou seja, ela sempre foi uma figura de alta nobreza, vivendo exilada sob o manto do anonimato.

    Mas o desfecho é trágico e resignado:

    Ao recuperar sua dignidade e posição, Alaide renuncia ao amor e à vida comum. Decide retornar ao exílio voluntário, isolada num convento. A coroa e a nobreza não apagam a dor e a solidão.

    A última frase costuma ser algo como:
    "Addio per sempre, addio"

    (Adeus para sempre, adeus),,

    Aqui canta