A ária "Donna non vidi mai", do primeiro ato da ópera Manon Lescaut, de Puccini, é uma das declarações de amor mais ardentes e instantâneas da história da ópera. É cantada pelo personagem Des Grieux no momento em que vê Manon pela primeira vez e se apaixona à primeira vista, de forma total e irreversível.
Logo depois de Manon chegar à estalagem de Amiens, Des Grieux a vê e fica completamente enfeitiçado. Assim que ela entra, diz algumas palavras simples, e vai embora — e ele, transtornado, canta:
Texto original (em italiano):
Donna non vidi mai
simile a questa!A dirle: "io t'amo,"
a nuova vita l'alma mia si desta."Manon Lescaut mi chiamo,"
come queste parole
profumate,
mi vagan nello spirto
e ascose fibre vanno a carezzar!
🇧🇷 Tradução (livre, poética):
Mulher nunca vi igual
a esta!Ao dizer-lhe “eu te amo”,
uma nova vida desperta em minha alma.“Chamo-me Manon Lescaut” —
essas palavras, tão perfumadas,
vagam pelo meu espírito
e acariciam-me as fibras mais secretas!
O que há de especial nessa ária?
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Amor como arrebatamento:
Não é amor racional nem construído. É impulso, paixão desmedida, um amor que nasce como incêndio — e que já prenuncia o fim trágico. -
Melodia ardente, mas contida:
A linha vocal é expansiva, mas cheia de doçura e contenção, como quem tenta expressar o inexprimível. A orquestra, por sua vez, envolve a voz com calor, deixando claro que esse amor já está selado pelo destino. -
Economia dramática:
A ária é curta — cerca de 2 minutos — mas diz tudo: quem é Manon para Des Grieux, como ele se sente, e o peso de tudo isso.
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