O libreto é de Léon de Wailly e Henri Auguste Barbier.Baseado livremente na autobiografia de Benvenuto Cellini, o célebre escultor e ourives renascentista italianoEstreou em 1838 em Paris, e foi um fracasso monumental.O público achou a obra confusa, difícil de seguir — e os músicos e cantores acharam quase impossível de executar.Berlioz ficou devastado... mas Liszt acreditava na obra e dirigiu uma versão revista em Weimar em 1852.
Sur les monts les plus sauvages uma ária de Benvenuto Cellini no Ato I.
É um dos momentos líricos mais belos da ópera e revela o lado mais íntimo e idealista do personagem. Aqui, Cellini sonha com a liberdade, o amor e a fuga com Teresa, longe de Roma e de todas as intrigas. Ele canta à ideia de um amor puro, num lugar remoto — "nos montes mais selvagens" — o que dá o tom romântico e quase pastoral
Nuit paisible et sereine! Esse duo da ópera Béatrice et Bénédict, de Hector Berlioz, é uma verdadeira joia — uma pintura sonora da noite, do repouso, da ternura partilhada num silêncio íntimo.
A ópera (comédie en deux actes) foi composta em 1862 e é baseada em Much Ado About Nothing de Shakespeare.
Este duo acontece no final do primeiro ato, e é cantado por Héro e Ursule, duas personagens femininas que se entregam ao encanto da noite.
O momento serve como um contraste calmo e contemplativo diante da comicidade leve que domina a ópera.
O texto começa com:
"Nuit paisible et sereine!
O douce nuit d'été!"
Logo sentimos a suavidade, como se o ar parasse para escutar. As vozes das duas sopranos (ou soprano e mezzo) se entrelaçam com suavidade e intimidade, como confidências sussurradas sob o luar.
tradução aproximada
"Noite pacífica e serena,
ó doce noite de verão!
O céu brilha, tranquilo,
e a brisa dorme entre as flores.
Tudo repousa nesta hora,
tudo dorme, exceto o amor..."
Aqui cantam Christiane Karg (Héro) e Ann-Beth Solvang (Ursule)
.Beatrice di Tenda é uma pérola um pouco esquecida do repertório operístico de Vincenzo Bellini, composta em 1833. Ela é a penúltima ópera de Bellini (a última foi I Puritani), e embora não tenha alcançado o mesmo sucesso imediato de Norma ou La Sonnambula, tem momentos de bela intensidade lírica e drama concentrado que valem muito a pena.
A história é baseada na vida real de Beatrice Lascaris di Tenda, uma nobre italiana do século XV. Na ópera, Beatrice é casada com Filippo Maria Visconti, duque de Milão, um homem frio e tirânico. Ela é acusada injustamente de adultério com Orombello, um jovem cavaleiro que na verdade ama Beatrice mas não é correspondido.
Apesar de sua inocência, Beatrice é condenada e executada, após uma série de traições, mal-entendidos e crueldades. É uma tragédia que evoca temas como honra, poder, inveja e injustiça, com tons políticos e psicológicos fortes para a época.
Bellini compôs essa ópera em um momento de tensão criativa com sua libretista Felice Romani (que também escreveu Norma). Isso impactou um pouco a fluidez do libreto, mas a música de Bellini brilha.
A partitura é cheia de linhas vocais longas e expressivas, marca registrada de Bellini, exigindo muito especialmente da soprano no papel-título.
A cena final de Beatrice é um dos pontos altos: profundamente emotiva, ela aceita seu destino com nobreza e tristeza, numa linha vocal de rara beleza.
aqui cantada por Valentina Farcas
Beatrice (soprano dramática) é o centro da ópera, tanto emocional quanto musicalmente. Uma personagem forte, digna, e injustiçada, que lembra um pouco figuras como Norma ou Anna Bolena em termos de carga trágica.
A estreia da ópera, em Veneza, não foi muito bem recebida. Parte disso pode ter sido por causa da enorme expectativa após o sucesso de Norma, ou mesmo pela concorrência com Donizetti na época.
Com o tempo, no entanto, Beatrice di Tenda passou a ser mais apreciada por cantoras de grande fôlego técnico e expressivo, como Joan Sutherland ou Edita Gruberová, que a trouxeram de volta aos palcos em gravações memoráveis.
Logo no início da ópera, após a destruição da cidade de Aquileia pelos hunos, Attila encontra Odabella e se impressiona com a sua força e coragem. Ele oferece-lhe uma espada como símbolo de honra. É então que Odabella canta esta ária — que na verdade é uma cavatina com cabaletta (estrutura típica da época, com duas partes contrastantes):
Cavatina – “Santo di patria”:
Um lamento quase sagrado pela perda do pai, da cidade e da honra nacional.
Cabaletta – “Allor che i forti”:
Um momento de fogo, onde jura vingança e mostra a força interior de uma mulher que não se rende.
Tradução aproximada do título:
“Santo da pátria!... Quando os valentes correm para lutar”
Attila” é uma das óperas menos conhecidas de Giuseppe Verdi
Ano de composição:
1845
Libreto:
Escrito por Temistocle Solera (e mais tarde revisto por Francesco Maria Piave), baseado na peça “Attila, König der Hunnen” de Zacharias Werner.
Estreia:
17 de março de 1846, no Teatro La Fenice, em Veneza.
👑 Contexto histórico e dramático:
“Attila” conta a história do famoso rei dos hunos — o “flagelo de Deus” — e o confronto entre o seu poder bárbaro e o orgulho patriótico romano. Como muitas óperas de Verdi do seu chamado “período patriótico”, tem temas fortes de libertação, identidade nacional e resistência ao domínio estrangeiro — temas que ressoavam profundamente com o público italiano do Risorgimento (movimento pela unificação da Itália).
🧩 Resumo da trama:
Ato I – Invasão e resistência
Attila invade a Itália com seus exércitos.
Ele encontra Odabella, uma mulher guerreira que finge submeter-se a ele, mas que na verdade quer vingar-se da morte do pai, morto pelos hunos.
Ezio, um general romano, propõe a Attila dividir o mundo: “Tu a l’universo, Roma a me!” — talvez a frase mais célebre da ópera.
Ato II – Intriga e alianças
Odabella ganha a confiança de Attila.
Ezio e Foresto (romano apaixonado por Odabella) conspiram contra os invasores.
Foresto duvida da lealdade de Odabella, mas ela garante que está do lado de Roma.
Ato III – Queda e morte
Durante um banquete de casamento, Attila tem pesadelos com um velho (o Papa Leão I) que o ameaça.
Odabella, Foresto e Ezio o confrontam e finalmente Odabella mata Attila, vingando seu pai.
Características musicais:
A ópera tem momentos intensos e guerreiros, alternados com árias emotivas e recitativos cheios de tensão.
O grande destaque vocal é a personagem de Odabella — soprano dramático, com uma das árias mais desafiadoras e arrebatadoras: “Santo di patria”.
O papel de Ezio também é marcante, com sua célebre ária “E’ gettata la mia sorte”.
O coro tem papel forte, como em outras óperas patrióticas de Verdi, sendo quase um personagem coletivo que representa o povo oprimido.
,,Perché tacer degg’io", cantada por Silvia em Ascanio in Alba, é um momento belíssimo de introspecção — uma daquelas peças onde Mozart, mesmo tão jovem, já entende a linguagem da alma.
🌿 Letra original (em italiano)
Perché tacer degg’io
l’affanno ed il martir?
Se è reo d’amarmi, oh Dio,
ben sa penar, ben sa, ben sa morir.
📜 Tradução (livre e poética)
Por que calar deverei
a dor e o sofrimento?
Se é crime amar-te, ó Deus,
sei bem sofrer, sei bem, sei bem morrer.
✨ Interpretação
Silvia está num momento de angústia interior. Ela sente amor, mas esse amor parece proibido, escondido, e talvez até culpado. Mesmo assim, ela se entrega à dor — com uma dignidade quase sagrada.
"Perché tacer degg’io" → por que devo calar? Ou seja, por que não posso expressar meu sofrimento?
"Se è reo d’amarmi, oh Dio" → se amar é um crime... ela está disposta a pagar o preço.
"ben sa penar, ben sa morir" → sabe bem sofrer, sabe até morrer... uma entrega plena.
É uma ária que mistura doçura, sofrimento e força moral — algo típico das heroínas pastorais da ópera do século XVIII, mas com o toque mozartiano de intimidade e leveza.
,Otto Nicolai foi um compositor alemão fundador da Orquestra Filarmónica de Viena e muito embora autor de 5 óperas e de diversos trabalhos para orquestra e coro, ficou conhecido sobretudo para versão em opereta da comédia de Shakespeare escrita em 1602, As alegres comadres de Windsor
A ópera "As Alegres Comadres de Windsor" (em inglês, The Merry Wives of Windsor) é uma obra composta por Otto Nicolai, estreada em 1849. É uma comédia baseada na peça de William Shakespeare de mesmo nome, e tem um clima leve, cheio de enganos, disfarces e situações engraçadas. Vamos ver alguns pontos interessantes:
🎭 A obra e sua origem
Baseada em Shakespeare: A história de "As Alegres Comadres de Windsor" de Shakespeare é uma comédia que gira em torno do personagem Sir John Falstaff, um cavaleiro gordo e cheio de charme, que tenta enganar duas mulheres casadas, Mistress Ford e Mistress Page, para conseguir dinheiro e, quem sabe, conquistar o coração delas. As mulheres, no entanto, são mais espertas do que ele imagina, e acabam dando-lhe uma lição bem-humorada.
Comédia de erros: A trama é repleta de disfarces, armadilhas e truques. As mulheres, com suas personalidades fortes, acabam se vingando de Falstaff com muita inteligência e humor, e o final é sempre alegre, com a moral de que a astúcia e a inteligência feminina prevalecem.
A obra de Nicolai, embora focada na comédia e nos enganos de Falstaff, tem também uma crítica subtil à sociedade da época, tratando de temas como orgulho, vaidade e o jogo de aparências de uma forma muito acessível ao público.
..Aroldo” é uma das obras menos encenadas e, por vezes, considerada uma “obra de transição” dentro do vasto repertório de Giuseppe Verdi. Embora não tenha o mesmo prestígio de grandes sucessos como La Traviata ou Rigoletto, “Aroldo” revela traços importantes da evolução estilística e dramática do compositor.
1. Contexto Histórico e Compositivo
Composição e Primeira Produção:
“Aroldo” foi trabalhada em um período em que Verdi já havia consolidado sua reputação, mas ainda buscava se adaptar às exigências do cenário operístico e às restrições impostas pela censura italiana do século XIX. Muitos estudiosos veem essa obra como um exercício de revisão de ideias e recursos já explorados em obras anteriores, especialmente quando comparada a “Stiffelio”, outra ópera que também tratava de temas íntimos e conflitos morais.
Desafios Censórios e Artísticos:
Assim como outros compositores de sua época, Verdi teve que lidar com limitações impostas pelas autoridades. “Aroldo” reflete parte dessas negociações, onde elementos do enredo e nuances musicais foram ajustados para se adequarem ao gosto e à moral pública, ainda que mantendo a força dramática característica de sua obra.
2. Enredo e Temáticas
Drama Humano e Moral:
O enredo de “Aroldo” explora conflitos internos e interpessoais, colocando em evidência dilemas morais, questões de honra e o impacto dos sentimentos humanos na vida dos personagens. Ao abordar relações complicadas e crises pessoais, a ópera é marcada por uma profunda carga emocional – característica que Verdi dominava com maestria.
Relação com “Stiffelio”:
Embora haja semelhanças temáticas com “Stiffelio”, “Aroldo” apresenta variações tanto no desenvolvimento dramático quanto no tratamento musical dos personagens. Essa aproximação entre as obras gera, em alguns estudos, um debate sobre o quanto “Aroldo” representa uma releitura ou uma continuação de ideias já presentes na obra anterior, oferecendo uma nova perspectiva narrativa e musical.
3. Aspectos Musicais e Dramáticos
Lirismo e Dramaticidade:
Verdi, conhecido por sua habilidade em misturar o lirismo com a intensidade dramática, utiliza em “Aroldo” tanto arias expressivas quanto conjuntos orquestrais que ressaltam momentos de tensão e resolução. Esses momentos refletem uma busca pelo equilíbrio entre a música e o drama, permitindo ao público sentir a complexidade emocional dos personagens.
Orquestração e Ritmo:
A orquestração é sofisticada e demonstra o domínio de Verdi ao explorar diferentes texturas sonoras, criando contrastes que realçam tanto a intensidade dos conflitos quanto os momentos de introspecção. As variações rítmicas e os momentos de recitativo contribuem para construir a narrativa de maneira dinâmica e envolvente.
4. Recepção e Legado
Recepção Histórica:
Embora “Aroldo” nunca tenha alcançado a mesma popularidade de outras óperas veridianas, ela sempre despertou o interesse de críticos e estudiosos por representar uma fase de experimentação e transição no pensamento artístico do compositor.
Revitalizações e Estudos Contemporâneos:
Nas últimas décadas, houve tentativas de reavaliar e reviver “Aroldo” em palcos menores e festivais de ópera, o que permitiu uma redescoberta do seu conteúdo dramático e musical. Essa revitalização tem contribuído para o debate sobre as obras menos conhecidas de Verdi e a sua importância na compreensão da evolução do estilo operístico do século XIX.
Considerações Finais
“Aroldo” pode ser encarado como um laboratório criativo onde Verdi experimentou nuances já presentes em outras composições, ajustando elementos que o ajudariam a moldar suas futuras obras-primas. Apesar de sua presença menos frequente nos palcos, o estudo e a interpretação desta ópera oferecem insights valiosos sobre o processo de composição de Verdi, as limitações e possibilidades enfrentadas pelos compositores da época e a interação entre arte e censura.
, A ópera Armida de Tommaso Traetta é uma obra fascinante dentro do repertório operático do século XVIII. Composta em 1771, ela faz parte da tradição das óperas de couraçaria e mitologia, mais especificamente inspirada na história da Armida, uma personagem da Gerusalemme Liberata (Jerusalém Libertada), o épico do poeta italiano Torquato Tasso.
🎭 Enredo
A história segue a personagem Armida, uma feiticeira que se apaixona por um cavaleiro cristão, Rinaldo, enquanto tenta seduzi-lo para distrair os cruzados. No entanto, sua paixão se transforma em amor verdadeiro, e ela se vê dividida entre seu dever de destruir Rinaldo e seu amor por ele. O drama é intenso, com temas de conflito interno, luta entre o amor e o dever, e as forças mágicas de Armida.
🎶 Música
Estilo: Traetta foi um dos compositores mais importantes do estilo galante, que era uma reação contra a complexidade excessiva do barroco, buscando uma música mais melódica e expressiva.
A ópera Armida é muito apreciada pela sua música emocionalmente rica e dramaticamente eficiente. Os recitativos e as áreas de Armida, especialmente, mostram a habilidade de Traetta em expressar o conflito interno da personagem.
A orquestração também é notável, com o uso de cores orquestrais sutis que refletem a magia e a tensão dramática da história.
🏛️ Importância Histórica
Traetta foi uma figura chave na transição entre o barroco e o clássico, e sua obra reflete a mudança de uma ênfase na complexidade da escrita para um foco maior na clareza e na expressividade emocional.
Armida foi uma das óperas mais importantes da sua época, e é vista como uma das suas melhores composições, ajudando a consolidar sua reputação.
🧙♀️ O Caráter Mágico e Emocional
O elemento mágico é central na ópera, já que Armida usa feitiçaria para tentar controlar e manipular os outros personagens, mas sua fragilidade emocional e seu amor verdadeiro acabam por tornar o espetáculo também muito humano. Isso gera uma tensão interessante, pois a música muitas vezes passa da grandeza majestosa de seus poderes mágicos para momentos delicados e vulneráveis de amor.
🎭 Cenário e Personagens
Os cenários e as atuações de Armida, como é comum nas óperas de sua época, têm uma dimensão de drama psicológico e fantasia, com a personagem central sendo complexa, não apenas uma vilã, mas uma figura tragicamente dividida entre seu amor e sua missão.
🎶 Relevância na Ópera Moderna
Embora a ópera de Traetta não seja tão conhecida como as de outros compositores contemporâneos, como Mozart ou Gluck, ela representa bem o espírito do final do período barroco e início do classicismo. Sua exploração emocional e dramática da personagem Armida ajudou a definir as bases para futuras óperas de grande intensidade emocional.
Libreto de Hugo von Hofmannsthal (o parceiro genial de Strauss).
A ópera mistura ópera séria (opera seria) com comédia burlesca, algo extremamente ousado para a época.
A ideia central é que, por capricho de um rico anfitrião, duas companhias — uma trágica e uma cômica — devem apresentar suas obras simultaneamente. O resultado: uma mistura surpreendente, às vezes absurda, e no fim... belíssima.
É uma ópera que reflete sobre a própria arte da ópera, sobre o papel do artista e da mulher, sobre o amor idealizado e o amor vivido. Ariadne, abandonada por Teseu, espera a morte — e entra em cena Zerbinetta, a personagem bufonesca, trazendo leveza, razão prática e uma visão mais “moderna” do amor.
🎭 A Ária de Zerbinetta — “Grossmächtige Prinzessin”
Aqui está um dos maiores desafios do repertório de soprano coloratura.
É brilhante, cheia de fioriture, trilos, escalas rápidas e saltos de oitava. Mas além da técnica, ela exige teatro: humor, perspicácia, charme.
Zerbinetta, com seu ar espirituoso e cínico, tenta convencer Ariadne de que o amor é mutável. Que Teseu foi só um, e que sempre virá outro — como aconteceu com ela tantas vezes.
A ária tem uma extensão vocal imensa e é estruturada quase como uma miniatura de ópera dentro da ópera. Tem trechos ágeis, cadências quase improvisadas e um final pirotécnico.
🌟
Strauss escreve para a voz feminina com um virtuosismo único, como se pintasse em vidro colorido: frágil e deslumbrante.
Zerbinetta não é apenas a alívio cômico: ela representa uma visão moderna da mulher, em contraste com o idealismo romântico e sofrido de Ariadne.
A ária é brilhante, mas também irônica. Debaixo das coloraturas há uma mensagem sobre a liberdade feminina e o direito de amar — e deixar de amar — como quiser.
o dueto final de Arabella… é como um sussurro elegante no fim de um grande baile, onde tudo parece prestes a desabar, mas não: o amor, com toda sua delicadeza e mistério, permanece de pé.
Depois de uma série de equívocos, mal-entendidos e um quase rompimento, Arabella finalmente reconhece Mandryka como o homem que merece o seu amor — o homem que ela estava à espera desde o começo. O dueto final ocorre no momento em que Arabella, com grande nobreza e ternura, oferece a ele um copo de água — um gesto tradicional de boas-vindas e aceitação no costume croata, que Mandryka havia mencionado antes.
Esse pequeno gesto carrega um peso simbólico imenso: ela está se entregando a ele, não com paixão escandalosa, mas com dignidade, compaixão e promessa de fidelidade. Um amor maduro, consciente, diferente das paixões passageiras. É ali que o coração da ópera bate mais forte.
🎼 Musicalmente
Strauss constrói esse dueto com uma contenção sublime. Nada é grandioso — é como se os instrumentos falassem baixo, em respeito à intimidade do momento. As vozes de Arabella e Mandryka se entrelaçam num diálogo suave, quase suspenso no tempo, como se o mundo à volta deixasse de existir.
É música que não arrebata com força, mas com gentileza. Ao invés de catarse, oferece consolo. Um dos versos centrais que Arabella canta é:
"Ich will dir still und rein / mein Leben übergeben..."
(Quero, calma e puramente, / entregar-te minha vida...)
Pura entrega. Sem pressa. Sem espetáculo. Apenas amor — sereno, decidido, inteiro.
Esse final é uma despedida da era romântica — Strauss parece dizer que o amor verdadeiro não precisa de escândalo ou grandes gestos. Ele vive no gesto simples de oferecer um copo de água com as mãos nuas. É também, talvez, uma despedida de uma Viena que está morrendo, de um mundo que vai se apagando, mas onde ainda existe espaço para algo puro..
Arabella é uma ópera encantadora do compositor Richard Strauss, com libreto de Hugo von Hofmannsthal — o último fruto da longa e célebre colaboração entre os dois. Estreou em 1933, em Dresden.
Aqui vão alguns pontos interessantes sobre ela:
🎭 Enredo
A história se passa em Viena, na década de 1860, e gira em torno de Arabella, a filha mais velha da família Waldner, uma jovem que busca um amor verdadeiro em meio à decadência financeira da família. O pai espera casá-la com um homem rico, mas Arabella está à espera do "certo", do seu "Mr. Right", que aparece na figura de Mandryka, um rico e excêntrico aristocrata das regiões balcânicas.
Como é comum em Strauss, há trocas de identidade, confusões de gênero (a irmã mais nova, Zdenka, é criada como rapaz), e um desfecho que equilibra o drama com um toque de redenção romântica.
🎶 Música
A música de Arabella é rica, refinada e lírica, típica de Strauss nos seus momentos mais elegantes. Embora menos grandiosa que Der Rosenkavalier, possui um lirismo íntimo que muitos consideram mais maduro e emocionalmente comedido. Os duetos e árias são belíssimos, sobretudo o final — o dueto entre Arabella e Mandryka, cheio de doçura e resignação.
🖋️ Curiosidade
Hofmannsthal morreu antes de completar o libreto, e Strauss teve de finalizar a ópera com base em esboços. Isso dá ao libreto um certo ar de inacabado, mas também um lirismo melancólico que combina com a atmosfera da obra.
💭 Impressão geral
Arabella é sobre a busca da pureza num mundo corrompido pelas aparências e pela decadência moral. É mais interior, mais contida, mas também muito comovente para quem se entrega à sua sutileza.
o dueto “Natus cadit, atque Deus”, momento chave e comovente da ópera Apollo et Hyacinthus, é cantado após a morte de Jacinto, no terceiro ato.
Trata-se de um lamento pungente, em que Apolo expressa sua dor e transforma Jacinto numa flor. Melia também participa do momento, compartilhando a perda.
🎭 Tradução aproximada do texto latino:
Apolo: “Natus cadit, atque Deus,
funus parat et florem creat.”
"O filho morre, e o deus
prepara-lhe os funerais e cria uma flor."
Melia (com Apolo, em diálogo ou eco):
"Ele cai, e o deus, em dor,
planta uma flor em memória."
🌸 Sentido poético:
O dueto funde o divino com o humano: Apolo, um deus, vive o luto como um mortal. Em vez de vingança ou fúria, há criação — nasce o jacinto, flor símbolo da beleza efêmera e do amor imortalizado pela natureza.
A música é suave, lírica, contida — uma dor que se expressa mais por ternura do que por desespero.
.Give me my robe” — que momento belíssimo e fatal! Essa ária é o final da Cleópatra na ópera Antony and Cleopatra de Samuel Barber, baseada no Ato V da peça de Shakespeare. É o canto da despedida, da realeza caída que decide morrer com dignidade, vestida para a eternidade.
🎭 Contexto dramático
Cleópatra, derrotada, enlutada por António, recusa ser exibida como troféu por César. Decide morrer como rainha, dona do seu destino. Chama suas criadas, pede seu “manto” — “Give me my robe” — e prepara-se para a picada da áspide. A morte torna-se uma cerimônia, um ritual de poder, não de derrota.
🎶 Características musicais
Texto: Retirado quase diretamente de Shakespeare (Ato V, Cena II). Exemplo:
"Give me my robe, put on my crown; I have
Immortal longings in me..."
Tom: A ária começa com uma serenidade solene, quase etérea. Há uma aceitação tranquila, quase mística. Cleópatra não suplica, afirma.
Orquestração: Barber tece uma teia de cordas delicadas, suaves madeiras, e um acompanhamento que cresce em intensidade emocional à medida que a ária se aproxima do fim.
Vocalmente: É uma das passagens mais exigentes e sublimes da ópera. A voz precisa equilibrar majestade, resignação e uma ponta de êxtase — Leontyne Price imortalizou essa interpretação na estreia.
Samuel Barber – Antony and Cleopatra (1966)
Libreto: Adaptado por Franco Zeffirelli a partir da tragédia de Shakespeare.
Estreia: 1966, abertura do novo Metropolitan Opera House, Lincoln Center, Nova Iorque.
🎼
Contexto e ambição
Encomendada como a grande obra inaugural do novo Met, com cenários grandiosos, Zeffirelli a dirigir e a desenhar cenografia e figurinos, Leontyne Price no papel de Cleópatra — ou seja, tudo prometia.
Barber já era consagrado, conhecido por obras líricas, emotivas e refinadas (Adagio for Strings, Knoxville: Summer of 1915).
⚔️
Problemas na estreia
A produção foi... colossal demais. Palcos giratórios, trajes pesadíssimos, coroções, exércitos em cena. Tudo muito mais teatro do que música.
O libreto foi criticado por ser demasiado fiel ao texto de Shakespeare, tornando-se pesado e pouco cantável.
Resultado: apesar de momentos musicais belíssimos, a obra foi considerada um fracasso e desapareceu dos palcos por anos.
Reabilitação
Em 1975, Barber reviu a partitura, simplificou orquestrações e estrutura. A nova versão foi bem mais bem recebida.
Hoje em dia, há um certo culto em torno da ópera, que é reconhecida pela sua beleza orquestral e pelos momentos líricos intensos — especialmente nas árias de Cleópatra.
Música
A escrita vocal é exigente e luxuriante. Cleópatra tem algumas das passagens mais desafiadoras e poéticas da ópera americana do século XX.
A orquestração tem a marca de Barber: rica, colorida, sensual.
Destaca-se o final — a morte de Cleópatra — como um dos trechos mais tocantes.
Andrea Chénier" é uma ópera em quatro atos composta por Umberto Giordano, com libreto de Luigi Illica.Estreou em 28 de março de 1896 no Teatro alla Scala, em Milão.A narrativa é inspirada na vida do poeta francês André Chénier (1762–1794), que foi executado durante a Revolução Francesa.
Contexto Histórico e Composição
Situada no período turbulento da Revolução Francesa, a ópera explora temas de amor, idealismo e sacrifício em meio ao caos político.Giordano utiliza melodias intensas e emotivas para refletir as paixões e conflitos dos personagens, incorporando elementos veristas que enfatizam a realidade humana e emocional da história.
Personagens Principais
Andrea Chénier: Poeta idealista e protagonista da história.
Maddalena di Coigny: Jovem aristocrata que se apaixona por Chénier.
Carlo Gérard: Ex-servo que se torna líder revolucionário e também nutre sentimentos por Maddalena.
Sinopse
Ato I: No Château de Coigny, durante uma festa aristocrática, Chénier critica a indiferença da nobreza perante o sofrimento do povo. Gérard, então servo, expressa seu descontentamento com a aristocracia e lidera uma invasão de plebeus na festa.
Ato II: Anos depois, durante o Reino do Terror, Chénier vive como poeta proscrito. Ele encontra Maddalena, agora empobrecida após a morte de sua mãe durante a revolução. Eles confessam seu amor, mas são interrompidos por Gérard, que tenta capturar Chénier. Em um duelo, Chénier fere Gérard, que, arrependido, permite que ele fuja.
Ato III: Chénier é capturado e levado a julgamento sob acusações falsas. Maddalena implora a Gérard que salve Chénier, oferecendo-se em troca. Gérard, movido por remorso, tenta interceder, mas o tribunal condena Chénier à guilhotina.
Ato IV: Na prisão de Saint-Lazare, Chénier aguarda a execução. Maddalena troca de lugar com outra prisioneira para morrer ao lado de Chénier. Juntos, enfrentam a morte declarando seu amor eterno.
Destaques Musicais
A ópera é conhecida por suas árias emotivas e exigentes, incluindo:
"Un dì all'azzurro spazio": Ária de Chénier no Ato I, onde expressa sua paixão pela liberdade e pela poesia.
"La mamma morta": Ária de Maddalena no Ato III, descrevendo a morte de sua mãe e seu desespero.
"Nemico della patria": Ária de Gérard no Ato III, refletindo sobre sua desilusão com a revolução.
"Andrea Chénier" não possui uma abertura tradicional como algumas óperas.Em vez disso, começa com uma breve introdução orquestral que estabelece o ambiente da cena inicial.Essa introdução retrata a atmosfera decadente de uma festa aristocrática no Château de Coigny, pouco antes da Revolução Francesa.A música inicial reflete a opulência e frivolidade da nobreza, contrastando posteriormente com temas mais sombrios que prenunciam os eventos revolucionários que se desenrolarão ao longo da ópera
aqui
Luciano Pavarotti Colpito...Un di al azurro spazio
Amadis de Gaule é uma ópera de Jean-Baptiste Lully, composta em 1684, baseada na famosa lenda medieval de Amadis, um cavaleiro andante do ciclo arturiano. A obra pertence ao gênero da tragédie en musique, uma forma de ópera francesa desenvolvida por Lully e seu libretista Philippe Quinault, caracterizada por uma fusão de música, dança e declamação dramática.
Características marcantes da ópera:
Temática cavalheiresca: Diferente de outras tragédias líricas de Lully, que exploravam mitologia greco-romana, Amadis de Gaule mergulha no universo medieval dos cavaleiros e do amor cortês.
Atmosfera mais íntima e introspectiva: A ópera enfatiza o conflito emocional do protagonista, Amadis, seu amor por Oriane e as intrigas mágicas ao redor deles.
Uso expressivo do coro e da dança: Como era típico do estilo francês, os ballets e os interlúdios orquestrais desempenham um papel essencial na narrativa.
Influência sobre a ópera francesa posterior: Com sua combinação de grandiosidade e lirismo, influenciou compositores como Rameau e Gluck.
A história foi posteriormente revisitada por Johann Christian Bach, que compôs outra ópera com o mesmo título (Amadis de Gaule, 1779), adaptando a lenda ao gosto do século XVIII, com uma escrita musical mais próxima do classicismo.
A Scène des Captifs (Cena dos Cativos) é um dos momentos mais dramáticos e marcantes da ópera Amadis de Gaule, de Jean-Baptiste Lully. Ela ocorre no Ato III, quando Amadis é capturado e aprisionado pelos encantamentos da feiticeira Arcabonne.
O que torna essa cena especial?
Atmosfera sombria e opressiva – A música usa harmonias pesadas e um coro de cativos que expressam seu sofrimento e desespero, criando um efeito trágico intenso.
Coro dos prisioneiros – A presença do coro enfatiza a dor coletiva, algo raro nas óperas da época, e amplifica o impacto emocional.
A fraqueza de Amadis – Neste momento, o herói se vê sem saída, enfraquecido pelos encantamentos, o que cria um contraste forte com sua habitual coragem.
Orquestração expressiva – Lully utiliza a orquestra para evocar a opressão da prisão e a sensação de impotência dos cativos.
Este trecho é um dos pontos altos da ópera, pois antecipa o combate e a redenção final de Amadis. Ele também destaca o talento de Lully em criar uma dramaturgia musical poderosa, utilizando a voz do coro para amplificar o impacto emocional.
A ária "Irne lungi ancor dovrei..." pertence à ópera Alzira de Giuseppe Verdi e é cantada pelo personagem Zamoro, o líder indígena que luta contra os colonizadores espanhóis.
🔹
Neste momento da ópera, Zamoro expressa seu sofrimento e sua incerteza. Ele se pergunta se deveria continuar distante ou se deve lutar para reconquistar Alzira, sua amada. A ária é carregada de emoção, refletindo tanto a dor da separação quanto a sua determinação.
A ária "No! Non m'ingannai" é uma peça da ópera Alfredo il Grande, composta por Gaetano Donizetti em 1823.Esta ópera, que retrata a vida do rei inglês Alfredo, o Grande, é uma das obras menos conhecidas de Donizetti e raramente é apresentada nos palcos atuais.
A ária "No! Non m'ingannai" destaca-se por sua intensidade emocional e complexidade vocal, refletindo o estilo belcantista característico das composições de Donizetti.
Embora a ópera completa não seja amplamente disponível, esta ária foi gravada por artistas renomados.Uma interpretação notável é a do tenor Bruce Ford, acompanhado pela Philharmonia Orchestra sob a regência de David Parry,
Devido à raridade das apresentações de Alfredo il Grande, encontrar gravações integrais da ópera pode ser desafiador.No entanto, árias individuais como "No! Non m'ingannai" oferecem uma visão valiosa do talento de Donizetti em compor peças que exigem grande habilidade técnica e expressividade dos intérpretes..
A ária "Jungfrau Maria" de Alessandro Stradella, de Friedrich von Flotow, é uma oração dirigida à Virgem Maria. Embora a letra exata possa variar em algumas interpretações, a essência do texto geralmente expressa súplica e devoção, algo como:
"Virgem Maria, mãe de bondade,
Ouve minha prece em dor e aflição.
Guia-me na sombra, traz-me a verdade,
Dá-me esperança e tua proteção."
A melodia dessa ária é suave e reverente, refletindo o tom sacro da súplica. É um momento de recolhimento e fé dentro da ópera, contrastando com as passagens mais dramáticas.,
Essa obra, estreada em 1735, é uma das joias do barroco operístico, repleta de magia, paixão e virtuosismo vocal.
A história baseia-se no poema épico Orlando Furioso, de Ludovico Ariosto, e gira em torno da feiticeira Alcina, que seduz cavaleiros e os transforma em animais ou objetos quando se cansa deles.
No entanto, ela se apaixona genuinamente por Ruggiero, que está sob seu feitiço. Com a ajuda de Bradamante (disfarçada de homem), Ruggiero desperta para a realidade e consegue escapar da ilusão de Alcina, levando ao colapso do seu mundo mágico.
A ópera é um banquete de belas árias, como "Verdi prati", onde Ruggiero lamenta a ilusão do paraíso de Alcina, e "Ah! mio cor", um dos momentos mais intensos da protagonista. A música combina expressividade profunda e técnica requintada, típica de Händel.
.A ária "Ombra del padre mio" pertence à ópera Alahor in Granata, composta por Gaetano Donizetti em 1826. Esta ópera, uma das menos conhecidas do compositor, foi escrita durante seu período inicial e estreou no Teatro Carolino, em Palermo.
Sobre a Ópera: Alahor in Granata
A ópera se passa na Granada mourisca, explorando um enredo de amor e conflito com influências do exotismo espanhol, um tema recorrente no bel canto da época.
Embora não tenha alcançado a fama de outras obras de Donizetti, como Lucia di Lammermoor ou L’elisir d’amore, Alahor in Granata mostra o talento precoce do compositor na escrita vocal expressiva e na orquestração evocativa.
Esta ária é uma das passagens mais marcantes da ópera.
O título significa "Sombra de meu pai", sugerindo um momento de introspecção e emoção intensa, provavelmente uma cena de conflito interno ou memória.
Sendo uma obra do início da carreira de Donizetti, carrega influências de Rossini, com linhas vocais ornamentadas e exigência de grande expressividade dramática.
A ária "Io son l’umile ancella" (Eu sou a humilde serva) é cantada por Adriana no primeiro ato da ópera Adriana Lecouvreur.
Nela, Adriana declara que é apenas uma serva da arte, uma intérprete que dá voz às palavras dos poetas, sem se colocar acima da obra. Ela vê sua missão como algo sagrado, sendo apenas o meio pelo qual a poesia ganha vida no palco.
A grande Mirella Freni diz
Io son l’umile ancella
del genio creator,
ei m’offre la favella,
io la diffondo ai cor."
Essa ária é uma grande homenagem à arte e à humildade do intérprete, sendo uma das mais belas do repertório soprano. Ela tem um lirismo intenso e expressa a paixão de Adriana pelo teatro, algo que será crucial na tragédia da ópera..
A ária "Che le nostre anime" da ópera Adelia de Donizetti é um momento de grande lirismo e emoção, onde a personagem expressa sentimentos profundos de amor e destino compartilhado.
O título pode ser traduzido como "Que as nossas almas...", sugerindo uma reflexão sobre a união espiritual dos amantes, provavelmente abordando fidelidade, esperança ou resignação diante das circunstâncias..
Occhi miei, piangeste assai" é uma cavatina da ópera Adelaide di Borgogna, composta por Gioachino Rossini em 1817. A ópera, baseada na vida da rainha Adelaide da Borgonha, estreou no Teatro Argentina, em Roma, no dia 27 de dezembro de 1817.
A cavatina "Occhi miei, piangeste assai" é cantada pela protagonista Adelaide no Ato I. A ária expressa profunda tristeza e resignação, pois Adelaide lamenta sua situação difícil e as adversidades que enfrenta.
Meus olhos, já chorastes bastante, enxuguem agora as lágrimas. Jamais um vil suspeita virá perturbar minha alma. Sim, meu coração me diz que ainda poderei ter alegria:
Nesta ária, Giocondo lamenta a separação de Clarice devido a uma tempestade e expressa seu ciúme ao imaginar Clarice nos braços de um rival. Ele guarda na memória os olhos dela, mas sente que eles não têm um olhar sereno para ele. Ele apela ao amor para que, se sua longa fidelidade mereça alguma recompensa, que o ajude a esquecer essa grande beleza que é a causa de sua dor..
,A ária "Noi donne poverine" é cantada pela personagem Serpetta, que é uma criada na ópera. Serpetta está envolvida em várias situações cômicas e também expressa emoções conflitantes ao longo da obra. Nesta ária, ela reflete sobre as dificuldades da vida das mulheres, especialmente as mulheres pobres, um tema que, embora tratado com humor, também carrega um tom de reflexão social. Ela se lamenta sobre a situação das mulheres que, mesmo enfrentando dificuldades, devem ser pacientes e aguardar para que as coisas melhorem.
A conta do casamento é uma farsa musicada aos 18 anos por Gioachino Rossini, com libreto de Gaetano Rossi. Foi encenada pela primeira vez no Teatro San Moisè de Veneza em 3 de novembro de 1810.
Edoardo é o jovem apaixonado por Elvira, mas que está enfrentando as dificuldades de um casamento arranjado e de um contrato de casamento que foi imposto por Fabrizio, o pai de Elvira. Durante a ópera, ele expressa sua frustração com a rapidez com que os eventos estão se desenrolando, especialmente porque ele é interrompido no momento em que tenta expressar sua paixão verdadeira.
A ária "Grazie, grazie, troppo presto" ocorre após um dos momentos de grande agitação, onde Edoardo tenta ser grato pela atenção que está recebendo, mas a situação está acontecendo de forma tão rápida e sem consideração pelos sentimentos dele que ele canta ironicamente: "Grazie, grazie, troppo presto" ("Obrigado, obrigado, muito rápido").,
Thaïs é uma ópera em três atos de Jules Massenet para um libreto em francês de Louis Gallet, com base no romance homônimo de Anatole France.
Foi apresentada pela primeira vez no teatro da Ópera de Paris em 16 de março de 1894, com a soprano norte-americana Sybil Sanderson, para quem Massenet escreveu o papel-título.
Ambientada no Egito durante a época romana, conta a história de Athanaël, um monge cenobita que tenta converter Thaïs, uma cortesã de Alexandria e devota de Vênus, à Cristandade, embora sem muito êxito.
A meditação, passagem mais famosa da ópera, é executada como interlúdio entre duas cenas do segundo ato, e faz parte do repertório clássico tradicional, sendo executada normalmente como peça de concerto..
.Salomão canta esta ária no momento em que ele expressa sua fascinação e a confiança em seu próprio poder e sabedoria, bem como seu encantamento pelo que ele ouve. É um dos momentos mais significativos da obra, tanto musical quanto dramaticamente.
Contexto e Significado da Ária
A ária "Magische Töne" ocorre no contexto da visita da Rainha de Sabá, que chega à corte de Salomão com grande expectativa. No entanto, Salomão, sendo um homem de grande sabedoria e poder, tem uma atitude de autoconfiança e serenidade, ao mesmo tempo em que tenta cativar a Rainha com sua sabedoria e suas qualidades mágicas (no sentido de encantamento e grandeza). Na ária, ele expressa sua visão de como sua música e sabedoria são "mágicas", encantadoras e irresistíveis.
Características Musicais
Musicalmente, "Magische Töne" é uma ária cheia de brilho e elegância, que reflete a posição de Salomão como um líder majestoso e quase místico. A música possui uma melodia envolvente e fluida, que evoca um certo encantamento — como o próprio nome "tons mágicos" sugere. Ela é escrita de maneira que permite ao cantor mostrar grande habilidade vocal, com passagens melódicas que podem ser tanto delicadas quanto grandiosas.
O uso da orquestra também é notável, com acordes ricos e cintilantes que acompanham Salomão, complementando a ideia de que ele está tocando ou criando algo maravilhoso e encantador com suas palavras e sua música.
A Importância Dramática
A ária é crucial para a caracterização de Salomão. Ao cantá-la, ele se posiciona como um personagem sábio, quase "divino" em sua percepção do mundo e da realidade, o que fortalece a ideia de que ele é uma figura poderosa, além de ser o centro da atenção para a Rainha de Sabá e os outros personagens. Ela também ajuda a desenvolver a tensão e o encantamento entre os dois personagens principais, Salomão e a Rainha de Sabá, que se atraem, mas estão envolvidos em uma relação cheia de intriga e desejos conflitantes.
Conclusão
A ária "Magische Töne" de Salomão é um momento musical e dramático muito importante na opereta A Rainha de Sabá. Ela exemplifica bem o estilo de Suppé, que mescla melodia agradável com uma rica orquestração, criando um momento que tanto exibe a beleza da música quanto a profundidade do personagem. Salomão, nesta ária, não só expressa sua própria grandiosidade, mas também prepara o palco para a interação com a Rainha de Sabá, ajudando a construir o clima encantador e místico da história.
.A ária "Du pauvre seul ami fidèle", da ópera "La Muette de Portici", é uma das passagens mais conhecidas dessa obra de Daniel Auber, composta em 1828. A ópera é notável por ser uma das primeiras do repertório francês a apresentar temas de política e revolta popular, e "La Muette de Portici" é considerada uma das óperas fundadoras da tradição romântica na música francesa.
Masaniello é o líder do movimento popular que ocorre durante a revolta em Nápoles, e a ópera se passa em um contexto de agitação política. Masaniello expressa sua solidão e seu sofrimento.
Masaniello lamenta a perda de sua única amizade fiel. O "pobre amigo fiel" a que ele se refere é seu grande amigo e aliado, que ele sente ter sido perdido ou traído. Masaniello se vê só, desiludido e vulnerável, e essa ária reflete a profundidade de seu sofrimento pessoal em meio à revolta que ele está liderando.
A área "Il mio ben sospiro e chiamo" é uma das passagens mais encantadoras e expressivas da ópera "La scala di seta" de Gioachino Rossini.
Ela é cantada por Giulia no ato 1 e expressa profundamente o desejo e o sofrimento da personagem por seu amado Lindoro.
Características da Ária:
Contexto da Ária: Giulia está apaixonada por Lindoro, mas as circunstâncias impedem que eles fiquem juntos, e ela canta esta ária para expressar seu amor e sua dor.
A ária reflete sua luta interna e sua ansiedade enquanto ela tenta lidar com as situações que a separam de seu amor verdadeiro.
Melodia e Expressão Vocal: A melodia de "Il mio ben sospiro e chiamo" é muito expressiva e dramática, mas também possui uma suavidade melódica que é característica do estilo romântico de Rossini.
A linha vocal de Giulia é lírica e flui com facilidade, transmitindo o anseio e o desejo da personagem por Lindoro.
Sentimentos de Amor e Desespero:
A letra da ária transmite a ideia de que Giulia suspira e chama pelo seu amado, expressando a distância emocional e a frustração da personagem.
A música reflete esse desespero de forma muito eficaz, utilizando dinâmicas suaves e modulações harmônicas que aumentam a intensidade emocional.
Técnica Vocal e Características de Rossini: Como muitas outras árias de Rossini, esta peça exige grande destreza vocal, especialmente em termos de controle de dinâmicas e a capacidade de alternar entre momentos mais suaves e mais intensos.
A ária também faz uso de técnicas de canto lírico, com Giulia sendo desafiada a sustentar longas notas e ornamentar a melodia com floreios vocais.
Papel na Narrativa: Musicalmente, a ária serve para aprofundar o caráter de Giulia, revelando sua sensibilidade e o seu sofrimento. Ela é central para o desenvolvimento emocional da personagem, já que transmite sua angústia e a intensidade de seu amor por Lindoro.
Conclusão:
"Il mio ben sospiro e chiamo" é uma das árias mais belas e emotivas de "La scala di seta", destacando-se pelo seu lirismo, expressividade e habilidade técnica. A peça ilustra muito bem a capacidade de Rossini de combinar beleza melódica com a profundidade emocional dos personagens, mantendo o humor e a leveza típicos da opera buffa, mas também explorando momentos de grande tensão emocional.
Este é um dos momentos mais sombrios e dramáticos da ópera, quando Joana, após ser capturada, tem um monólogo onde ela se despede de seus amigos e de sua terra.
A música aqui é profundamente comovente, com Tchaikovsky usando a orquestra de maneira contida para criar um ambiente de desespero e aceitação do destino.
A melodia é cheia de sofrimento, mas também de dignidade, refletindo o caráter de Joana, que aceita sua morte com grande coragem.
O dueto "Come ti piace imponi" é uma das cenas mais belas e dramáticas da ópera La Clemenza di Tito, composta por Wolfgang Amadeus Mozart. A ópera estreou em 1791 e foi uma das últimas obras de Mozart antes de sua morte. A peça é um exemplo maravilhoso do estilo operático de Mozart, combinando emoção intensa e grande virtuosismo vocal.
O dueto ocorre no segundo ato e é cantado por Vitellia e Sesto. Nesse momento, Vitellia manipula Sesto, seu antigo amigo e amante, para que ele execute uma ação traiçoeira: matar o imperador Tito. A beleza do dueto é amplificada pela tensão emocional que se cria entre os dois personagens. Vitellia, com sua sedução e manipulação, convence Sesto a cometer um crime que ele relutava em realizar.
Musicalmente, o dueto é uma obra-prima. As melodias são intensas, cheias de contrastes, e o uso de harmonias e dissonâncias reflete perfeitamente a luta interna de Sesto, entre o amor por Vitellia e sua lealdade a Tito. A interação vocal entre os dois personagens é complexa, com Mozart usando diferentes texturas para expressar as diferentes emoções dos personagens.
Em resumo, "Come ti piace imponi" é uma parte crucial da ópera, pois não só demonstra a manipulação de Vitellia, mas também serve como um ponto de virada para o destino trágico de Sesto, tornando-se uma das passagens mais emblemáticas e emocionantes de La Clemenza di Tito.