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quinta-feira, 19 de junho de 2025

Julio Cesar--V’adoro pupille

A ária "V’adoro, pupille" é uma das mais célebres e sensuais de toda a ópera Giulio Cesare in Egitto de George Frideric Handel. Trata-se de uma peça de rara beleza, cheia de sedução e lirismo, situada num momento-chave da dramaturgia.

Contexto dramático

  • Ato: II

  • Personagem: Cleópatra, disfarçada de "Lídia"

  • Situação:
    Cleópatra tenta conquistar Júlio César usando o disfarce de uma sacerdotisa chamada Lídia. Para seduzi-lo, prepara um espetáculo sensual e refinado no seu palácio. A ária "V’adoro, pupille" é o ponto alto desse momento — ela canta enquanto César assiste, encantado.


V’adoro, pupille,
saette d’amore,
le vostre faville
son grate nel sen.

Pietose vi bramo,
languire mi fate,
o luci care,
parlate al cor.

Tradução aproximada:

Adoro-vos, ó olhos,
setas do amor,
vossas centelhas
são doces ao meu peito.

Desejo-vos piedosos,
fazeis-me languir,
ó olhos queridos,
falai ao coração.


🎼 Características musicais

  • Andamento: geralmente Largo ou Larghetto, com andamento calmo e sedutor.

  • Escrita em estilo cantábile, com frases longas, ornamentadas e expressivas.

  • Handel faz uso de uma orquestra dividida:

    • Uma orquestra no palco (musica di scena), que representa o concerto encenado para César;

    • E a orquestra no fosso, que acompanha a voz da cantora (Cleópatra).
      Esse duplo efeito cria uma atmosfera de teatro dentro do teatro, muito rica musicalmente

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Julio Cesar--Abertura

A ópera Giulio Cesare in Egitto (Júlio César no Egito), de George Frideric Handel, é uma das mais celebradas óperas barrocas e uma obra-prima do repertório operístico.


🎭 Informações gerais

  • Título: Giulio Cesare in Egitto (Júlio César no Egito)

  • Compositor: George Frideric Handel (1685–1759)

  • Libretista: Nicola Francesco Haym, baseado em libretos anteriores de Bussani

  • Estreia: 20 de fevereiro de 1724, King's Theatre, Londres

  • Língua: Italiano

  • Gênero: Ópera séria em três atos


📜 Enredo resumido

A ópera  passa se  no Egito, após a vitória de Júlio César sobre Pompeu. É uma história de política, paixão e vingança, baseada em personagens históricos, mas com bastante liberdade poética.

Personagens principais:

  • Giulio Cesare (Júlio César) – general romano

  • Cleopatra – princesa egípcia ambiciosa e astuta

  • Tolomeo – irmão e rival de Cleópatra

  • Cornelia – viúva de Pompeu

  • Sesto (Sesto Pompeo) – filho de Pompeu, busca vingar a morte do pai

Resumo do enredo:

  • César chega ao Egito e se depara com o assassinato de Pompeu, entregue como um gesto de boa vontade por Tolomeo.

  • Cornelia e Sesto juram vingança.

  • Cleópatra, disfarçada de "Lídia", tenta seduzir César para ganhar apoio contra seu irmão.

  • Uma série de intrigas se desenrola, com Cleópatra e César apaixonando-se de verdade.

  • No final, Tolomeo é derrotado, Cleópatra é coroada rainha, e César parte vitorioso.

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quarta-feira, 11 de junho de 2025

Iolanta-Otchego eto prezhde ne znala?

Otchego eto prezhde ne znala?"

("Por que nunca soube disso antes?")
🟡 Cena da descoberta da cegueira  da opera Iolanta de Tchaikovsky

  • Iolanta começa a perceber, pela primeira vez, que algo lhe falta. É um momento lírico e psicológico profundo, com tensão crescente e melodia fluida.

  • Uma das peças mais emotivas e introspectivas da ópera.

  • aqui canta Ekaterina Goncharova

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Il turco in Italia-Non si da follia

Nessa ária, Fiorilla afirma seu desejo de liberdade amorosa, rejeitando a monotonia de amar apenas uma pessoa. A metáfora da abelha, do vento e do rio — que nunca se fixam num só lugar — reforça essa ânsia por variedade, mudança e espontaneidade emocional. É um momento de humor e de virtuosismo vocal, com muitas passagens ágeis típicas do Rossini buffo.


Uma das árias mais célebres de Rossini. Fiorilla celebra o prazer de flertar, cheia de coloraturas, agilidade e travessura vocal.


Não há loucura maior
do que amar um único objeto:

o prazer do dia a dia traz tédio,
não deleite.

A abelha, o vento e o rio
não amam só uma flor;

assim quero eu, coração volúvel,
amar assim—e querer mudar!”

Aqui canta Eva Zalenga ..

Il trovatore-Per me,ora fatale

o trecho “Per me, ora fatale”, cantado pelo barítono Conte di Luna no Ato III de Il Trovatore. É um momento intenso de possessividade e paixão desequilibrada.

Nessa curta mas poderosa ária, o Conde oscila entre o desejo e a raiva. Ele vê Leonora como um troféu, e o fato de ela escolher Manrico o enlouquece.

Hora fatal para mim!
Esse raio sereno (o olhar dela)
rouba do meu peito
toda a paz do coração!

Aquele sorriso abençoado,
ao qual sempre meu destino
se volta tremendo,
desperta em mim a fúria!


Il Trovatore-E deggio e posso crederlo

. O conde entra em cena dizendo "Não... nunca ", declarando que entra ali para que ela seja dele. 


 Avançando em direcção a Leonora, mas Manrico interpõe-se de repente entre ambos. 

Inicia-se então um trio, quando Leonora, canta "E deggio e posso crederlo" "Devo e posso acreditar ? vejo-te a meu lado será isto um sonho, um êxtase ou um encontro sobrenatural ? O meu coração arrebatado e surpreendido não pode resistir a tanto júbilo Desceste do céu ou estou no céu contigo ?" 

pois tanto ela como Luna julgavam que Manrico havia morrido. 

 Violenta troca de palavras entre os rivais, porém o aparecimento dos soldados de Manrico, ajuda a que Manrico fuja com Leonora. 

 Aqui cantam Milnes - Pavarotti e Eva Marton

sábado, 7 de junho de 2025

I due Foscari (X)

A segunda cena do 3ºacto começa com o Doge no seus aposentos chorando a partida do filho enquanto Lucrecia lhe vem dizer que o filho tinha morrido.

Afinal o verdadeiro culpado havia confessado e crime e o seu filho tinha morrido em vão
Depois dela sair aparece o Concelho dos Dez que pede ao Doge para abdicar.

DOGE:
Egli ora parte! . . . Ed innocente parte! . . .
Ed io non ebbi per salvarlo un detto! . . .
Morte immatura mi rapia tre figli!
Io, vecchio, vivo
per vedermi il quarto
tolto per sempre da un infame esilio!

Oh, morto fossi allora,
che quest'inutil peso
sul capo mio posava!
Almen veduto avrei
d'intorno a me spirante i figli miei!
Solo ora sono! . . . e sul confin degli anni
mi schiudono il sepolcro atroci affanni.



DOGE:
Barbarigo, che rechi!

BARBARIGO:
Morente
a me un Erizzo inviò questo scritto.
Da lui solo Donato trafitto
ei confessa, ed ogn'altro innocente . . .

DOGE:
Ciel pietoso! Il mio affanno hai veduto!
A me un figlio volesti reso!


LUCREZIA:
Ah, più figli, infelice, non hai.
Nel partir l'innocente spirò . . .

DOGE:
Ed il cielo placato sperai!
Me infelice! Più figlio non ho!


LUCREZIA:
Più non vive! L'innocente
s'involava a'suoi tiranni;
forse in cielo degli affanni
la mercede ritrovò.
Sorga in Foscari possente
più del duolo or la vendetta . . .
Tanto sangue un figlio aspetta,

quante lagrime versò..

I due Foscari-Abertura

A ópera I due Foscari (Os Dois Foscari) é uma das obras mais sombrias e intensamente trágicas de Giuseppe Verdi, composta em 1844, baseada em um drama de Lord Byron. É a sexta ópera de Verdi e marca um momento de maturação expressiva e emocional em sua carreira, mesmo ainda dentro da estética do bel canto tardio.


⚖️ Enredo em resumo

Ambientada na Veneza do século XV, a ópera gira em torno de dois personagens históricos:

  • Francesco Foscari, o idoso doge de Veneza (o mais alto magistrado da República),

  • E seu filho, Jacopo Foscari, acusado de traição e exilado injustamente.

A tensão central é o conflito entre o dever de Estado e os laços de sangue. Francesco, como Doge, é obrigado a sancionar o exílio de seu próprio filho, mesmo sabendo que ele é inocente. Jacopo, por sua vez, definha física e psicologicamente sob a injustiça, enquanto sua esposa Lucrezia Contarini luta desesperadamente para salvar o marido.

Temas centrais

  • A impiedade da política,

  • A tragédia familiar,

  • O sofrimento silencioso do poder,

  • A decadência moral sob a aparência da honra republicana.

Características musicais

Verdi aqui começa a mostrar traços de sua força dramática madura:

  • Orquestração mais sombria e dramática, com uso expressivo de metais e cordas graves.

  • Árias e ensembles densos, carregados de pathos. Por exemplo:

    • A ária de Jacopo: "È sogno? o realtà?" é um dos momentos mais emocionantes da ópera, retratando seu desespero e confusão.

    • Lucrezia tem momentos de brilho vocal heroico, à semelhança de outras heroínas verdianas (como Abigaille ou Elvira).

    • O Doge, Francesco, canta a magnífica e trágica "Questa è dunque la giustizia?" — lamento profundo de um pai e magistrado ao mesmo tempo.

Personagens principais

  • Francesco Foscari (barítono) – símbolo da impotência moral diante do poder.

  • Jacopo Foscari (tenor) – mártir político e emocional.

  • Lucrezia Contarini (soprano) – figura forte e passional, que antecipa muitas das grandes heroínas de Verdi.

  • Loredano (baixo) – o vilão político, representante da impiedade do sistema.

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sexta-feira, 6 de junho de 2025

Guilherme Tell -Sois immobile

Sois immobile" (Ato III)

Em português: "Fica imóvel"
(Tell ao filho antes de atirar a flecha na maçã)

  • Momento dramático e tenso.

  • Um exemplo de contenção emocional e intensidade.

  • Fala mais pela tensão do que por virtuosismo vocal.

  • Guilherme Tell foi forçado a atirar a seta na maçã para proteger a vida do seu filho — e, simbolicamente, para desafiar a autoridade opressora.

  • O governador austríaco Gessler impôs um decreto: todos os suíços deveriam curvar-se perante seu chapéu, colocado em público como símbolo de autoridade. Guilherme Tell, homem livre e orgulhoso, recusou-se a fazê-lo.

    Como punição, Gessler não o executou imediatamente. Em vez disso, impôs um castigo cruel:

    “Já que és tão hábil com o arco, irás provar: coloca uma maçã na cabeça do teu filho e acerta-a com uma única flecha. Se errares, ele morrerá.”

    aqui canta  Thomas Hampson

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Guilherme Tell-Asile héréditaire

A ópera Guilherme Tell (ou Guillaume Tell, no original francês) é uma obra-prima do compositor italiano Gioachino Rossini, estreada em 1829, na Ópera de Paris. É a última ópera que Rossini compôs — e uma das mais ambiciosas da sua carreira. A partir dela, ele praticamente se retirou do palco operático, embora tenha vivido por mais de três décadas depois.

Baseia-se na peça homônima de Friedrich Schiller, e conta a história lendária do herói suíço Guilherme Tell, símbolo da resistência à opressão austríaca no século XIV.

  • Ato I: Introdução bucólica e festiva. A Suíça vive sob o jugo austríaco. Tell recusa-se a se submeter.

  • Ato II: O amor entre Arnold (filho de um patriota suíço) e Mathilde (princesa austríaca) é um conflito político e emocional.

  • Ato III: A famosa cena da maçã: Tell é forçado a atirar uma flecha sobre a cabeça do próprio filho.

  • Ato IV: Os suíços se rebelam. Tell mata Gessler (o tirano austríaco) e a liberdade triunfa.



Asile héréditaire" (Ato IV)

Em português: "Asilo hereditário"

  • Uma das árias mais desafiadoras do repertório tenoril.

  • Repleta de passagens virtuosísticas e agudos até o Dó sustenido (C♯5).

  • Arnold canta seu amor à pátria e sua decisão de lutar por ela.

  • Rossini eleva o drama ao máximo com uma escrita lírica e heroica.

  • Aqui canta Bryan Hymel

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quinta-feira, 5 de junho de 2025

Airam Hernández

Airam Hernández é um tenor lírico espanhol natural de Tenerife, nas Ilhas Canárias, amplamente reconhecido pela sua versatilidade vocal e presença em palcos internacionais de ópera.

Hernández iniciou a sua formação musical como trompista no Conservatório de Tenerife, antes de se dedicar ao canto lírico. Concluiu os seus estudos vocais com distinção no Conservatori del Liceu, em Barcelona, onde também obteve dois mestrados em música. Posteriormente, integrou o Opera Studio e o Ensemble da Ópera de Zurique, onde participou em várias produções, incluindo Falstaff, La Traviata, Lucia di Lammermoor,

Destaca-se a sua participação na estreia mundial de Sardanapalo, de Franz Liszt, com a Staatskapelle Weimar, e no papel de Enrico Caruso em Caruso a Cuba, de Micha Hamel, na Dutch National Opera, performance que lhe valeu o Prémio Schaunard para Melhor Performance Individual nos Países Baixos.,

Aqui canta Salut! demeure chaste et pure dá ópera Fausto

Na ópera, esta ária aparece no Ato III. Faust, rejuvenescido pelo pacto com Méphistophélès, contempla a casa onde vive Marguerite, a jovem por quem se apaixonou.

Ele não a vê ainda — apenas o lugar que ela habita. A ária é um tributo à pureza, inocência e idealização do amor. Faust está tomado por uma admiração quase sagrada, e isso transparece em cada frase da música.

Salve! morada casta e pura,
Ó santuário, doce lembrança!

Quanta riqueza neste pobre abrigo!

Morada casta, ar puro, nobreza, silêncio… 

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terça-feira, 3 de junho de 2025

Giovanna d'Arco-O fatidica foresta

A ária “O fatidica foresta” é um dos momentos mais tocantes da ópera Giovanna d'Arco de Giuseppe Verdi — e talvez o mais revelador da alma de sua protagonista.

Essa ária surge no primeiro ato, quando Giovanna se encontra sozinha na floresta — um local sagrado e misterioso, onde ouve vozes celestiais que a convocam a cumprir uma missão divina.

Mas esse chamado não vem sem angústia: ela ama Carlo (o rei), mas sente que para cumprir seu destino precisa renunciar ao amor humano.

A atmosfera é de recolhimento, hesitação e elevação espiritual. Não é uma ária triunfante, mas sim confessional e repleta de conflito interior.

Ela começa com um recitativo sombrio, quase como uma oração:

"O fatidica foresta,
ove ignota a me la sorte
una voce mi svelò..."

“Ó floresta fatídica,
onde o destino, desconhecido para mim,
me revelou uma voz…”

Aqui, ela reconhece o lugar como sagrado e assombrado — o ponto onde o divino tocou sua alma.

“Dell’amor la fiamma io sento,
ma il mio cor la spegnerà.”

“Sinto a chama do amor,
mas meu coração a apagará.”

Aqui está a essência do dilema de Giovanna: amar e, ainda assim, escolher o sacrifício.

“O fatidica foresta” pode ser vista como o coração místico da ópera, onde Joana passa da menina sonhadora à enviada de Deus, ao custo de tudo que é humano nela.

É um momento que ressoa com quem já enfrentou um chamado maior, mesmo que isso custasse renúncia, solidão, ou amor perdido., aqui cant     

domingo, 1 de junho de 2025

Gianni Schicchi-Oh Buoso Buoso

Gianni Schicchi! Uma obra-prima cómica de Giacomo Puccini, estreada em 1918, que é a única comédia do compositor (faz parte do Trittico, junto com Il Tabarro e Suor Angelica). 

Baseada em um episódio da Divina Comédia de Dante, na parte do Inferno, conta a história do esperto e irreverente Gianni Schicchi, que, para ajudar a sua filha Lauretta e o jovem Rinuccio a casarem, engana uma família gananciosa, falsificando o testamento do recém-falecido Buoso Donati..

Gianni Schicchi não tem uma abertura tradicional, como as que encontramos nas óperas do século XIX. Em vez disso, a música começa imediatamente com uma introdução orquestral curta e enérgica 

Este começo dá o tom da ópera: engraçado, ligeiramente sombrio e profundamente teatral. O ouvinte é lançado diretamente no momento da morte de Buoso Donati, com a família já em luto fingido, pronta para se devorar por herança.      

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Gemma di Vergy-Chi mi accusa chi mi sgrida

 A ária “Chi mi accusa, chi mi sgrida” é,uma das páginas mais dramáticas e desafiadoras da ópera Gemma di Vergy de Donizetti.

  • Intérprete: Esta ária é cantada por Gemma, a protagonista, no Ato III da ópera. Ela é uma das peças centrais da obra, tanto pela dificuldade técnica como pela carga emocional.

  • Contexto dramático: Neste momento da trama, Gemma está num estado de desespero profundo. Ela foi traída pelo marido, que deseja repudiá-la para casar com outra, e se vê cercada por rumores e acusações. Esta ária é um verdadeiro grito de dor e revolta, no qual Gemma questiona quem a acusa e quem a julga, e lamenta sua posição humilhant

  • Esta ária é um ponto alto da ópera, onde a soprano dá tudo de si, tanto em termos técnicos quanto dramáticos.

  • Intérpretes lendárias como Montserrat Caballé (uma das grandes responsáveis pelo resgate desta obra) fizeram desta ária um verdadeiro cavalo de batalha, mostrando toda a expressividade possível.

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quarta-feira, 28 de maio de 2025

Flauta Mágica-Der Holle Rache

  • Essa ária é uma das mais famosas da história da ópera.

  • É cantada pela Rainha da Noite no segundo ato de A Flauta Mágica.

  • O título completo traduzido é algo como "A vingança do inferno ferve em meu coração".

    • A Rainha da Noite está furiosa porque sua filha, Pamina, se recusa a matar Sarastro, o sábio e líder do templo.

    • Nesse momento, a Rainha expressa sua ira e diz que se Pamina não obedecer, ela será deserdada e amaldiçoada para sempre.

    • A cena é de fúria extrema, e essa ária expressa essa raiva de forma intensa.

      A vingança do inferno ferve em meu coração

    • morte e desespero me envolvem!

    • Se por tua mão Sarastro não sofrer dores mortais,
      nunca mais serás minha filha.
      Serás deserdada para sempre,
      abandonada para sempre,
      despedaçados para sempre
      sejam todos os laços da natureza,
      se não fizeres Sarastro morrer!
      Ouçam, deuses da vingança, ouçam o juramento de uma mãe

  • ..

    Flauta Mágica-Abertura

    A Flauta Mágica (Die Zauberflöte) é uma das obras-primas de Wolfgang Amadeus Mozart

  • Composta por Wolfgang Amadeus Mozart (1756–1791), com libreto de Emanuel Schikaneder.

  • Estreou em 30 de setembro de 1791 em Viena 

    No decorrer da trama, descobrimos que Sarastro não é um vilão, mas um sábio que representa a luz e a razão, e que a Rainha da Noite representa as trevas e a ignorância.
    A ópera é cheia de simbolismos ligados à maçonaria, que era importante para Mozart e Schikaneder.
  • A história é uma fantasia alegórica e gira em torno do príncipe Tamino e do seu companheiro engraçado Papageno. Eles recebem a missão de resgatar a princesa Pamina, filha da Rainha da Noite, do suposto vilão Sarastro.
  • A música de Mozart em A Flauta Mágica é rica e diversificada, incluindo:

    • Arias virtuosas, como a famosa ária da Rainha da Noite (“Der Hölle Rache”), que exige coloratura extrema da soprano.

    • Melodias simples e populares, como as canções de Papageno, que são leves e cativantes.

    • Coroas majestosas e harmonias complexas, representando o templo de Sarastro e a ordem maçônica.

    • A presença de instrumentos simbólicos – especialmente a flauta mágica de Tamino e os sinos de Papageno, que têm poderes encantatórios.

    • Simbolismo e Temas

      • Luz vs. Trevas: O contraste entre Sarastro e a Rainha da Noite simboliza a razão contra a ignorância.

      • Iniciação e progresso moral: Tamino e Pamina passam por provas que simbolizam crescimento espiritual e moral.

      • Liberdade e igualdade: Temas caros à maçonaria e ao Iluminismo.

      • Humor e seriedade: Papageno traz comicidade, enquanto Tamino representa o herói nobre.


      Trechos famosos

      • Der Hölle Rache kocht in meinem Herzen” – ária da Rainha da Noite, cheia de fúria e virtuosismo.

      • Dies Bildnis ist bezaubernd schön” – a bela ária de Tamino ao ver o retrato de Pamina.

      • Ein Mädchen oder Weibchen” – canção de Papageno, leve e divertida.

      • Pa-Pa-Pa-Papageno!” – dueto engraçado entre Papageno e Papagena.

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    terça-feira, 27 de maio de 2025

    A Filha do Regimento-Ah mes amis quel jour de fete

    a ária “Ah! mes amis, quel jour de fête” da ópera La Fille du Régiment é um verdadeiro espetáculo vocal e uma das mais desafiadoras para tenores no repertório operístico! 🎶

    Esta ária ocorre no Ato I, quando Tonio, o jovem camponês apaixonado por Marie, expressa sua alegria e triunfo por ser aceito pelo regimento e, principalmente, por poder ficar junto de sua amada. É um momento de pura euforia e entusiasmo!

    A ária é famosa pelos nove dó agudos (dó5) que o tenor deve cantar. Esses high Cs são difíceis não só pela altura, mas porque aparecem em sequência e exigem grande resistência, controle e brilho vocal. Por isso, essa ária é um “cartão de visitas” para tenores com agudos fáceis e seguros.


    A melodia é leve e saltitante, com um caráter militar (refletindo o ambiente do regimento) e um toque cômico. O virtuosismo é equilibrado com uma musicalidade cativante e um brilho que faz o público vibrar.


    🎵 Frase marcante:
    "Ah! mes amis, quel jour de fête, je vais marcher sous vos drapeaux !"

    (“Ah! meus amigos, que dia de festa, vou marchar sob as vossas bandeiras!”)..Aqui canta o grande Alfredo  Kraus       

    segunda-feira, 26 de maio de 2025

    Fidélio-O welche Lust!

    "Fidelio" é a única ópera composta por Beethoven, estreada em 1805 e revisada várias vezes (as versões mais conhecidas são de 1806 e 1814). É uma ópera em dois atos, com libreto de Joseph Sonnleithner, depois revisado por Stephan von Breuning e Georg Friedrich Treitschke.

    🎭 Enredo
    A história é baseada na peça francesa "Léonore, ou L'amour conjugal" de Jean-Nicolas Bouilly, e conta a história de Leonore, que se disfarça de homem sob o nome de Fidelio para salvar seu marido, Florestan, preso injustamente por um tirano, o governador da prisão Pizarro. É uma ópera sobre o triunfo da justiça, do amor e da liberdade, muito alinhada com os ideais iluministas e revolucionários que Beethoven admirava.

    • É um hino à liberdade e à dignidade humana.

    • A música é profunda e poderosa, refletindo as ideias de Beethoven sobre justiça e humanidade.

    • Inclui o famoso Coro dos Prisioneiros ("O welche Lust!"), um dos momentos mais emocionantes da obra, em que os prisioneiros, libertos por um breve instante, cantam sobre a esperança e a liberdade.

    • Beethoven revisou a ópera várias vezes porque queria que ela transmitisse melhor a mensagem política e moral que tinha em mente.

    • A abertura mais conhecida é a Leonore nº 3, que Beethoven originalmente escreveu como abertura para a versão de 1806. É tão grandiosa que muitas vezes é tocada separadamente em concertos.

    • O final da ópera é um dos mais poderosos e triunfantes do repertório lírico, com um grandioso coro celebrando a vitória da justiça e do amor.

    Embora seja a única ópera de Beethoven, muitos a consideram uma espécie de "ópera de ideias", mais filosófica do que teatral, mas mesmo assim profundamente emocionante. Não tem o brilho cênico de um Mozart, mas tem uma força moral e musical inigualávei..

    quinta-feira, 22 de maio de 2025

    Faniska- Abertura

    Faniska, ópera em três atos de Luigi Cherubini, é uma obra menos conhecida do compositor italiano radicado na França, mas ainda assim relevante dentro do repertório operístico do início do século XIX. 


    Foi estreada em 1806 no Theater an der Wien, em Viena, com libreto em alemão de Joseph Sonnleithner, baseado na peça Les Mines de Pologne de René-Charles Guilbert de Pixérécourt.

    Cherubini escreveu Faniska numa época em que a ópera estava a transitar entre o Classicismo e o Romantismo. A obra apresenta uma influência clara de Beethoven — que, aliás, admirava Cherubini — e de Haydn, mas com uma orquestração mais dramática e densa, prenunciando o romantismo operístico alemão. A ópera é escrita no estilo rescue opera (ou "ópera de resgate"), um subgénero em que a heroína ou herói é libertado de um grande perigo — como ocorre também em Fidelio, de Beethoven, com quem Faniska tem semelhanças temáticas e estruturais.

    A história gira em torno de Faniska, uma mulher que é raptada por Zamoski, o governador tirânico de uma fortaleza polaca, e depois resgatada por seu marido Rasinski. O enredo envolve temas de amor conjugal, honra e liberdade, muito em linha com o espírito pós-revolucionário da época.

    A partitura apresenta momentos orquestrais vigorosos e cenas vocais exigentes. Cherubini mostra grande domínio do uso de instrumentos para criar tensão dramática — o que foi uma de suas marcas. Apesar disso, Faniska nunca alcançou o sucesso de Lodoïska, outra ópera de resgate do compositor, nem do impacto histórico de Fidelio, de Beethoven.

    Embora raramente encenada hoje, Faniska é uma peça importante para se compreender a evolução da ópera germânica e o papel de Cherubini como ponte entre Mozart e Beethoven de um lado, e Weber e Wagner do outro. A ópera também é notável pela sua estrutura dramática coesa e pelo desenvolvimento orquestral sofisticado.

    quarta-feira, 21 de maio de 2025

    Falstaff-Final

    Após uma série de troças e armadilhas preparadas contra Falstaff — que tenta cortejar duas mulheres casadas e acaba sendo ridicularizado repetidamente — todos os personagens se reúnem no parque de Windsor disfarçados, preparando um último embuste. Falstaff é levado a acreditar que está num encontro amoroso à meia-noite, mas logo é cercado por figuras fantasmagóricas e apavorado.

    Quando tudo é revelado, ele próprio ri de si mesmo, e todos os presentes riem juntos.A ópera termina com um dos momentos corais mais célebres de Verdi: uma fuga musical em estilo renascentista, onde todos os personagens cantam:

    “Tutto nel mondo è burla,
    L’uom è nato burlone.”

    (“Tudo no mundo é uma piada,
    O homem nasceu palhaço.”)

    Essa fuga é uma peça coral exuberante, polifônica e surpreendente — não apenas uma piada musical, mas uma reflexão profunda sobre a comédia da vida..

    FALSTAFF - Act 1, Scene 1

    A ópera "Falstaff" é uma obra-prima de Giuseppe Verdi, baseada em peças de William Shakespeare, especialmente As Alegres Comadres de Windsor (The Merry Wives of Windsor) e partes de Henrique IV. Estreou em 1893, no Teatro alla Scala, em Milão

    1. Última ópera de Verdi: Foi a despedida gloriosa do compositor, escrita aos 79 anos, coroando uma carreira dominada por tragédias (como La Traviata, Aida, Otello) com uma comédia leve e refinada.

    2. Musicalmente inovadora: Ao contrário das árias isoladas típicas da ópera italiana, Falstaff é contínua, fluente, quase sem "números" separados. A orquestra tem papel fundamental, quase comentando a ação como um personagem extra.

    3. Humor sofisticado: Não se trata de uma comédia burlesca, mas de uma sátira delicada sobre vaidade, amor e envelhecimento. Sir John Falstaff é ao mesmo tempo risível e melancólico, nobre e patético — um verdadeiro anti-herói shakespeariano.

    4. Final magistral: A ópera termina com o célebre fuga coral "Tutto nel mondo è burla" ("Tudo no mundo é uma piada"), em que todos os personagens cantam juntos que a vida é uma comédia — um fecho filosófico e espirituoso, à altura da inteligência de Shakespeare e da genialidade de Verdi.

      Falstaff, o personagem:

      • Um cavaleiro gordo, vaidoso, falido e sedutor fracassado.

      • Tenta conquistar duas mulheres casadas ao mesmo tempo (com cartas idênticas), mas é enganado por elas e humilhado repetidamente.

      • Apesar das desventuras, nunca perde o espírito, fazendo dele uma figura tragicômica e profundamente humana.

      • Falstaff não tem uma abertura no estilo clássico, como as longas aberturas instrumentais que Verdi usou em óperas como La Forza del Destino ou Nabucco. Em vez disso:

        • Começa diretamente com música orquestral enérgica, que já mergulha o ouvinte na cena do interior da taberna onde Falstaff está.

        • Esse início instrumental é muito curto e integrado à ação — é mais um "prelúdio teatral" do que uma abertura de concerto.

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    terça-feira, 20 de maio de 2025

    FRASQUITA-Schatz ich bitt dich komm heut

    Schatz, ich bitt’ dich, komm heut”, da opera Frasquita embora muitas vezes chamado de “dueto”, é na verdade cantado apenas por Armand em algumas versões. Em contextos encenados, pode haver resposta cênica de Frasquita (ou eco musical da orquestra que sugere diálogo), mas a linha vocal principal é do tenor

    Armand expressa desejo de encontro, implorando por um momento íntimo com Frasquita.

    Tudo está preparado

    Para um encontro
    À luz do candeeiro
    Quando o champanhe borbulha na taça
    E o cigarro brilha
    Sentes, ratinha,
    aqui canta Rudolf Schock

    Que estás em casa 

    FRASQUITA-Abertura

    Frasquita é uma ópera em três atos do compositor Franz Lehár, estreada em 1922, e embora não seja uma das obras mais conhecidas do autor — que é célebre por A Viúva Alegre — tem o seu charme dentro do repertório de opereta vienenseLehár compôs Frasquita numa fase mais madura da sua carreira, explorando melodias mais sofisticadas e influências da ópera italiana e do folclore espanhol.

    A história gira em torno de Frasquita, uma cantora cigana de espírito livre, e do seu amor com Armand, um homem nobre francês. O conflito principal prende-se com as barreiras sociais e culturais entre eles — um tema clássico na ópera e opereta. Há paixão, mal-entendidos, separações e reconciliações, culminando num final tipicamente feliz.

    • A partitura mistura o lirismo vienense com ritmos espanhóis (como fandangos e boleros), tentando criar um ambiente “exótico”.

    • A ária mais famosa é “Hör' ich Zigeunergeigen” (“Quando ouço os violinos ciganos”), um solo emotivo de Frasquita que tem sido cantado por sopranos de renome.

    • A música tem momentos de brilho, especialmente para soprano e tenor, mas também inclui danças e números de conjunto envolventes.

    • Apesar de não ter alcançado o sucesso estrondoso de outras obras de Lehár, Frasquita ainda é ocasionalmente encenada, sobretudo em casas de ópera da Europa Central.

    • É valorizada por sua riqueza melódica e o retrato sentimental de um amor proibido, muito ao gosto do romantismo tardio.

    ...

    sexta-feira, 16 de maio de 2025

    Enrico di Borgogna-Mentre mi brilli intorno

    A ária “Mentre mi brilli intorno” é, originalmente, cantada por Enrico, o protagonista masculino da ópera Enrico di Borgogna. Logo, foi composta para voz masculina, mais especificamente para tenor.

    Enrico está prestes a assumir o trono que lhe pertence. Neste momento, ele contempla com emoção e firmeza o futuro que se abre diante dele, sentindo o apoio do povo e a esperança de reconstruir um reino justo. A ária é, ao mesmo tempo, um momento de gratidão, esperança e solenidade.

    Enquanto me brilhas ao redor,
    ó esperança do meu povo,
    minh’alma se eleva em paz,
    enfim livre do passado sombrio


    No entanto — e aqui entra um detalhe importante da tradição operística — nas primeiras montagens e também em algumas reinterpretações modernas, o papel de Enrico foi (ou pode ser) interpretado por uma voz feminina (geralmente mezzo-soprano ou soprano), o que é chamado de "travesti" ou "trouser role" (papel de calças).


    aqui canta Anna Bonitatibus 

    quinta-feira, 15 de maio de 2025

    Emma d'Antiochia-In quest'ora fatale e temuta

    ..A ária “In quest’ora fatale e temuta” é um dos momentos mais intensos e emocionalmente carregados da ópera Emma d’Antiochia de Saverio Mercadante. Situada no Ato III, esta cena marca o clímax dramático da protagonista, Emma, que decide pôr fim à sua vida após uma série de tragédias pessoais.

    Neste ponto da ópera, Emma enfrenta as consequências devastadoras de um passado amoroso com Ruggiero, agora seu enteado. Após uma série de revelações e conflitos, ela opta pelo suicídio como forma de expiação e libertação.


    Ãqui canta Nelly Miricioiu

    segunda-feira, 12 de maio de 2025

    Elisabetta Regina d'Inghilterra-Quant'è grato all'alma mia

    A ária “Quant’è grato all’alma mia” é a primeira grande cavatina da personagem Elisabetta (soprano) na ópera Elisabetta, regina d’Inghilterra, de Gioachino Rossini. É um momento de alegria serena e amorosa, que se destaca por seu lirismo elegante e por apresentar a rainha sob uma luz mais íntima e feminina — em contraste com a autoridade rígida que ela demonstra mais adiante na obra.

    • Ocorre no Ato I, quando Elisabetta recebe Leicester de volta à corte.

    • Ela está emocionada com o reencontro e confessa, de forma contida mas apaixonada, o seu afeto por ele — ainda que o amor entre eles esteja envolto em formalidades e tensões políticas.

    • É uma ária que revela o lado mais humano e vulnerável da rainha, antes de os conflitos da ópera se intensificarem.


    • Escrita em forma de cavatina, ou seja, uma ária de entrada com caráter lírico e introspectivo.

    • Exige da soprano um legato refinado, controle de linha melódica e sensibilidade emocional — sem exageros dramáticos.

    • ornamentos leves, típicos de Rossini, mas a ênfase está na elegância e dignidade do canto.

    Quant’è grato all’alma mia
    Il poter che regna in cor!
    Torna all’oggetto amato,
    L’anima mia fedel.

    (Tradução livre:
    Quão grato é à minha alma
    o poder que reina no coração!
    Volta ao objeto amado,
    minha alma fiel.
    )

    Aqui canta Lella Cuberli

     

    Elisabetta Regina d'Inghilterra- Della cieca fortuna


    Da operaElisabetta Regina d'Inghilterra-Della cieca fortuna de Rossini

    a ária pertence ao protagonista masculino, o Conde de Leicester, e ocorre num momento em que ele se vê injustamente acusado de traição e teme o castigo da rainha que ama..

  • Leicester está sob intensa pressão: dividido entre seu amor por Matilde e sua lealdade à rainha Elisabetta.

  • Ele se sente à mercê de um destino cego e cruel — daí o tema da ária.

  • É um momento de sofrimento masculino profundo, raramente visto com tanta introspeção nas óperas da época.

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    domingo, 11 de maio de 2025

    Electra-Final

    O final da ópera Elektra de Richard Strauss é um dos mais intensos, brutais e delirantes de toda a história da ópera 

    Após Orestes executar a vingança — mata Egisto e Clitemnestra, os assassinos de Agamemnon —, Elektra finalmente vê o seu propósito realizado. Mas em vez de alívio ou redenção, ela entra num estado de exaltação maníaca.

    Ela canta, dança, gira, grita. Está possuída. Diz:

    “Orest! Orest! Orest ist da!”
    "Orestes! Orestes! Orestes está aqui!"

    E mais adiante:

    “Ich tanze, ich tanze...!”
    "Eu danço, eu danço!"

    Enquanto isso, Crisótemis, sua irmã mais "normal", a chama, tenta trazê-la de volta à realidade — mas é tarde demais.

    Elektra começa uma dança frenética — um tipo de ritual extático. Essa dança não é mostrada literalmente no libreto como coreografia, mas sim como um símbolo da liberação e da destruição. A música acompanha esse surto com uma orquestração selvagem, pulsante, atonal e crescente.

    No auge desse transe, Elektra colapsa e morre — exaurida, consumida pelo seu próprio ódio e desejo de vingança. O libretista Hofmannsthal escreveu esse final como uma espécie de agonia transcendental: Elektra morre, mas com a sensação de missão cumprida.

    São de Crisótemis, que, aterrorizada, clama:

    “Elektra! Schwester! / Elektra!”
    “Elektra! Irmã! Elektra!”

    Mas não há resposta.,

    aqui cantam Elektra: Hildegarde Behrens

    Chrysothemis: Deborah Voigt     

    Electra-Allein! Weh Ganz Allein!

    A ópera Elektra (1909) de Richard Strauss é uma das obras mais intensas, viscerais e revolucionárias do repertório operístico do século XX. Com libreto de Hugo von Hofmannsthal, baseado na tragédia grega de Sófocles, a obra marca um ponto de viragem no expressionismo musical e na própria escrita operística de Strauss.

    • Elektra centra-se na figura de uma mulher obcecada pela vingança da morte de seu pai Agamemnon, assassinado por sua mãe Clitemnestra e o amante Egisto.

    • Ao contrário de outras versões mais equilibradas da tragédia, Strauss e Hofmannsthal exploram o lado psicológico extremo, quase neurótico, da protagonista.

    • A Elektra da ópera é uma figura atormentada, trágica e ao mesmo tempo poderosa, que carrega o drama inteiro nas costas. Há um peso psicológico comparável ao que viria mais tarde nas heroínas de Berg (Lulu, Wozzeck)

    • Personagens marcantes
    • Elektra: uma das mais exigentes personagens femininas da ópera, tanto vocal quanto dramaticamente.

    • Clitemnestra: retratada como decadente, paranoica e perturbada.

    • Crisótemis: contraponto a Elektra, representa o desejo de uma vida normal.

    • Orestes: mais reservado, mas simboliza a realização da vingança.lektra não tem uma abertura tradicional.

      A ópera começa abruptamente, com um ataque orquestral violento, um acorde dissonante e brutal — conhecido como o “acorde de Elektra” — que mergulha imediatamente o ouvinte no universo psicológico e tenso da protagonista. Em vez de uma introdução sinfónica que prepara o clima, Strauss opta por começar in medias res, como se o espectador já estivesse no meio de um pesadelo.

      Esse início direto e cortante é coerente com o expressionismo da obra: tudo é extremo, sem filtros, sem transições suaves. A música e o drama explodem juntos, e a personagem de Elektra entra em cena logo a seguir, quase gritando seu monólogo inicial (“Allein! Weh, ganz allein”).

      Sozinha! Ai, completamente sozinha.

      • Como um cadáver que foi enterrado vivo,
    • aqui jazigo e espero."



    • A partir daí, Elektra desenvolve:

      • A sensação de estar presa e morta em vida, ignorada por todos no palácio.

      • O peso da memória do pai, Agamemnon, cuja morte ela não consegue superar.

      • A imagem do pai é quase sagrada para ela: ela o invoca, o vê em visões, e sonha com o momento em que o vingará.

      • Ela repete rituais mentais, andando em círculos, falando sozinha, como se fosse um animal enjaulado.

      • alucinação, obsessão e desespero, mas também um tipo de força quase sobrenatural que sustenta sua missão de vingança.

    sábado, 10 de maio de 2025

    El Cid-Final

    final de "Le Cid" é muito interessante porque, diferentemente de muitas tragédias operísticas, não termina em morte ou desespero, mas sim com um triunfo heroico e uma reconciliação – ainda que cheia de tensões emocionais.

    Depois de liderar o exército castelhano e vencer os mouros na batalha, Rodrigue (El Cid) retorna como herói nacional. Sua coragem e vitória militar restauram sua honra diante do rei e do povo.

    • Chimène, ainda obrigada por seu dever filial, insiste publicamente que ele seja punido pela morte do pai dela.

    • Mas, no fundo, ela ainda o ama – sua exigência de justiça já não tem mais força emocional.

    • rei Fernando (Rei de Castela) intervém: elogia a bravura de Rodrigue e oferece a mão de Chimène como recompensa pelo heroísmo.

    • Chimène, emocionada e dividida, aceita o casamento, mas não sem demonstrar que sua felicidade está manchada pela dor passada.

    A ópera termina com uma nota de reconciliação e triunfo público, enquanto as multidões celebram Rodrigue como o grande defensor da Espanha.


    • aqui cantam Alagna e Uria Monzon