A ópera I due Foscari (Os Dois Foscari) é uma das obras mais sombrias e intensamente trágicas de Giuseppe Verdi, composta em 1844, baseada em um drama de Lord Byron. É a sexta ópera de Verdi e marca um momento de maturação expressiva e emocional em sua carreira, mesmo ainda dentro da estética do bel canto tardio.
⚖️ Enredo em resumo
Ambientada na Veneza do século XV, a ópera gira em torno de dois personagens históricos:
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Francesco Foscari, o idoso doge de Veneza (o mais alto magistrado da República),
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E seu filho, Jacopo Foscari, acusado de traição e exilado injustamente.
A tensão central é o conflito entre o dever de Estado e os laços de sangue. Francesco, como Doge, é obrigado a sancionar o exílio de seu próprio filho, mesmo sabendo que ele é inocente. Jacopo, por sua vez, definha física e psicologicamente sob a injustiça, enquanto sua esposa Lucrezia Contarini luta desesperadamente para salvar o marido.
Temas centrais
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A impiedade da política,
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A tragédia familiar,
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O sofrimento silencioso do poder,
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A decadência moral sob a aparência da honra republicana.
Características musicais
Verdi aqui começa a mostrar traços de sua força dramática madura:
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Orquestração mais sombria e dramática, com uso expressivo de metais e cordas graves.
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Árias e ensembles densos, carregados de pathos. Por exemplo:
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A ária de Jacopo: "È sogno? o realtà?" é um dos momentos mais emocionantes da ópera, retratando seu desespero e confusão.
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Lucrezia tem momentos de brilho vocal heroico, à semelhança de outras heroínas verdianas (como Abigaille ou Elvira).
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O Doge, Francesco, canta a magnífica e trágica "Questa è dunque la giustizia?" — lamento profundo de um pai e magistrado ao mesmo tempo.
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Personagens principais
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Francesco Foscari (barítono) – símbolo da impotência moral diante do poder.
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Jacopo Foscari (tenor) – mártir político e emocional.
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Lucrezia Contarini (soprano) – figura forte e passional, que antecipa muitas das grandes heroínas de Verdi.
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Loredano (baixo) – o vilão político, representante da impiedade do sistema.
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