Foi apresentada pela primeira vez na Salle Garnier, Monte Carlo, em 4 de março de 1913. A peça é dedicada a Camille Saint-Saëns
.Diferente de muitos compositores franceses da sua geração, Fauré nunca se sentiu muito atraído pelo teatro lírico; só compôs esta única ópera, e mesmo assim já na sua maturidade. Eis alguns pontos de destaque:
Contexto
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Composta entre 1907 e 1912, estreou em Monte Carlo em 1913 (com Lucienne Bréval no papel principal).
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O libreto é de René Fauchois e baseia-se na Odisseia, focando-se na personagem de Penélope, esposa de Ulisses, que espera durante vinte anos o regresso do marido após a guerra de Troia.
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É a primeira ópera a sério de Fauré, que até então escrevera apenas música de câmara, canções e obras corais.
Estilo e estética
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Não segue o modelo grandioso de Wagner nem o exotismo de Massenet ou Saint-Saëns; é uma obra intimista, refinada, com grande ênfase no tecido harmônico e no colorido orquestral.
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A orquestração é subtil, transparente, nunca esmagadora.
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A voz é tratada com elegância, num estilo quase declamado, que lembra por vezes Debussy (Pelléas et Mélisande, de 1902), embora com a linguagem harmónica mais clara e serena de Fauré.
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É uma ópera de clima interior e psicológico, mais do que de ação dramática.
Enredo (resumido)
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A ação decorre em Ítaca, durante a ausência de Ulisses.
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Penélope resiste aos insistentes pretendentes que querem casar-se com ela, mantendo a esperança do regresso do herói.
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O clímax dá-se com o regresso disfarçado de Ulisses, o reconhecimento entre os dois e a vitória final sobre os pretendentes.
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Mais que ação épica, o libreto destaca a fidelidade, o amor e a força moral de Penélope.
Recepção
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A estreia teve boa acolhida, mas a obra não se fixou no repertório.
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É considerada hoje uma ópera “de culto”, admirada pela sua beleza refinada, mas raramente representada.
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Em termos históricos, é vista como uma espécie de irmã discreta do Pelléas de Debussy, partilhando o espírito simbolista e introspectivo.
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