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sexta-feira, 3 de novembro de 2023

A Donzela de Orleans-Abertura

A Donzela de Orleans é uma ópera em 4 atos, 6 cenas, de Pyotr Ilyich Tchaikovsky. Foi composta durante 1878-1879 com um libreto russo do compositor, baseado em várias fontes: e a biografia de Joana d'Arc, de Henri Wallon. Dedicada ao maestro Eduard Nápravník, esta obra representa a maior aproximação do compositor à grande ópera francesa, ainda que em língua russa, nomeadamente com a inclusão de um ballet no segundo acto. A estreia mundial foi dada em 25 de fevereiro de 1881

 Ela foi composta entre 1880 e 1881 e é baseada na vida de Joana d'Arc, a heroína francesa que, guiada por visões divinas, levou os exércitos franceses a vitórias decisivas durante a Guerra dos Cem Anos. A obra é uma das mais ambiciosas do compositor, mas, infelizmente, nunca foi particularmente popular ou bem-sucedida durante a sua vida.

Contexto e Estrutura

A ópera foi inspirada na peça de teatro de Friedrich Schiller, Die Jungfrau von Orleans (A Donzela de Orleans), que já havia abordado a história de Joana d'Arc de forma romântica e dramática. Tchaikovsky, que na época já era conhecido por sua habilidade em criar melodias cativantes e dramáticas, começou a trabalhar na ópera após um convite da Companhia de Ópera Imperial de Moscovo, que estava procurando uma obra nova para estrear na temporada de 1881.

A ópera é escrita em quatro atos e segue a vida de Joana, sua luta pelo seu país e sua trágica morte. No entanto, ela é mais uma interpretação artística e emocional da sua história, com a figura de Joana sendo idealizada e romantizada, em vez de uma recriação histórica exata.

Principais Características e Temas

  1. Melodia e Orquestração: Como é típico de Tchaikovsky, a ópera é rica em melodias marcantes e em orquestração expressiva. A música captura tanto os momentos de grande heroísmo de Joana quanto os momentos de introspecção e dúvida. A obra possui passagens orquestrais vibrantes e emotivas que acentuam as tensões dramáticas da trama.

  2. Personagens e Drama: A protagonista, Joana, é retratada como uma jovem idealista e devotada à sua causa, mas também como alguém que enfrenta dúvidas pessoais e uma luta interna em relação ao destino e sua fé. A ópera não a apresenta apenas como uma heroína militar, mas também como uma figura vulnerável e humana. Além de Joana, a ópera apresenta personagens como Carlos VII, o rei francês, e Láon, o cavaleiro que se apaixona por Joana.

  3. O Uso do Coro: O coro tem um papel importante na ópera, ajudando a criar a atmosfera de massiva comoção popular, e também nas cenas de batalha. A música coral de Tchaikovsky é frequentemente usada para transmitir a unidade de uma nação em guerra ou os momentos de tensão em que Joana tenta provar a sua santidade e papel divino.

  4. Atragédia e Morte: No final da ópera, Joana é capturada pelos ingleses, julgada por heresia e condenada à morte. A tragédia de sua execução é tratada de forma emotiva e poderosa, com uma melodia cheia de desespero e aceitação do seu destino, destacando a grandeza do sacrifício pessoal.

Recepção e Legado

A estreia de A Donzela de Orleans ocorreu em 1881 e, embora a obra tenha sido bem recebida em termos de apreciação musical, ela não teve um grande sucesso de público. A ópera foi vista como difícil de entender e seu estilo dramático e a complexidade emocional da personagem principal não ressoaram amplamente no público da época.

Após a sua estreia, A Donzela de Orleans foi retirada de circulação durante grande parte da vida de Tchaikovsky. A obra foi revisada e reexibida em algumas ocasiões, mas nunca se tornou parte do repertório central das grandes casas de ópera. O fato de o libreto ser considerado complexo e não muito acessível também contribuiu para a falta de popularidade da peça.

Ainda assim, A Donzela de Orleans é apreciada por alguns estudiosos e músicos devido à sua grande profundidade emocional e as grandes qualidades orquestrais. A ópera, com seu caráter romântico e a maneira única de Tchaikovsky abordar a psicologia da protagonista, continua a ser considerada uma das obras mais intrigantes do repertório do compositor.

Conclusão

Em resumo, "A Donzela de Orleans" é uma ópera que, embora não tenha alcançado o mesmo sucesso de outras obras de Tchaikovsky como Eugene Onegin ou o Lago dos Cisnes, é uma peça de grande beleza e riqueza emocional. Ela mostra a habilidade do compositor em lidar com temas complexos e dramáticos, e sua capacidade de criar uma música profundamente tocante que reflete a luta interior e a tragédia de Joana d'Arc. Embora menos conhecida, é uma obra que vale a pena ser descoberta por aqueles que apreciam a música de Tchaikovsky e o romantismo operístico.

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