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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Kathryn Harries

Kathryn Harries nasceu a 15 de fevereiro de 1951 (hoje com 70 anos), em Hampton no Reino Unido

 Aqui canta de Troianos de Berlioz a Morte de Didoa ária “A morte de Dido” (em francês, “Adieu, fière cité” e a célebre cena final “Je vais mourir”) faz parte da monumental ópera Les Troyens (Os Troianos), composta por Hector Berlioz entre 1856 e 1858. É um dos momentos mais grandiosos e trágicos de toda a ópera francesa do século XIX.

Contexto na ópera

Les Troyens baseia-se na Eneida de Virgílio, em especial nos Livros II e IV. A ópera é dividida em duas partes:

  1. La Prise de Troie – A queda de Troia.

  2. Les Troyens à Carthage – O encontro entre Eneias (Énée) e Dido (Didon), rainha de Cartago.

A cena da morte de Dido ocorre no ato V, na segunda parte. Eneias recebe ordens dos deuses para abandonar Cartago e partir rumo à Itália, onde fundará Roma. Dido, profundamente apaixonada e traída, não suporta a partida do herói. 

A Ária Final de Dido

A cena é extensa e multifacetada; pode ser dividida em três trechos principais:

  1. “Adieu, fière cité”

    • Dido despede-se de Cartago — “Adeus, orgulhosa cidade”.

    • É uma passagem nobre e melancólica, em tom quase ritual. A orquestra acompanha com solenidade, evocando o destino trágico que ela pressente para a sua cidade e para si própria.

    • Berlioz usa harmonias amplas e linhas vocais longas, que sublinham a realeza ferida da personagem.

  2. “Je vais mourir”

    • A ária central, de intensa carga emocional: Dido prepara-se para a morte.

    • A música mistura resignação e paixão; a linha vocal sobe em frases longas, cheias de cromatismos, refletindo a luta interna entre amor e destino.

    • A orquestra torna-se mais íntima e transparente — cordas delicadas, madeiras que ecoam as palavras de Dido, criando uma atmosfera quase suspensa.

  3. A maldição e a imolação

    • Num impulso final, Dido profere uma maldição contra Eneias e seus descendentes:

      “Que Cartago e Roma sejam inimigas eternas!”

    • Aqui, Berlioz liberta toda a força da orquestra — metais e percussão irrompem, numa antecipação musical das Guerras Púnicas.

    • Dido então se apunhala sobre a pira funerária erguida para Eneias e morre enquanto o coro e a orquestra atingem um clímax grandioso.

    • A cena termina com um lamento coral de beleza solene e terrível.

Importância musical

  • Esta cena é considerada o equivalente francês à morte de Isolda (Wagner) ou à morte de Dido de Purcell, mas com o idioma musical romântico orquestral característico de Berlioz.

  • A escrita vocal para Dido é nobre e lírica, exigindo uma mezzo-soprano ou soprano dramática com grande extensão e capacidade expressiva.

  • A orquestra desempenha um papel psicológico profundo: traduz os estados de alma da rainha com cores orquestrais riquíssimas.

Curiosidades

  • A estreia completa de Les Troyens só ocorreu quase 40 anos após a morte de Berlioz; ele nunca viu a sua obra monumental representada integralmente.

  • A cena da morte de Dido foi um dos trechos mais elogiados por compositores posteriores, incluindo Wagner e Verdi.

  • Hoje, é um dos momentos mais emocionantes do repertório lírico francês.

 

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