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terça-feira, 23 de setembro de 2008

Simão Bocanegra-Orfanella il tetto umile

Que maravilha este dueto, cantado há 30 anos no Scala sob a direcção de Abbado

O dueto "Simão Bocanegra - Orfanella, il tetto umile" faz parte da ópera Simão Bocanegra, de Giuseppe Verdi, que foi estreada em 1857. Este dueto ocorre no segundo ato da ópera, entre o protagonista, Simão Bocanegra, e a jovem Orfanella, que é a filha perdida de Bocanegra, que ele acaba de reconhecer como sua filha.

A cena em questão é de grande delicadeza emocional. Orfanella, que é uma jovem nobre de origem humilde, se vê frente a frente com o pai, um homem que, por conta da sua posição política e da vida que levou, está distante de uma relação familiar convencional. O dueto reflete o encontro de duas figuras que compartilham um vínculo sanguíneo, mas que, ao mesmo tempo, estão imersas em circunstâncias muito diferentes, o que torna o momento profundamente comovente.

O texto "il tetto umile" pode ser traduzido como "o teto humilde", referindo-se à modesta condição em que Orfanella vive, o que cria um contraste com a nobreza de seu pai, o Doge de Gênova, e com as intrigas políticas que o cercam. A letra do dueto exalta, de maneira poética, o contraste entre as dificuldades da vida de Orfanella e a promessa de proteção e amor que ela encontra ao lado de seu pai, Simão Bocanegra. Ao mesmo tempo, a música de Verdi nesta cena é cheia de nuances emocionais e dinâmicas, acompanhando a tensão entre o passado e o presente, a reconciliação e a perda.

A combinação de uma melodia simples e sublime, junto com a carga emocional da letra e o contexto dramático, torna esse dueto uma das partes mais tocantes da ópera. A forma como Verdi utiliza a orquestração para apoiar as vozes e criar uma atmosfera de intimidade e sofrimento é uma das características que fazem dessa obra uma das mais profundas de seu repertório.

Em resumo, "Simão Bocanegra - Orfanella, il tetto umile" é uma peça profundamente emocional e rica, refletindo a habilidade de Verdi em criar personagens complexos e relações familiares que vão além da mera narrativa operática, explorando o sofrimento humano e a busca por um sentido de pertencimento e reconciliação.



Simão Bocanegra-Come in quest'ora bruna

A cavatina que Mirella Freni aqui canta, é do primeiro acto da ópera Simão Bocanegra, interpretando o papel de Amélia, filha ilegítima de Simão.

Amélia recorda a sua infância, recordando uma anciã que vivia numa pequena cabana e ela promete nunca deixar que a vida faustosa no palácio a façam esquecer esse seu passado humilde.

Gravado no Teatro Scala em 1978 orquestra dirigida por Abbada

Come in quest'ora bruna
Sorridon gli astri e il mare!
Come s'unisce, o luna,
All'onda il tuo chiaror!
Amante amplesso pare
Di due verginei cor!

Ma gli astri e la marina
Che pingono alla mente
Dell'orfana meschina?...
La notte atra, crudel,
Quando la pia morente
Sclamò: ti guardi il ciel.

O altero ostel, soggiorno
Di stirpe ancor più altera,
Il tetto disadorno
Non obliai per te!...
Solo in tua pompa austera
Amor sorride a me..
(È giorno)
S'inalba il ciel, ma l'amoroso canto
Non s'ode ancora!...
Ei mi terge.ogni dì, come l'aurora
La rugiada dei fior, del ciglio il pianto.