“Uma das mais espontâneas, irreprimíveis, prolongadas e vibrantes ovações que alguma vez se ouviram no Coliseu, num espectáculo de ópera, premiou, na terça-feira, uma cantora portuguesa: Elizette Bayan. Tudo quanto pode alcançar-se de superlativo na “cena da loucura”, em agilidade vocal e representação, foi conseguido por Elizette Bayan duma maneira espantosa.
O público que enchia o Coliseu, maravilhado e surpreso, reteve dificilmente o seu entusiasmo e explodiu numa ovação colossal.
As palmas e os bravos demoraram longos minutos e acenderam-se as luzes de honra da sala, onde têm actuado tantas das maiores figuras da ópera.
Nada de mais justo! Cantar e representar assim só está ao alcance duma grande cantora – e grande cantora está Elizette Bayan. Esta “Lucia” constitui um marco importante e talvez decisivo na sua carreira. Já não estamos perante uma promessa, a “Lucia” do Trindade, centro de artistas – cantores que um crime de lesa cultura riscou do espaço operático português, mas sim diante do que é uma certeza absoluta: Elizette Bayan pode pedir meças a qualquer “Lucia” actual e figurar sem desdouro nos elencos dos grandes teatros de ópera.
As palmas de Alfredo Kraus não as entendemos apenas como um gesto de camaradagem e simpatia, mas principalmente como o reconhecimento de quem está habilitado como poucos a apreciar e a distinguir. “Um caso notável” disse o famoso tenor espanhol! É o melhor e mais autorizado cumprimento que Elizette Bayan podia receber.”*
Estas palavras foram escritas por Fernando Pires, no “Diário de Notícias” de 20 de Maio de 1977, relativamente a uma “Lucia de Lammermoor” apresentada no Coliseu.
E depois delas, penso não ter nada mais a acrescentar sobre Elizette Bayan, uma grande cantora portuguesa, hoje praticamente esquecida, como é uso e mau costume entre nós.
(* Fonte do texto e fotografia: Mário Moreau: “Cantores de Ópera Portugueses”, Terceiro Volume, pag.873
Isto é verdade eu estava lá
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