Esta ópera foi classificada inicialmente, como ópera buffa, só porque contém alguns elementos de comédia, não habituais nas óperas "sérias" do bel-canto.
A começar pela papel do protagonista Nemorimo, um tanto parvo, simplório e ignorante.
Contudo alguns elementos característicos da ópera buffa, não estão caracterizados nesta ópera.
Nemorino não tem criado para casar com a criada confidente da protagonista.
Adina a protagonista casadoira, não têm pai.
Ela própria é independente , rica perfeitamente apta a resolver os seus problemas quer financeiros quer matrimoniais.
O militar fanfarrão típico da opera buffa, está aqui representado pelo sargento Belcore, rival de Nemorimo, com um papel mais importante do que naquele tipo de óperas.
O próprio ambiente rural em que se desenrola esta ópera afasta-a do cénico urbanismo buffo.
Enfim, alguns detalhes que culminam na diferença inevitável na opera buffa dos casamentos múltiplos, contudo problema esse já simplificado desde Rossini.
A esta ópera está associada á morte de Caruso, que adorava cantar esta ópera tanto assim que em Dezembro de 1920, cantava em Nova Iorque no Metropolitan a representação número 604, no papel de Nemorino, quando subitamente em pleno palco teve um ataque de tosse que lhe provocou uma hemorragia.
Foi o primeiro sinal do seu fim, que viria a acontecer em Nápoles, poucos meses mais tarde, cantando o papel que mais gostava, numa ópera que contribuiu para que ainda hoje se mantenha interessante.
A acção passa-se numa pequena aldeia no País Basco.
Adina é dona de tudo quanto se vê em cena, e os segadores, são seus empregados, que descansam sob uma grande árvore, refugiando-se dos ardores do sol.
Boa fazendeira, á moda antiga, (muito antiga digo eu) não se preocupa com a produtividade dos seus empregados, ocupando-se da leitura de um romance.
A ópera começa com breves compassos de tom cómico, que são seguidos por um tema mais dramático em que os instrumentos de corda acompanham a flauta.
O tema do coro acompanhado pela criada Giannetta, serve de introdução ao primeiro acto, cantando
Doce consolo para o segador
Quando o sol está mais ardente
é sob uma faia ao pé duma colina
repousar e respirar
O vivo ardor do meio-dia
ameniza a sombra e o rio
mas o amor ardente
nem rio nem sombra podem acalmar.
Afortunado o segador
que dele se pode guardar
Segue-se a primeira intervenção de Nemorino, a sua cavantina onde se descobre o carácter desta personagem, é uma passagem de grande beleza onde a sua inquietação amorosa é evidenciada.
Nemorino está à beira do desespero, pois o casamento de Adina com o sargento Belcore, está anunciado e mais do que isso, foi antecipado para a tarde daquele mesmo dia.
Nemorino canta
Como é bela e adorável
Quanto mais a vejo, mais gosto dela,
Mas a essa coração não sou capaz
de inspirar o menor afecto
Ela lê, estuda, aprende
Para ela não há coisa desconhecida
Eu sou um idiota
que não sabe mais do que suspirar
Quem me iluminará a mente ?
Quem me ensinará a fazer-me amar ?
Canta Rolando Villazón
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