O trio final do Ato V de Les Huguenots é o ápice emocional e musical da ópera — uma das cenas mais sublimes da grand opéra francesa. É onde Meyerbeer concentra toda a tragédia, fé e humanidade dos protagonistas diante da violência implacável da história.
Contexto dramático
Estamos em plena Noite de São Bartolomeu (1572).
Os católicos estão a massacrar os huguenotes nas ruas de Paris.
No último ato:
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Raoul (huguenote) descobre a conspiração e tenta salvar seus correligionários.
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Valentine (católica) finalmente se une a Raoul por amor, desafiando o pai.
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Marcel, o velho servo protestante, assume quase um papel de pastor e mártir.
Presos na igreja cercada por soldados católicos, os três estão sem escapatória.
O trio é muitas vezes chamado de:
“Jéhovah, Dieu puissant”
("Jeová, Deus poderoso" — trecho-chave do texto cantado)
É um trio de oração e resignação, onde os três protagonistas, conscientes da morte iminente, se reconciliam, se perdoam, se amam e entregam-se à fé.
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Musicalmente, é de um lirismo intenso, com harmonias pungentes, orquestração contida e um uso quase coral das vozes.
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As vozes se entrelaçam num clima de transcendência.
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Marcel abençoa o casal, que finalmente se une... no momento da morte.
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Os três são assassinados (fora de cena ou no momento final).
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A música termina com um acorde sombrio, sem triunfalismo — apenas a dor serena da fé inabalável.
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