Ariadne auf Naxos (1912, revisada em 1916)
-
Libreto de Hugo von Hofmannsthal (o parceiro genial de Strauss).
-
A ópera mistura ópera séria (opera seria) com comédia burlesca, algo extremamente ousado para a época.
-
A ideia central é que, por capricho de um rico anfitrião, duas companhias — uma trágica e uma cômica — devem apresentar suas obras simultaneamente. O resultado: uma mistura surpreendente, às vezes absurda, e no fim... belíssima.
É uma ópera que reflete sobre a própria arte da ópera, sobre o papel do artista e da mulher, sobre o amor idealizado e o amor vivido. Ariadne, abandonada por Teseu, espera a morte — e entra em cena Zerbinetta, a personagem bufonesca, trazendo leveza, razão prática e uma visão mais “moderna” do amor.
🎭 A Ária de Zerbinetta — “Grossmächtige Prinzessin”
Aqui está um dos maiores desafios do repertório de soprano coloratura.
-
É brilhante, cheia de fioriture, trilos, escalas rápidas e saltos de oitava. Mas além da técnica, ela exige teatro: humor, perspicácia, charme.
-
Zerbinetta, com seu ar espirituoso e cínico, tenta convencer Ariadne de que o amor é mutável. Que Teseu foi só um, e que sempre virá outro — como aconteceu com ela tantas vezes.
-
A ária tem uma extensão vocal imensa e é estruturada quase como uma miniatura de ópera dentro da ópera. Tem trechos ágeis, cadências quase improvisadas e um final pirotécnico.
🌟
-
Strauss escreve para a voz feminina com um virtuosismo único, como se pintasse em vidro colorido: frágil e deslumbrante.
-
Zerbinetta não é apenas a alívio cômico: ela representa uma visão moderna da mulher, em contraste com o idealismo romântico e sofrido de Ariadne.
-
A ária é brilhante, mas também irônica. Debaixo das coloraturas há uma mensagem sobre a liberdade feminina e o direito de amar — e deixar de amar — como quiser.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário