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quinta-feira, 3 de julho de 2025

La sonnambula-Ah! non credea mirarti

"Ah! non credea mirarti" é o coração lírico e emocional de La sonnambula, uma das mais belas e intensas do repertório do bel canto. É um momento de doçura resignada, de tristeza elegante, onde Amina canta à flor da alma, sem exageros dramáticos — mas com melancolia sincera.

Contexto dramático

Essa ária acontece no final da ópera, quando Amina, ainda incompreendida por todos, vê o seu noivado com Elvino desfeito por causa de seu sonambulismo — que ele confundiu com infidelidade. Sozinha, ela encontra a flor murcha que Elvino lhe havia dado e canta olhando para ela, como se fosse o símbolo do amor perdido.

Texto (em italiano e português)

Italiano:

Ah! non credea mirarti
Sì presto estinto, o fiore;
Passasti al par d'amore,
Che un giorno sol durò.

Potria novel vigore
Il pianto mio recarti...
Ma ravvivar l'amore
Il pianto mio non può.


Tradução:

Ah! não pensei ver-te
tão cedo murcha, ó flor;
passaste como o amor,
que apenas um dia durou.

Talvez nova força
meu pranto te pudesse dar...
mas reavivar o amor,
meu pranto já não pode.

Sentido da ária

  • Lamento contido: Amina não grita, não acusa. Ela aceita a dor, com a delicadeza de quem ama profundamente.

  • Flor como metáfora: A flor murcha é símbolo do amor que parece ter morrido. A esperança é frágil, como pétalas.

  • Renúncia e impotência: Mesmo que o choro possa devolver a vida à flor, não pode trazer de volta o amor perdido.

Características musicais

  • Andamento lento, com fraseado legatíssimo e respiração delicada.

  • A linha vocal exige grande controle e nuance emocional.

  • Não é uma ária de bravura, mas de expressividade sutil e sublime.

  • O uso de meia voz, pianissimi, e rubato é essencial para comunicar a fragilidade do momento.

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  • Bellini gostava tanto dessa melodia que mandou gravá-la em sua própria lápide, com os versos “Ah! non credea mirarti…”

Aqui canta Natalie Dessay

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La sonnambula-Abertura

.La sonnambula de Vincenzo Bellini é uma joia do bel canto — delicada, lírica e emocionalmente refinada. 

Resumo da obra

  • Compositor: Vincenzo Bellini

  • Libretista: Felice Romani

  • Estreia: 1831, Teatro Carcano (Milão)

  • Gênero: Ópera semiseria em dois atos

  • Ambientação: Uma aldeia suíça, com um clima bucólico

  • Língua: Italiano

Protagonista: Amina

Amina é uma jovem pura e doce, prestes a se casar com Elvino. No entanto, um episódio de sonambulismo — mal compreendido pelos aldeões — faz com que sua virtude seja questionada. No fim, tudo se esclarece, e o amor triunfa.

O estilo da ópera

  • Bel canto puro: Bellini é mestre em escrever linhas vocais longas e líricas.

  • Melodia constante: Quase flutua — é como se a música fosse feita para embalar o ouvinte num sonho.

  • Pouco drama orquestral: O foco é a voz, principalmente da soprano (Amina) e do tenor (Elvino).

  • Expressividade contida: Em vez de explosões emocionais, há uma delicadeza contínua.

Momentos notáveis

  • "Come per me sereno" – Amina expressa sua alegria no início.

  • "Ah! non credea mirarti" – Uma das mais sublimes árias de Bellini, com dor e esperança entrelaçadas.

  • "Ah! non giunge uman pensiero" – O grandioso final, tecnicamente difícil, cheio de agilidade vocal.

Por que é especial?

  • Mostra a inocência ameaçada, mas não corrompida.

  • Explora o tema do mal-entendido, sem recorrer a vilões reais.

  • A música de Bellini "canta sozinha", mesmo sem grandes efeitos dramáticos.

  • É um exemplo clássico da ópera semiseria: há um momento de crise, mas o desfecho é feliz.