A voz
A voz de Siepi era aquilo que muitos chamam de baixo verdadeiro:
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timbre escuro,
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homogéneo em toda a extensão,
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grave profundo porém nunca pesado,
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uma linha de canto limpa e fluida,
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dicção impecável.
Tinha também uma musicalidade aristocrática, que o distinguia de baixos mais “brutais” ou caricaturais.
O Don Giovanni lendário
Para muitos, o Don Giovanni de Mozart interpretado por Cesare Siepi é o maior do século XX.
Por quê?
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Ele cantava o papel como um verdadeiro nobre sedutor, não como um fanfarrão.
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Movia-se no palco com subtileza e elegância.
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A voz transmitia tanto charme quanto ameaça.
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O “Deh, vieni alla finestra” com ele tornou-se emblemático — uma serenata dita quase ao ouvido do público.
A sua parceria com grandes maestros (Karl Böhm, Josef Krips, Erich Kleiber) ajudou a cimentar essa reputação.
O grande baixo italiano
Para além de Mozart, Siepi brilhou no grande repertório italiano:
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Filippo II (Don Carlo): interpretação de referência pela dignidade melancólica do personagem;
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Fiesco (Simon Boccanegra): profundo e comovente;
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Basilio (Il barbiere di Siviglia): ironia contida e elegante;
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Zaccaria, Méphistophélès, Colline, entre muitos outros.
Era um cantor capaz de unir peso e beleza de timbre, o que o colocava numa categoria raríssima.
Carreira internacional
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Estreou no Teatro alla Scala aos 18 anos, ainda adolescente.
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Foi presença constante no Metropolitan Opera durante mais de 20 anos.
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Atuou em praticamente todos os grandes palcos: Viena, Salzburgo, Londres, Paris, São Francisco…
Seu carisma fazia dele não só um grande cantor, mas também um ator de presença magnética.
A tradição que deixou
Cesare Siepi é frequentemente citado como:
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um dos últimos baixos “de escola italiana” com som amplo e apoio impecável;
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modelo de estilo no canto mozartiano;
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referência para baixos posteriores como Ruggero Raimondi, Ferruccio Furlanetto e René Pape.
Aqui canta La ci darem la mano ,com a minha adorada Mirella Frenida ópera Don Giovanni
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